RESENHA

 JOSÉ SILVESTRE FERNANDES E A BAIXADA MARANHENSE

 

                          

FERNANDES, José Silvestre. Baixada Maranhense. Boletim Geográfico. Ano V. Nº 53. Agosto de 1947.

Eis que em 1° de agosto de 1889, no povoado Rabela, em Arari-MA, nasceu José Silvestre Fernandes. Geógrafo de notável saber. Foi professor catedrático de Geografia no afamado Colégio Pedro II, do Rio de janeiro. Na área da Geografia, Silvestre Fernandes publicou quatro obras, a saber: “Os Sambaquis do Noroeste Maranhense”, “O Assoreamento da Costa Leste Maranhense”, “Os Semi-Deltas do Noroeste Maranhense” e o estudo sobre a “Baixada Maranhense”.

Seus trabalhos foram publicados em dois dos mais importantes periódicos do Brasil, o Boletim Geográfico e a Revista Brasileira de Geografia, ambos pertencentes ao Conselho Nacional de Geografia (CNG), ligados ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nestes veículos de divulgação científica, grandes geógrafos brasileiros e estrangeiros também escreviam. Dentre eles, destacamos: Milton Santos, Pierre Deffontaines, geógrafo francês, que muito contribuiu com o desenvolvimento da Ciência Geográfica no Brasil, inclusive foi ele que fundou a cadeira de Geografia na Universidade de São Paulo, em 1935; Josué de Castro, Raimundo Lopes, Raja Gabaglia, Aroldo de Azevedo, Aziz Ab’sáber, dentre outros renomados geógrafos.

Decerto, ao lado de Raimundo Lopes, outro grande nome da Geografia maranhense e brasileira, Silvestre Fernandes se destacou no cenário geográfico brasileiro. Seu primoroso trabalho “Baixada Maranhense”, que iremos examinar neste breve ensaio, serviu como referência a outros autores que dedicaram-se a estudar a Amazônia, a Pré-Amazônia e o Estado do Maranhão, geograficamente. Por exemplo, na obra “Amazônia: do discurso à práxis”, Aziz Ab’sáber faz várias citações dos trabalhos de Silvestre Fernandes, “Baixada Maranhense” e “Os Semiodeltas do Noroeste do Maranhão”. Do mesmo modo, Roberto Galvão, em trabalho publicado em 1955, na Revista Brasileira de Geografia, intitulado “Introdução ao Conhecimento da Área Maranhense Abrangida pelo Plano de Valorização da Amazônia”, também utiliza “Baixada Maranhense” em várias citações no seu prestimoso texto. Reconhecendo o mérito e o notável saber geográfico de Silvestre Fernandes, o também geógrafo, Raja Gabaglia, grande autoridade da Geografia brasileira, após ler o trabalho “Os Semi-deltas do Noroeste do Maranhão” teceu grandes elogios a Silvestre Fernandes, classificando a obra de: “incomparável, impressionante e dedicada”.

Silvestre Fernandes integrou o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), onde tomou posse no dia 29 de novembro de 1948. Neste Sodalício, assumiu a cadeira patroneada por Antonio Enes de Sousa. Foi membro do Diretório Regional de Geografia no Estado do Maranhão, onde estreou o periódico desta instituição publicando o seu trabalho “Baixada Maranhense”, em 1947. José Silvestre Fernandes faleceu em 1971, no Rio de Janeiro, aos oitenta e dois anos de idade.

Pesquisando na biblioteca eletrônica do IBGE, encontramos o Boletim Geográfico nº 53, ano V, de agosto de 1947, onde também fora publicado o artigo científico “Baixada Maranhense”, do nosso eminente geógrafo José Silvestre Fernandes. Em treze páginas, ele discorre sobre os aspectos geológicos, fisiográficos, topográficos, botânicos e humanos desta singular região do Estado do Maranhão: Baixada Maranhense. Logo, o autor é nativo da região. Conhecia muito bem do assunto. Desta forma, teve capacidades para relatar minuciosamente a região. Passamos, doravante, a examinar este magnífico trabalho. Hoje, na verdade, um documento de suma importância para nós, habitantes nativos da Baixada Maranhense. Diga-se de passagem que, por tratar-se de um trabalho ligado à Geografia Física, ele continua atual nos aspectos físicos, apesar do seu caráter histórico, como mencionei acima.

Na primeira parte do estudo, Silvestre Fernandes enfoca a estrutura geológica do Estado como um todo, dando ênfase, obviamente, à Baixada. “Plataformas continentais de mares permianos, triássicos ou cretáceos, emergindo e tornando a entrar no banho tépido das águas, chocaram milhões de seres caprichosos, representantes da fauna e flora exaltadas de tão remotas eras”. Segundo ele, “os campos da Baixada maranhense estende-se ao sul e sudoeste do Golfão, abrangendo os cursos inferiores do Itapecuru, Mearim, Grajaú, Pindaré, médio Turi-Açu e Pericumã. Nessa região, “constituem ampla concha que, progressivamente, se reduz. No texto, Fernandes relata sobre a variedade de fósseis encontrados em Alcântara, na Ilha de Livramento, Porto Franco, Carolina, Balsas, Brejo, Codó e na Ilha de São Luís. Para embasar seus argumentos geológicos, ele cita inúmeras vezes o Prof. Llewllyn Ivor Price, grande paleontólogo gaúcho. Ivor Price é considerado como o “Pai da Paleontologia no Brasil”.

De acordo com o nosso autor, um vasto lago se formara nas terras baixadeiras como a proteger as terras altas da chapada. Isso teria ocorrido devido a influências da Cordilheira do Andes. “A cordilheira andina, famoso geossinclinal entulnado de sedimentação abissal, vinha lutando para ganhar equilíbrio. Agita-se, estremece, para, afinal, produzir alterações profundas nas terras da antiga Gonduana”. Durante todo este ínterim, de acordo com Fernandes, “neste tempo, o Mearim, Grajaú e Pindaré eram miseráveis ribeiros que ensaiavam os primeiros passos, abrindo tipicamente seus leitos em terras já abandonadas por aquelas agitadas águas”. O autor refere-se às águas que se agitavam com os “mergulhos” que a Cordilheira dos Andes dava no Pacífico.

Para explicar a formação do boqueirão que originou a Baía de São Marcos assim como a Baía de São José e o estuário do Mearim, nosso geógrafo escreveu: “A água do lago e as fortes correntes oceânicas do Atlântico, como dois potentes aríetes, por outro lado continuaram a bater sem esmorecimento as terras que as separavam”. E continua: “E tanto o fizeram que, certa vez, entre as barreiras do Icatu e o costão de Alcântara, a muralha cedeu e a massa líquida de água doce se confraternizou com o oceano. Assim deve ter começado o boqueirão, que hoje, mui alargado, põe em comunicação a baía de São Marcos com o estuário propriamente dito do Mearim. E do mesmo modo aconteceu com a Baía de São José”.

