A FOZ DO RIO MEARIM - "BOCA DO RIO"

23/12/2012 18:56

PESCARIA NA "BOCA DO RIO" MEARIM.

O curso inferior no rio Mearim é rico em pescado, peixes de várias espécies e tamamhos podem, ainda, mesmo que minguando ano a ano, ser encontrados nesse trecho do Mearim. Espécies como o surubim, bagre, gurijuba (peixe que o professor Adenildo está segurando na foto), mandí, mandubé, tubajara, além de peixes escamados como a pescada e a pirapema.

Semanalmente, vários igarités - pequena embarcação típica dessa região - singram o rio em direção a sua foz, para fazer pescaria comercial. Os pescadores chegam a passar até dez dias pescando. Conseguem encher, em média, 12 caixas de pescado por pescaria. Todo esse pescado é vendido em Arari, Vitória do Mearim, ou exportado para a capital do estado, São Luís.

Durante a expedição científica à "Boca do Rio" Mearim, encontrou-se vários pescadores. Conversamos com muitos deles com o intuito de saber mais sobre sua profissão, e depois aproveitamos para comprar peixes que tinha acabado de serem pescados. Os pescadores nos disseram que a quantidade de pescado está menor e o tempo que levam pescando está mais longo, devido a escassez de peixe. Um fato lamentável é que os pescadores ao deixarem o rio, deixam uma grande quantidade de lixo em suas margens.

 

O PROBLEMA DAS QUEIMADAS NA "BOCA" DO RIO MEARIM.

O fogo foi uma descoberta incrível feita pelo homem no período Neolítico, mas, mal utilizado, causa catástrofes na agricultura, as matas, aos parques ambientais, aos biomas e demais ecossistemas. É um problema que ocorre de forma constante e muitas vezes irresponsável, que requer um combate duro por parte das autoridades. É preciso haver um trabalho intenso e contínuo de sensibilização contra o uso do fogo.

Em verificações feitas in loco na 'Boca" do Rio Mearim, observou-se que as queimadas são um problema sério e que coloca em risco aquele ecossistema. A mata ciliar (vegetação que margeia o rio Mearim) sofre a ação do fogo. Os pecuáristas e os pequenos agricultores  da região usam o fogo para prepararem o solo para o plantio de capim e de roças, sem nenhuma orientação técnica de manejo das queimadas.

Infelizmente esse método ainda é largamente usado na limpeza de áreas destinadas à lavouras ou às pastagens. O impacto ambiental que a utilização descontrolada das queimadas causam é de preocupar, pois o fogo é voraz, e quando foge do controle causa estragos sem precedentes. O que é pior: o fogo afeta diretamente  a físico-química e a biologia do solo, prejudica a qualidade do ar, provocando assim a desertificação da área. Além de eliminar a bodiversidade. A boca do rio está com seu ecossistema ameaçado, tanto pelas queimadas, quando pela falta de visão de futuro e preservação do homem ribeirinho e das autoridades, principalmente.


EROSÃO MARGINAL DO RIO MEARIM EM SEU CURSO INFERIOR.

Um problema grave que diagnosticou-se na "boca do rio" Mearim foi o acelerado processo de erosão das suas margens (direita e esquerda). A erosão é o desgaste do solo ocasionado pela água corrente contínua. Por encontrar-se em uma região propícia a ações erosivas, o baixo Mearim, parte do rio próximo a foz, está, continuamente, tendo seus barrancos destruídos. A pororoca, que na "boca do rio" é muito forte, contribue significativamente para  o desmoronamento dos barrancos que ladeiam o caudaloso, por enquanto, Mearim. As queimadas irregulares, a criação sem manejo sustentável de búfalos, e o desmatamento da mata ciliar deixam o solo desprotegido, facilitando a erosão marginal do curso inferior do rio Meraim. Em alguns trechos já observa-se voçorocas, um estágio avançado do fenômeno da erosão. A imagem acima é um registro da erosão marginal da "boca do rio".

 
 

A CRIAÇÃO DE BÚFALOS E OS SEUS IMPACTOS SÓCIOAMBIENTAIS

A Microrregião da Baixada Maranhense é uma área formada por terras baixas, que, durante o inverno ficam inundadas e lamacentas, um verdadeiro pântano. Esse cenário favoreceu a criação de búfalos que, na década de 1960, foi incentivada pelos governos Federal e Estadual. Tal iniciativa foi feita com o intuito de desenvolver a economia da Baixada, só que, devido a falta de manejo adequado para realizar a criação, essa atividade virou um grande problema, e os animais veem mudando, de forma catastrófica, a paisagem natural da Baixada Maranhense. Além de causar impactos no meio ambiente, a presença do búfalo nos campos inundáveis provoca um grande conflito social. O búfalo destrói tudo por onde ele passa, causando a erosão e a desertificação do solo, polui os lagos e igarapéis, dizimam a fauna ictiológica, pois eles permanecem a maior parte do tempo dentro d'água. Suas fezes e urina matam os peixes e contaminam a água. Inúmeras famílias baixadeiras estão sofrendo com a criação descontrolada do búfalo.

 

MORADIA TÍPICA DOS POVOADOS RIBEIRINHOS DA "BOCA DO RIO"

 

O baixo curso do rio Mearim passa por uma região muito baixa, propícia a alagamentos durante o período de cheias. Para se protegerem das inundações do período chuvoso, os moradores ribeirinhos constroem suas habitações de jirau, feito com toras de tucum, carnaúba, palmeira de babaçú ou de juçara. O jirau fica suspenso a uma altura que não seja atingido pelas águas das periódicas inundações. A hibitações são sustentadas por uma substrutura de esteios especiais, com trocos de palmeiras, e as escadinhas  servem de ponto de desembarque, quando, durante a cheia, a curiosa moradia insulada, suspensa sobre as águas, só se torna acessível a canoas e igaratés. A imagem da moradia acima foi tirada no povoado Tabocal, um povoado arariense que fica localizado às margens do rio Mearim, próximo a "Boca do Rio".