Menor Abandonado
Ei, você aí!
Dê-me um trocado,
Tenho fome
E meu corpo está cansado.
Minh ’alma está ferida,
Minha vida é sofrida
Sou um ser banalizado,
Sou um menor abandonado.
O meu futuro é incerto
Não sei, decerto,
Para onde seguir.
Minha família esfacelou-se
Minha Nação me esqueceu,
De mim, todos fogem,
Virei um problema, só meu.
Fugi da escola,
Agora cheiro cola
Conheci um tal “crack”
Mas, que não joga bola.
Todos me julgam
Olham-me atravessado
Não tenho pai e nem mãe,
Vivo sozinho, e escorraçado.
Não sou culpado,
Sou vítima da ausência do Estado,
Como ser um alguém
Se o meu país deixa-me aquém?
Ouvi dizer que sou o futuro
Mas meu presente é excludente,
Indecente e cruel
Obscuro...