Após a ruptura colossal, as águas desceram de nível. “O Mearim e seus companheiros de jornada experimentaram melhores oportunidades. A terra fresca convidava-os a passeios mais largos. Aceitando o convite, rasgam-lhe o ventre ainda virgem e abrem suas calhas que divagam a formar meandros”. Os companheiros de jornada do Mearim seria, o Grajaú, o Pindaré, o Turiaçu e o Pericumã, sobretudo.

Citando Raimundo Lopes, notável geógrafo maranhense, Fernandes destaca que “é, sem dúvida, em torno do Golfo que mais se estende a Baixada maranhense, formando os vastos campos aluviais, salpintados de lagos em rosários”.

Na época em que o trabalho foi escrito, segunda metade da década de 1940, a Baixada maranhense era composta pelo seguintes municípios, conforme nos diz Silvestre Fernandes: Pinheiro, São Bento, Peri-Mirim, Cajapió, São Vicente de Férrer, Viana, Penalva, Monção, Pindaré-Mirim, Baixo Mearim, Arari, Anajatuba, Rosário, Itapecuru, Vargem Grande, Icatu e Santa Helena.

Nosso autor faz algumas indagações pertinentes sobre os critérios de regionalização da Baixada. Segundo ele, se levassem em conta os critérios fisiográficos a região teria uma outra divisão. Assim, ele diz: “Se Santa Helena faz parte da Baixada, com os seus campos chamados de chapadas e largos trechos de terras inundadas do alto Turi, como separar os municípios de Arari, Baixo Mearim, Monção e Pindaré-Mirim, que se integram nas extensas zonas dos campos baixos, tesos e matas de ourela, formada de babaçuais”? Para Fernandes, Santa Helena “estaria melhor classificada na zona do Noroeste, a verdadeira hiléia maranhense”. Bem, sabe-se que atualmente há uma outra subdivisão da Baixada Maranhense. Todavia, ainda existem distorções, obviamente. Até porque não há como se ter homogeneidade. Cada lugar acaba por possuir as suas peculiaridades.

Silvestre Fernandes fala da diversidade lagunar da Baixada. Cita os lagos mais expoentes. Assim, claro, não deixa de citar os nossos lagos ararienses. Diz: “em Arari e Anajatuba, ficam os lagos Morte, cujo sangradouro é o Igarapé Nema; Laguinho, Muquila; Jaburu, Açutinga e outros”. Fernandes não deixa de relatar a prática de tapagem em lagos e igarapés, que, ainda hoje, é recorrente. Fala da variedade da vegetação lacustre: mururu (Pontederia cordata), arroz bravo, andrequicé, canaranas, pariobas, aningas, algodão bravo, mata-pasto; “a vegetação limnófila é abundantíssima”.

Sobre os aterrados, um tipo de sedimentação pantanosa, comum na Baixada, escreveu: “Em certas enseadas, tais formações se desenvolvem e, muitas vezes, preparam temerosas armadilhas aos animais pesados. Quando se consolidam passam à categoria de aterrados que promovem o progressivo levantamento daquelas conchas”. E complementa: “Debaixo dessa trama formada pela vegetação lacustre, fica sempre um lôdo de consistência vária, onde se alojam jejus, traíras, tamboatás (Callichthys callichthys), que é o nosso conhecido tamatá; o muçum (Lepidosirem paradoxos), o puraquê, que é o peixe elétrico (Electrophorus electricus) e caricídios diversos. A cangapara de longo pescoço (Hydraspis hilarii), a campinima de cabeça tarjada de riscas vermelhas e muçuãs estão ali no seu elemento predileto”.

A fauna lacustre idêntica em toda a região é numerosa. Dominam em geral os peixes de opérculos, os “ctnobrânquios abdominais”. Além dos peixes, há quelônios, sucuris e jacarés. “Do fundo das enseadas, surgem capivaras e lontras”. “Grande quantidade de aves ribeirinhas e lacustres: patos, marrecas, arapapás, maguaris, meuás, taquiris, mergulhões, socós, garças brancas e morenas, jaburus, jaçanãs (Parra jaçanã), japeçocas, carões”.

Nas últimas páginas de Baixada Maranhense, José Silvestre Fernandes faz um estudo do quadro humano da região em muitos dos seus aspectos. Assim, ele verifica “que o homem vive do mesmo modo às margens do lago Açu ou nos campos baixos de Pericumã; nos tesos do Arari, nas chapadas de Pinheiro ou nos campos enxutos de Cajapió”. O homem baixadeiro extrai carnaúba no estuário do Mearim; na mancha dos cocais, quebra babaçu; lavra a terra e faz a farinha seca ou d’água, colhe arroz, milho, algodão, fava, feijão, aproveitando para isso os intervalos da pesca ou pastoreio.

Como a pesca é uma atividade imanente ao homem da Baixada, Silvestre Fernandes enfoca esta atividade com muita argúcia. Cita os diversos processos que o homem utiliza na captura dos peixes na região: tapagem, choque ou socó, munzuá, anzol, tarrafa, rede, mitra, pescaria de mão. Como a pescaria de tapagem é comum praticamente em toda a região da Baixada maranhense, Fernandes se atém sobre este tipo de pesca. A seguir transcreveremos na íntegra o que ele escreveu a cerca deste tipo endêmico de pesca:

“A pesca de tapagem é interessante e muito farta. Nos igarapés que funcionam como sangradouros, em certa altura de seu curso, levanta-se uma cerca com talos de pindoba ou varas comuns, estendidas de uma a outra margem. Junto a essa tapagem, à montante, fincam-se dois jiraus, que são os pesqueiros do “canto”, como, vulgarmente, lhes chamam os pescadores. Os peixes, que sentem as águas do campo diminuírem, procuram os igarapés com o objetivo de ganharem os rios principais. Reúnem-se em cardumes numerosos. Retidos afinal pela armadilha que previamente foi preparada, são pescados com facilidade. Em geral, essas tapagens são públicas e muitos pescadores se servem delas. O primeiro a chegar toma lugar no “canto” e tem primazia na pesca. No leito do igarapé, costumam deixar cair uma pindoba aberta, para em contraste com o lôdo escuro, melhor serem destacados os cardumes. O “canteiro”, pescador que se coloca no jirau já referido, assim que percebe a afluência do peixe junto ao cercado assobia, dando o sinal convencionado. Lança, presto, sua tarrafa e os outros o acompanham. Por esse modo, apanha-se todo o peixe por acaso ali existente. Depois de duas ou três tarrafadas, voltam à calma. Ninguém conversa para não espantar o peixe. Em posição atenta, aguardam-se novas oportunidades. É notável a quantidade de pescado nesse período do ano (maio a junho) em quase todos os igarapés da zona. Tal gênero de pescaria é mais abundante à noite. Há ocasiões em que somente chegam à tapagem curimatás. Em outras já se pegam bagrinhos, também chamados capadinhos ou anojados (Pygidium brasileiense); acarás, piaus, mandis dourados e saborosos, etc. Não raro, porém, o peixe falha um ou dois dias atemorizado pela intensa perseguição dos pescadores”

 

Após elucidar formidavelmente sobre a pescaria na Baixada, nosso eminente geógrafo passa a enfocar a caça na zona. Fala sobre as formas que o homem da região utiliza para capturar aves e quelônios, sobretudo. Daí, enfoca com maestria a vida na região. Os tipos de habitação. “A habitação do homem na Baixada é típica e não sofre alteração de um lugar para outro”. Silvestre relata a vida dos vaqueiros. Sua lida no campo, nos retiros. Morando em casa-jiraus. Fala das constantes mudanças do gados para lugres diferentes nas épocas de cheias e de seca. Em um dos trechos diz: “A criação dos campos de Arari, que inverna nos tesos locais, transfere-se no verão para os campos de Arari-Açu, Longá e margens do Grajaú na zona dos lagos Verde, Itãs, Novo, Açu, etc”. Fala do flagelo da febre aftosa e dos prejuízos causados aos pecuaristas. Agora imagine, caro leitor, hoje, com a vacinação ainda há a assombração da aftosa, imagine nos tempos da década de 1940.

Como professor que era, Silvestre Fernandes não esqueceu de frisar a importância da educação, principalmente a educação rural. Pois, o homem da Baixada desperdiçava, àquela época, o leite que produzia. Ele relata sobre a pouca higiene empregada no processo de ordenha, na fabricação de queijo, manteiga de garrafa e coalhada. Desse modo, diz: “Em verdade, é um problema que tem sido relegado a um plano inferior, o da educação rural de nossa gente. Não há escolas que eduquem. Temos escolas de simples alfabetização, sem finalidade outra que possa orientar, no sentido utilitário, as nossas populações rurais. Precisamos, para consertar essas cousas e melhor norteá-las, de assistência técnico-pedagógica e sistema educacional adequado.

José Silvestre Fernandes encerra o seu trabalho apresentando um quadro com dados sobre a população e a extensão territorial dos municípios que, segundo ele, poderiam ser incluídos na Baixada Maranhense. No referido quadro, Arari apresentava, à época, uma população de 12.265 habitantes e uma superfície de 316 quilômetros quadrados.

 

 

 

              

ARARI:  RELIGIÃO EM NÚMEROS

Em Arari, a pluralidade religiosa é premente. No município, sobretudo nos últimos dez anos, cresceu bastante o número de igrejas ligadas ao Protestantismo. Contudo, o Catolicismo ainda detém expressiva quantidade de fiéis ararienses.

Pesquisando no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE -, pus-me a analisar os dados sobre os aspectos ligados à preferência religiosa da população de Arari. Segundo o IBGE, de acordo com o último Censo Demográfico, realizado em 2010, o número de católicos ararienses era de 23.127 pessoas. Deste total, 11.901 são homens e 11.226 são mulheres.

Em relação ao número de pessoas que seguem o Protestantismo era de 4.304. Desta quantidade, 1.778 são homens e 2.526 são mulheres. Os fiéis ligados à corrente protestante, dividem-se, assim, nas seguintes Igrejas Evangélicas: Assembleia de Deus possuía, em 2010, 3.109 pessoas; Igreja Adventista do Sétimo Dia, 330 pessoas; A Igreja Batista, 341 pessoas; Igreja do Evangelho Quadrangular, 186 adeptos; Igreja Universal do Reino de Deus, 139; Testemunhas de Jeová, 120 adeptos; Congregação Cristã do Brasil, 12 adeptos.

Segundo o IBGE, durante o mesmo Censo, 2010, 23 pessoas não souberam responder a qual religião pertenciam. Outras 892 pessoas se denominaram sem religião. E 16 entrevistados disseram que eram Ateus. Bem, sabe-se que atualmente estes números mudaram, certamente. Até porque, também segundo o IBGE, em 2016 o número da população estimada é de 29.297 habitantes. Em 2010, de acordo com o Censo Demográfico, o número da população arariense era de 28.488 habitantes. Desse modo, vamos aguardar o próximo Censo para vermos os novos dados a respeito dos aspectos populacionais do município.

 

REFERÊNCIA

IBGE, Censo demográfico 2010. Disponível em:  Acesso em 31/10/2016.

SINGRANDO O NEMA, RUMO AO LAGO DA MORTE

                

Na manhã de domingo do dia 24 de abril de 2016, fizemos um épico passeio, de canoa, pelo Igarapé do Nema, indo até o lendário e exuberante Lago da Morte. No passeio, fui acompanhado pelo eminente escritor João Francisco Batalha, sua esposa, a encantadora Celeste Batalha; e Marinaldo Chaves, que nos conduziu em sua canoa, impulsionada por um motor de rabeta.

Às 6h30min daquela ensolarada manhã, partimos do porto em frente à Igreja Matriz. Singramos o pequeno trecho do Mearim, adentramos o Nema, que, naquele período, corria bastante. No porto próximo ao antigo Matadouro, o nosso guia, Marinaldo, achou por bem trocarmos de canoa. Pois, segundo ele, o igarapé corria demais e seria necessário embarcarmos em uma canoa maior para fazermos o trajeto até o Lago da Morte em segurança. Foi uma decisão acertada e prudente. Poucos metros após deixarmos o porto onde mudamos de canoa, houve um imprevisto, na verdade um grande susto. Devido às fortes corredeiras do Nena, Marinaldo perdeu o controle da embarcação, e esta foi em direção à vegetação marginal. João Batalha, que encontrava-se sentado à frente da canoa, foi jogado contra a densa vegetação, e a canoa por pouco não virou. João, demonstrando destreza, jogou o corpo para trás, deitou no fundo da embarcação. Foi um grande susto. Mas ficou tudo bem.

Após o incidente, Marinaldo, sentindo-se culpado, desculpou-se e disse que ia seguir bem devagar para evitar outros contratempos. O certo é que o ocorrido rendeu longas gargalhadas depois que passou [risos]. Continuamos o passeio. João Batalha e eu não deixamos de fotografar nada: as habitações ribeirinhas, a mata ciliar, os plantios à beira do igarapé, pássaros, as embarcações transeuntes, os jirais de talos confeccionados pelos pescadores, cachos de titara e marajá... Todos nós, sobretudo João Batalha, Dona Celeste e eu, estávamos extasiados em refazer aquele percurso, no período das cheias, até o Lago da Morte, singrando o prestimoso Igarapé do Nema.

Após 30 minutos de viagem pelo Nema, descortina-se, aos nossos olhos, o belo Lago da Morte. Cheio. Esplendoroso. Um verdadeiro berçário de aves piscívoras. Não economizamos nas fotos. Fomos até uma residência de uma família amiga que mora em uma pequena piçarreira no Lago. Aportamos. Conversamos com os moradores. Apreciamos a vista maravilhosa. Tiramos fotos e, em seguida, nos despedimos e continuamos o passeio.

                        

                   

Ao longe, avistamos um pequeno rancho de pescadores. Fomos conferir se haviam pescado algo. Infelizmente, nada ainda. Às 9h30min, voltamos para o Nema para retornarmos a Arari. Na volta, paramos para pegar uns viçosos cachos de titara. Degustamos vários caroços do endêmico e saboroso fruto. Tudo nos levava de volta ao passado, à infância-adolescência. E cada coisa que víamos rendia uma bela história. As lembranças vinham à tona com facilidade. Foi mais que um passeio, foi um resgate histórico. Resgate de um tempo em que vivíamos no Nema, tirando dele o nosso sustento. Outrora, fazíamos o trajeto Nena-Lago da Morte várias vezes por semana. O Nema e o Lago da Morte sempre foram imanentes às nossas vidas. E sempre serão. Reviver foi bom demais. 

          

O HISTÓRICO PRÉDIO DA CAPITANIA DOS PORTOS DE ARARI

Durante o período áureo da navegação no Rio Mearim, Arari se destacaU no Estado do Maranhão como um importante entreposto. Em nossa cidade, diariamente, aportavam dezenas de embarcações. Embarcações que singravam o Mearim vindas de várias outros municípios e povoações maranhenses com destino à capital, São Luís. Transportavam passageiros e mercadorias. Esse intenso tráfego de lanchas e batelões, fez com que o Ministério da Marinha construísse, em Arari, um prédio da Capitania dos Portos, na década de 1950. Durante vários anos, funcionou na cidade de Arari “a Agência da Capitania do Portos do Maranhão, com jurisdição em toda a extensão dos rios Mearim, Grajaú, Flores, Corda e seus afluentes” (BATALHA, 2014, p. 319).

Com o fim da navegação fluvial, a Capitania deixou de atuar em Arari. Desse modo, o prédio passou a abrigar a Prefeitura Municipal. No final da década de 1980, o então prefeito Leão Santos Neto, constrói um novo prédio para abrigar a Prefeitura Municipal de Arari. Assim, o prédio da Capitania ficou desocupado e inutilizado por muitos anos. Doado ao município, o prédio da Capitania passou por adaptações e, no início dos anos 2000, foi instalada uma agência avançada do INSS no local. Esta agência foi de curta duração. Passado mais uns anos, em 2013, o prefeito Djalma Melo mandou fazer novas reformas e adaptações no histórico prédio, e instalou o Quartel da Guarda Municipal de Arari.

O antigo prédio da Capitania dos Portos possuía uma bela arquitetura. Essa arquitetura bem que poderia ter sido preservada, pois faz parte do patrimônio arquitetônico arariense. Aquela bela estrutura está viva na memória de muitos de nós, que conhecemos o prédio. Já os ararienses mais novos, só poderão conhecer esse belo legado histórico, através de fotos como a publicada acima deste texto.

 

                                             REFERÊNCIA

BATALHA, João Francisco. Um Passeio Pela História de Arari. 2ª edição. 360° Editora: São Luís, 2014.

             

 A BACIA HIDROGRÁFICA DO MEARIM

A Bacia hidrográfica do rio Mearim, com aproximadamente 99.000 Km², está totalmente inserida no território do Estado do Maranhão, correspondendo a pouco menos do 30 % do território estadual. Os principais rios que compõem a bacia são o próprio Mearim, o rio Pindaré, rio Grajaú, rio Das Flores e o rio Corda. O rio Mearim tem suas nascentes nas encostas setentrionais da Serra da Menina, em altitudes de 400 a 500 m aproximadamente, e numa latitude de 06º 59' S, com curso total de aproximadamente 930 km. O rio Pindaré principal, afluente do rio Mearim, nasce nas elevações que formam o divisor entre as bacias hidrográficas dos rios Mearim e Tocantins, nas proximidades da cidade de Amarante do Maranhão em cotas da ordem de 300 metros e deságua no rio Mearim, próximo da foz do mesmo na baía de São Marcos. Seu percurso total é de aproximadamente 720 km, sendo navegável no trecho compreendido entre a sua foz no km 41 do rio Mearim até a foz do rio Buriticupu no km 456.

Outro importante rio é o Das Flores, no qual em 1987 se executou a barragem do Rio Flores na região de Presidente Dutra, barragem esta iniciada em 1983, para aproveitamento energético, controle de enchentes da bacia do Mearim e implantação do polo hidroagrícola do Flores. Vale destacar a existência de projeto do Governo do Estado para a recuperação da barragem, que além de outras intervenções que inclui a revisão e reforço de cabos das comportas, desmatamento da área, recuperação das ferragens expostas, desobstrução de canaletas e reforma da válvula dispersora, equipamento que ajuda a diminuir a força de vazão da água. A Bacia Hidrográfica do Mearim abrange 83 municípios, dos quais, 50 estão inseridos totalmente na Bacia e 69 tem a sua sede situada no interior da mesma.

TEXTO TRANSCRITO DO RESUMO DIAGNÓSTICO DO PLANO DIRETOR DA BACIA HIDROGRÁFICA DO MEARIM. PRODUZIDO PELA MPB ENGENHARIA, EM OUTUBRO DE 2014; (PÁGINA 4).

 

  CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO ARARIENSE ENTRE OS ANOS DE 1991 E 2015

1991

1996

2000

2007

2010

2015

24.826

25.125

26.366

27.753

28.488

29.200

FONTE: IBGE. Disponível em: <www.cidades.ibge.gov.br> Acesso em 23. Jun. 2016.

 

Observando os dados numéricos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitca - IBGE - percebe-se que a população arariense, de 1991 a 2015, vem em evolução contínua. De 1991 a 2015, o número de habitantes ararienses cresceu em 4374 pessoas, aproximadamente, em torno de 15%. De 1991 a 1996 houve um crescimento de 299 pessoas, 1,2%. De 1996 a 2000, houve um aumento de 1241 indivíduos, ou seja, 4,7%. De 2000 a 2007, o crescimento foi o mais acentuado, 1387 habitantes a mais neste período. O que representa um aumento de 5%, aproximadamente. De 2007 a 2010, o aumento populacional foi de 735 pessoas, o que representa um crescimento de 2,5%. Entre os anos de 2010 a 2015, a evolução foi de 712 habitantes, 2,4% aproximadamente. 

A densidade demográfica arariense, ou seja, a razão entre o número de habitantes o a extensão territorial, é de 26,54 habitantes por quilômetro quadrado. Houve, então, evolução, obviamente, neste indicador. Pois, em 2010, a densidade demográfica de Arari era de 25,89 hab/km². Arari, está ficando mais povoada. Haja vista o crescimento, sobretudo, da zona urbana do município. Hoje, 62% na população ararinse vive na zona urbana. 

                     

                            REFERÊNCIA

IBGE. Disponível em: www.cidades.ibge.gov.br. Acesso em 23 de junho de 2016.

 

 

               

   ARARI E A COLETÂNEA ELOS LITERÁRIOS

Basta uma breve consulta à história do município de Arari, para percebermos o quanto a arte da escrita é presente e latente em nosso meio. Se formos nominar, um a um, os eminentes ararienses que escrevem, decerto, teríamos uma extensa lista. A Literatura representa uma das Artes mais expressivas na “Terra da Pororoca”.

Isso demonstra o quanto os ararienses amam as Letras. Em Arari, tivemos e temos bons romancistas, poetas, cronistas, cordelistas, contistas, memorialistas e ensaístas. Muitos são polígrafos até. Com orgulho, digo, que, em Arari, lança-se, em média, dois livros por ano. Possuímos uma das verves literárias mais grandiosas e substanciais do estado do Maranhão.

Atualmente, a Literatura arariense está ultrapassando as fronteiras do nosso Estado. Isso graças à ativa e altiva participação de escritores e poetas ararienses na Coletânea Elos Literários. A Coletânea Elos Literários é uma iniciativa da Academia de Letras do Brasil – ALB – seccional da Bahia, e da Editora Alternativa, da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Trata-se de um trabalho literário notável, coordenado pela escritora baiana, Pérola Maria Bensabath Oiye; e pelo eminente escritor gaúcho, Milton Pantaleão. São verdadeiros “ELOS formados em torno da literatura, como um eco que permanecerá em prosa e verso”.

Na primeira edição da Elos Literários, lançada em 2014, apenas o escritor arariense, João Francisco Batalha, participou. Em seguida, a partir da segunda edição, por indicação do benemérito escritor João Batalha, começaram a integrar a Coletânea, aumentando a participação de Arari no louvável trabalho, o escritor José Maria Costa e o professor Adenildo Bezerra. A partir da quarta edição, o também arariense Francyo Dias, que, assim como o José Maria, é radicado em São Paulo, passou a publicar as suas brilhantes poesias na Coletânea Elos Literários. Desse modo, afirmamos que Arari está bem representado na Comunidade Elos Literários, assim como na Coletânea homônima. 

Para um município de pequeno porte, com pouco mais de 29 mil habitantes, como Arari, poder revelar tantos talentosos escritores é uma satisfação, com certeza. Arari é o único município do Maranhão a possuir uma participação bastante representativa em uma Coletânea a nível nacional bastante evidente. A Elos Literários colocou Arari, mais do que nunca, no cenário literário brasileiro. 

      

 Pescaria de camarão

O camarão (Macrobrachium rosenbergii), do latim cammãrus, “caranguejo do mar” é um crustáceo, da ordem dos decápodes, muito apreciado pelos ararienses. A pesca do camarão é realizada nos igarapés, nesse caso, os pescadores que habitam a sede do município pescam no Igarapé do Nema ou no Igarapé do Arari, e, principalmente, no Rio Mearim, em períodos sazonais. Desta feita, sobretudo dos dias de hoje, a produção de camarão tornou-se mais escassa e os períodos em que o crustáceo aparece com mais intensidade, são muito curtos. Daí, os pescadores precisam estar atentos às temporadas em que os camarões aparecem.

Na captura do camarão, usa-se uma tarrafa própria para esta espécie. Uma tarrafa de porte pequeno, com a malha miúda. Para atrair os camarões, joga-se uma isca de cuim de arroz umedecido no pesqueiro. Após alguns minutos, o pescador tarrafeia, capturando, assim, os espécimes. Em épocas de grande produção, é possível pescar uma boa quantidade dos crustáceos.

Nestes períodos, os pontos mais procurados para a pescaria de camarão é o Rio Mearim, sobretudo nos povoados de Arraial, Moitas, Pontal e Passagem de Areia, à montante. A estrada de Moitas, que dá acesso a estes locais, fica com um tráfego intenso nestas épocas em que há produção de camarão.

Alguns pescadores dizem: “Uma tarrafa de camarão é uma verdadeira “mãe”, pois com ela, além de pegarmos o camarão, dá para pegarmos outros peixes que se alimentam com o cuim jogado n’água”. Com o camarão pode-se preparar ensopado ao leite de coco babaçu, tortas, mexidos, ou comer “torrado”, com limão e farinha d’água (este é o jeito que eu mais gosto [risos].

Houve um tempo, que era comum a pescaria de camarão com o uso de litros. Nesta época, a produção do camarão, no Nema ou no Mearim, era, praticamente, o ano todo. Tinha bastante. Pegava-se vários litros, com um vergalhão, quebrava-se, com cuidado, o fundo de cada um, amarrava-se um barbante no gargalo, e, na outra extremidade do barbante, amarrava-se uma boia, para marcar o local onde o litro ficava após ser colocado do fundo d’água, com um pouco de cuim dentro. Após algum tempo, cuidadosamente, mergulhava-se, tapava-se a “boca” do litro com a mão e, desse modo, capturava-se os camarões que ficavam presos no interior do litro.

Este tipo inusitado de pescaria era uma festa. A todo momento chegavam pessoas com seus côfos cheios de litros, prontas para a “pescaria”. Agora, é bem verdade que, devido os litros ficaram submersos, geralmente ocorriam acidentes, como cortes nos pés ou nas mãos. Mas, de certo modo, era uma forma emblemática de pescar camarão. Eu, particularmente, adorava! 

                   

      A Cotonnière e sua atividade em Arari

O prédio da antiga Cotonnière foi inaugurado em Arari no ano de 1938, situado à praça Major Pestana, por nós, ararienses, conhecida como Praça do Cruzeiro. Pertencia à empresa algodoeira Cotonnière Brésil Ltda, de capital francês, destinava-se à exploração do comércio e da indústria de algodão e outros produtos do país (BATALHA, 2011, p. 302). A filial de Arari foi criada em 21 de agosto de 1936.

No prédio à época, armazenavam e prensavam o algodão produzido no Médio Mearim. Após o beneficiamento, a produção era exportada para a Europa e para o Estados Unidos.

De acordo com Batalha (2011):

“Com o advento da Segunda Guerra Mundial, os proprietários da Cotonnière tiveram que retornar aos seus países de origem e, no final da Guerra, seus bens foram confiscados por Charles de Gaulle. Desativada, a empresa foi adquirida pelo grupo Charles Aboud, que, por sua vez, vendeu o prédio de Arari ao Estado do Maranhão, que o transferiu para o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem e este ao município de Arari. Readaptado, abriga atualmente o Hospital Municipal de Arari" (BATALHA, 2011, p. 306).

Pela sua história e imponência, a Cotonnière continua presente em nosso meio. Os ararienses sempre demonstram interesse por essa edificação. Indagações como: “A quem pertencia”? “A que se destinava”? “Por que se acabou”? são constantemente feita pelos nossos conterrâneos. A ideia do Leão Santos Neto, prefeito que mandou readaptar e reformar o prédio, para abrigar o hospital do Município, permitiu manter a Cotonnière  viva em nossa memória. Pois a Cotonnière tratou-se de um dos maiores empreendimentos já instalados em Arari. Infelizmente, a Empresa deixou de operar. O algodão, que durante muito tempo fomentou a economia do Maranhão, deixou de ser produzido em escala comercial no Estado, sobretudo nas terras banhadas pelo Rio Mearim. Decerto, a Cotonnière deixou-nos um legado arquitetônico, que quase foi perdido. Mesmo readaptado, dar para percebermos o quão grandiosa era essa edificação. 

 

                                    REFERÊNCIA

BATALHA, João Francisco. Um Passeio Pela História de Arari. 1ª Edição. São Luís: Lithograf, 2011.

      

A Igreja Matriz de Arari

O prédio sagrado da Igreja Matriz de Arari é uma das edificações mais belas do interior do Estado do Maranhão. “A construção da Igreja começou em 1812, quando o Pe. Inácio Homem de Brito era o pároco da povoação, e ficou em funcionamento até o ano de 1938, quando foi totalmente demolida para dar lugar à atual, que teve a sua construção iniciada em 1936” (BATALHA, 2011, p. 305).

A atual Igreja Matriz de Arari, foi edificada de frente para o Mearim. Segundo o pesquisador arariense, João Francisco Batalha, sua construção começou a ser planejada em 1932, em local um pouco recuado da anterior, que fora demolida. Nesta época, a Paróquia de Arari estava sob o comando do Padre Eliud Nunes Arouche. Seu irmão e auxiliar, Pe. Manuel Arouche, foi o grande incentivador e baluarte dessa edificação.

Somente na década de 1960, sob o comando do saudoso e notável Padre Clodomir Brandt e Silva, a Matriz teve a sua construção concluída. Trata-se de um vistoso e grandioso Templo, ostentando uma torre central, entre duas menores, na qual fica escondido um sino e os auto falantes do extinto serviço de comunicação “Voz de Arari”. De acordo com Batalha (2011, p. 306), a torre da Igreja de Arari tinha um galo como o da torre da igreja do Real Convento de Mafra, o mais importante monumento do barroco português. Quanto ao estilo arquitetônico da construção, este se assemelha mais ao Rococó, estilo que substituiu o Barroco no final do século XVII e início do século XVIII.

É interessante registrar que, a construção da atual Igreja Matriz de Arari, foi resultado de um grande trabalho comunitário, organizado e desenvolvido pelo Pe. Brandt e por paroquianos, dentre estes, a notável Justina Fernandes Rodrigues, ex-prefeita e colaboradora nas ações sociais da Paróquia Nossa Senhora da Graça, de Arari, que fez campanhas de arrecadação de dinheiro e materiais de construção para a obra, além de ter doado, de suas posses, boas quantias em dinheiro.  

 

                                 REFERÊNCIA

BATALHA, João Francisco. Um Passeio pela História do Arari. 1ª edição. São Paulo: Lithograf, 2011.

PESCARIA DE CORDA 

Os pescadores ararienses gostam e praticam com frequência a pesca de corda. Desenvolvida no rio Mearim,trata-se de uma pescaria onde uma grande quantidade de anzóis são amarrados a uma corda de naylon, que é iscada e atravessada no rio, a uma pequena profundidade, para captura de peixes de “couro”, pescadas e pirapemas, sobretudo.

Uma corda pode conter centenas de anzóis. As iscas são capturadas previamente, e são mantidas vivas em um recipiente com água. Pequenos peixes como as piabas (Astyanax bimaculatus), sarapós (Gymnopus carapo), sardinhas (Triportheus angulatus), ou camarões, por exemplo, podem servir de iscas. Os peixes pegos na pescaria de corda são, preferencialmente, os chamados peixes de “couro”, como o bagre (Hexanematichthys couma), o surubim (Pseudoplastytoma fasciatum), o mandi (Pimelodus blochii Valenciennes), tubajara (Sorubim lima), mandubés (Ageneiosus), dentre outros. Contudo, peixes escamados como a pirapema (Megalops atlanticus), a pescada (Plagioscion squamosissimus), camurim (Centropomus) e até piranhas (Pygocentrus nattereri) também são comumentes pegos neste tipo de pesca.

Geralmente, a pesca de “corda” é realizada em dupla, com uso de canoa. Porém, há pescadores exímios que preferem pescar sozinho, apesar dos perigos que a atividade oferece. Conversamos com o pescador Ronca, figura folclórica em Arari, conhecedor do Mearim, que pesca praticamente o ano todo no rio, que me falou: “eu sou apaixonado pela pescaria de corda, mesmo sendo trabalhosa, porque temos que “estrovar” os anzóis, reforçar a corda para piranha não cortar, pegar as iscas, que hoje está mais difícil de encontrar, colocar a corda e depois fazer a despesca. Às vezes dá alguma coisa, às vezes não dá nada. Mas é assim, os peixes não são mais besta, não” [risos].

Entre todos os tipos de pescarias que há em nosso município, a de “corda” é a que menos impacta o meio ambiente, para mim. Principalmente pelo fato de os exemplares capturados serem selecionados, peixes graúdos. Assim, não causa a predação de espécies menores, mantendo a preservação e a proliferação das mesmas. 

                

DIVERSIDADE E FILOGEOGRAFIA DE Prochilodus lacustris STEINDACHNER, 1907 (CHARACIFORMES: PROCHILODONTIDAE) NO NORDESTE DO BRASIL

Prochilodus lacustris é uma espécie endêmica citada para os rios Parnaíba e Mearim. Análises baseadas em padrões de distribuição têm indicado que a rede hidrográfica do Maranhão constitui uma área de endemismo para peixes neotropicais. No entanto, devido ao reduzido número de estudos, as interrelações desse conjunto hidrográfico com áreas vizinhas são pouco compreendidas. Nesse estudo, a diversidade genética de P. lacustris é analisada e a hipótese de que a espécie é uma unidade taxonômica e endêmica para a região é verificada. Além disso, a partir da análise do relógio molecular e dos dados geológicos disponíveis são identificados eventos históricos de isolamento das drenagens, apresentando-os como alternativas para a hipótese de dispersão costeira. Amostras de tecidos de 125 indivíduos de P. lacustrisforam coletadas em 14 localidades ao longo dos rios Parnaíba, Itapecuru, Mearim, Pindaré, Turiaçu e Tocantins. A variação geográfica foi estudada usando sequências da região controle do DNAmt e do íntron 1 do gene S7. O conjunto amostral apresentou alta variabilidade genética, provavelmente associada a eventos históricos. Com exceção dos rios Mearim e Pindaré, todas as comparações de PhiST par a par produziram valores significantes com reduzido fluxo gênico entre as populações. A análise dos clados aninhados indicou que fluxo gênico restrito com isolamento por distância foi o principal evento inferido para explicar as diferenças observadas na rede de haplótipos. Entretanto, um evento de fragmentação passada foi detectado envolvendo haplótipos dos rios Parnaíba, Tocantins e Turiaçu. O padrão de relações haplotípicas, gerado pelos métodos de máxima verossimilhança e agrupamento de vizinhos, é composto por três clados com altos valores de bootstrap. Um clado é formado pelos haplótipos do rio Parnaíba. O segundo clado é composto por haplótipos dos rios Itapecuru, Mearim e Pindaré, ao passo que o terceiro clado compreende haplótipos dos rios Tocantins e Turiaçu. A topologia das árvores e os valores de divergência genética revelaram que os haplótipos do Tocantins têm seus parentes mais próximos no Turiaçu e no conjunto Itapecuru Mearim Pindaré. Além disso, as linhagens mitocondriais identificadas sugerem que o padrão de distribuição geográfica de P. lacustris não se ajusta aos modelos propostos para áreas de endemismos. A análise combinada da informação do relógio molecular e dados geológicos indicam que os principais eventos responsáveis pelas variações observadas na espécie foram: formação da Serra do Tiracambu, captura do curso inferior do Tocantins para formação da Baía de Marajó, Ciclo Velhas e formação do Golfão Maranhense.

Palavras-chave: Diferenciação genética, áreas de endemismo, relógio molecular, peixes neotropicais.

POR: PIORSKI, Nivaldo M.; COSTA, Luís F. C.; NUNES, Jorge L. S.; GALETTI JUNIOR, Pedro M.

Fonte financiadora: Banco da Amazônia (BASA).

ARTIGO RETIRADO DO BLOG PEIXES DO MARANHÃO. Disponível em: https://peixesdomaranhao.blogspot.com.br. Acesso em 21 de fev. 2016.

              

RESUMO DAS OBRAS LITERÁRIAS DE BRANDT E SILVA

Romances de Pe. Brandt de Arari – sínteses narrativas

                                                                                                                                       ***Dinacy Mendonça Corrêa – orientadora

                                                                                                                                           Leiliane Costa Barbosa – orientanda

 

Um escritor comprometido com a terra, com o ser humano, com a realidade sociocultural do seu povo. (Luciene Rocha Garcia-TCC-Letras/Uema-2009)

 

FOLHA MIÚDA – João, homem honesto, bom esposo e bom pai, lavrador de profissão, vive modestamente mas feliz, com os filhos e a esposa Rita (grávida, já, de um terceiro rebento), até que um dia, chega, pelos arredores, Dico Lopes (dizendo-se encarregado daquelas terras, ameaçando os humildes roceiros, exigindo-lhes pagamento de foros, sob pena de serem banidos dali) que, juntamente com seus capangas, o surpreende e domina. João passa quatro dias na prisão – tempo suficiente para pôr em risco a vida de sua esposa, que não resiste e morre pós- parto. Só e desamparado, João não desiste da sua luta de pai de família responsável e a roça continua a produzir, generosamente, legumes e frutas. Dico Lopes volta a investir, com intenções homicidas, contra o pobre e indefeso lavrador que, dessa vez, atento e preparado, mata, em legítima defesa, o inimigo, refugiando-se no vizinho Estado do Pará, deixando os filhos sob os cuidados de Noca – com quem se casará mais tarde – quando volta para buscá-los e construir, ao lado da nova mulher, uma nova vida e uma nova história.

LUZIA DOS OLHOS VERDES – Ainda criança, Luzia muda-se, com os pais, de Esperança para a distante Joselândia, voltando à terra de origem somente aos 50 anos, para viver seus últimos dias. Antes, porém, lavra um testamento em que estabelece o destino dos bens que possui em vida: para o Pe. João, deixa uma caixa de madeira, fechada a cadeado – que guardara com esmerado cuidado e que, juntamente com a chave, fora entregue ao clérigo, após o seu sepultamento (de Luzia), “numa tarde de grande tristeza em Esperança”. Na caixa,ao cla chve fora entregue da inteira, coma cadeado no dos bens que poira, em vida: a casa com os m Desde  estão os escritos/registros das grandes emoções, dos momentos inesquecíveis de sua vida, nas entrelinhas das folhas dos antigos cadernos escolares, que o padre vai puxando, aleatoriamente, e lendo, entre uma missão pastoral e outra, e assim conhecendo a alma  sublime daquela excelsa mulher.

OS CAMINHOS DE SILVÂNIA – Menina pobre, do interior, sempre muito viva e precocemente sedutora, Silvânia, aos 14 anos, envolve-se com Geraldo, recém-casado e prestes a ser pai. Os dois fogem para Belém do Pará, onde conseguem viver bem, por algum tempo, até que Geraldo a surpreende em atitudes suspeitamente claras de adultério e a abandona em situação de penúria. Só e desamparada, a moça vê, como única opção de sobrevivência, o cabaré “Mundo Azul”, onde passa a viver como “mulher da vida”, submetendo-se a todo tipo de baixezas, chegando às drogas. O calvário de amarguras sofridas, as muitas humilhações, as lágrimas vertidas levam-na a uma reflexão e autoanálise. Arrependida, a jovem está disposta a encontrar “uma luz no fim do túnel”. Assim é que, num dia em que perambula, vestida em trapos, pelas calçadas de Belém, depara-se com um padre a quem conta, chorando, a sua desdita. Piedoso, este a encaminha a duas freiras missionárias que desenvolvem um trabalho humano e cristão em prol das mulheres vítimas da prostituição e que se dispõem a ajudar a perdida jovem a reconstruir a sua vida, a trilhar por um novo caminho.

ARNALDO – Menino simples, puro e encantador, Naldo, como é chamado em família, vive no meio rural, numa rotina que consiste em ir à casa dos avós, pedir-lhes a bênção, ouvir histórias e queixar-se dos maus tratos, das injustiças, impingidas por seu pai contra os empregados e os pobres lavradores que cultivam aquelas terras. Aos doze anos, ainda sem saber ler, é levado pela tia Aldenora para estudar na cidade. Na escola, é bem recebido na classe dos alunos em “idade avançada” para a alfabetização, sendo bem sucedido nos primeiros anos, até que, sob os maus influxos de Pedro Rato, entra num processo gradativo de corrupção moral, indo às últimas consequências: assaltos, tráfico de drogas, ele mesmo viciando-se, tornando-se agressivo e violento. Enfim, ambos na prisão, em celas separadas, por obra e graça do Padre Jacinto, Arnaldo, aos poucos, se vai convertendo, até que, conquistando a liberdade, volta para Morada Nova – onde reúne os empregados e lavradores, divide e distribui, de forma justa, o latifúndio entre todos.

***Excerto condensado dos resumos dos romances do Padre Brandt. In: Teares da Literatura Maranhense – Pe. Brandt de Arari: clérigo, educador e escritor – Relatório Final-PIBIC-Uema 2008/09 – Professora Dinacy Mendonça Corrêa (orientadora) Leiliane Costa Barbosa (orientanda) Nucleo de Estudos Linguísticos e Literários (NELL) – Curso de Letras-Cecen-Uema/São Luís-Ma..  

O texto acima foi gentilmente cedido a nós pela Profª Dinacy Mendonça Corrêa. MUITO OBRIGADO, PROFESSORA!

             

A Pescaria de anzol (caniço e linha)

Se há um tipo de pescaria que os ararienses adoram, é a de “anzol”. Seja com uso do caniço ou da linha. Homens, mulheres, crianças, praticam essa modalidade de pesca durante o ano inteiro. Pode ser realizada nos campos inundáveis, nos lagos, nos igarapés e no rio. Ainda é bem corriqueira a cena em que presenciamos, em Arari, na zona urbana ou rural, pessoas indo à pesca portando um caniço, um pequeno cofo, ou apenas uma linha.

Essa pescaria consiste em amarrar um anzol em uma linha fibra (naylon) e lança-lo na água. O tamanho do anzol varia de acordo com o tipo de peixe que se quer capturar. Assim como a espessura, o comprimento da linha e o tipo de isca utilizada também podem variar. Quando vai-se praticar a pesca de anzol em lago ou em áreas alagáveis, geralmente usa-se preferencialmente o caniço, uma vara de 1,5 m a 2,0 m de comprimento com a linha e o anzol amarrada na ponta. A isca utilizada nesta modalidade de pesca é a minhoca, peixe miúdo, camarão, carne, bolinhas de miolo de pão (captura de piaba), ou ainda larva do bicho de coco babaçu (gongo).

Quando pratica-se a pescaria de anzol em um igarapé (de boa profundidade, o que hoje é quase inviável, infelizmente, devido a degradação dos mesmos) ou no rio, usa-se a linha, com o anzol “estrovado”, ou seja, enrolada a um pedaço de arame, para evitar que piranhas cortem a linha. Junto prende-se um pequeno peso, um pedaço de chumbo, por exemplo, para que o anzol desça com facilidade para o fundo d’água. Com a pescaria de anzol pode-se capturar uma grande variedade de peixes: peixes pretos,  o jeju (Hoplerythrinus unitaeniatus), a traíra (Hoplias malabaricus) e a carambanja (Heros severus); capadinho (Trachelyopterus galeatus), mandi (Pimelodus blochii), jandiá (Rhamdia quelen), piaba (Astyanax bimaculatus), pescada (Plagioscion squamosissimus), surubim (Pseudoplastytoma fasciatum), bagre (Hexanematichthys couma), tubajara (Sorubim lima), pirapema (Megalops atlanticus), corró (Platydoras costatus), piranha (Pygocentrus nattereri), etc.

 

Para se ter uma pescaria bem sucedida, é necessária muita paciência, agilidade e disposição. Tem que saber escolher um bom pesqueiro, anzol e isca certa para o tipo de local e de espécies que pretende-se pescar. Pode-se usar a canoa para se deslocar de um ponto a outro, ou pode-se ir a pé mesmo. A questão é sair de casa preparado, pois os peixes “roubam” a isca, o anzol pode ficar engatado na vegetação ou outro substrato no fundo d’água. Enfim, há uma série de contratempos que um bom pescador, para obter êxito, precisa estar atento. Como toda atividade, a pescaria de anzol possui os seus perigos. O pescador pode, caso esteja desatento, furar-se com o anzol, cortar a mão com a linha, sobretudo se fisgar um peixe grande e forte; pode ser furado por alguma espécie com esporão, ser mordido por piranha e/ou traíra. O risco é sempre iminente.

 

         Pesca de rede.

  A Pescaria de Rede

Dentre os tipos de pescarias praticadas em nossa região, a “pescaria de rede” é uma das mais desenvolvidas. Isso se dá pelo fato de o pescador poder cercar uma grande área pesqueira e, assim, capturar mais peixes. Todavia, esse tipo de pesca é uma das mais predatórias que existe. Na maioria das vezes, são capturadas espécimes miúdos, que prejudica a reprodução da fauna ictiológica. Principalmente quando é utilizada redes de malhas muito pequenas, condenáveis pelos órgãos de proteção ambiental.

A rede, que em outros municípios da Baixada Maranhense é conhecida também por “malhadeira”, é feita com linha de nylon (linha fibra). O seu  comprimento varia bastante, podendo chegar a várias “braças” (os pescadores locais usam a “braça” como unidade de medida da rede). Em Arari, encontrei pescadores que possuem mais de mil braças de rede. O tamanho da malha pode varia também. Há redes com malha de 4 cm até 10 cm. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente – IBAMA -, estipula no mínimo a malha com 7 cm. Todavia, essa determinação não é cumprida, e nem fiscalizada pelo Órgão. A rede com malha de 4 cm e 5 cm é condenável, uma vez que, por ter malha muito pequena, ela captura peixes miúdos, interrompendo o ciclo de reprodução dos mesmos. Para ficar visível quando estiver dentro d’água, coloca-se boias de isopor em um dos lados; e para ficar submersa, coloca-se pedaços de chumbo, podendo, dependendo do tamanho, ficar com até 6 kg de peso.

A pescaria de rede pode ser realizada em lagos, igarapés, rios, e nos campos baixos, no período de cheias. São capturados “peixes pretos”: jeju (Hoplerythrinus unitaeniatus), traíra (Hoplias malabaricus), carambanja (Heros severus), tamatá (Hoplosternum littorale); além de curimatá (Prochilodus Sp.), aracú (Schizodon vittatus), tapiaca (Curimata cyprinoides) choradeira (Psectrogaster amazônica), Piau (Leporinus friderici), capadinho (Trachelyopterus galeatus), surubim (Pesudoplastystoma fasciatum), mandi (Pimelodus blochii), bodó (Liposarcus cf. pardalis), piranha (Pygocentrus natteri), etc.

Durante a pesca, o pescador, de tempos em tempos, observa a rede para ver se há peixes presos nela. Assim que as boias estão parcialmente submersas, faz-se a coleta das espécies. A pesca de rede tem seus perigos, pois cobras, jacarés e piranhas podem ficar presos e causar um acidente, às vezes grave. Quando piranhas ou jacarés são capturados, geralmente as redes ficam bastantes estragadas. Daí o pescador precisa dispor de um longo tempo para “consertá-la” e usá-la na próxima pescaria. A pesca pode ser feita por um ou dois pescadores, dependendo do local onde é desenvolvida.

 

 

A Pescaria de Tarrafa

Desde que o homem tornou-se sedentário, ou seja, possuir moradia fixa, ele sempre procurou criar meios de sobrevivência. Um deles foi a pesca. E, para isso, precisou inventar os seus mecanismos de captura dos peixes. Um desses mecanismos de pesca foi a tarrafa. A tarrafa é um instrumento de pesca confeccionado com linha de nylon. Tem formato cônico e em sua abertura inferior, possui pequenos pesos de chumbo para que a mesma afunde rapidamente ao ser lançada na água. O peso total do chumbo chega em média a 6 kg, no entanto, pode variar dependendo do tamanho da tarrafa, que varia em relação ao tamanho da malha, número de crescidos, pano “morto”, saco, enfim. Aberta, o seu diâmetro, obviamente, também pode variar.

A pescaria de tarrafa ocorre em todas as épocas do ano. Há tarrafas específicas para a captura de determinada espécies de peixes. Por exemplo, há a tarrafa de camarão (Macrobrachium carcinus), a de menor tamanho; de capadinho (Trachelyopterus galeatus), de curimatá (Prochilodus,sp.), dentre outras espécies. Esse tipo de pescaria pode ser desenvolvida por uma única pessoa, que lança a tarrafa de cima de um jirau, posto à beira de um igarapé ou lago, ou da própria margem; e pode ser praticada por duas pessoas, caso seja utilizada a canoa na pescaria. Nesse caso, uma pessoa fica na popa, remando (o “botador” de canoa) e a outra, o tarrafeador, fica na proa, tarrafeando.

Em Arari é comum a pesca usando a tarrafa. Tanto na zona urbana quanto na zona rural, há pessoas que confeccionam esse instrumento. Hoje, já é possível encontrar a tarrafa feita industrialmente, porém, há pescadores que preferem as tarrafas tecidas manualmente. “Uma tarrafa tecida com agulha e bitola fica bem mais amarrada, a malha não escorrega, e você faz do seu jeito”, disse-me o senhor Maurício Soeiro (Mauricinho), exímio tarrafeador e tecedor de tarrafas, arariense.

Ao escrever este texto, lembrei das pescarias no Nema. Da época em que construíam as tapagens no igarapé. Onde cada pescador construía o seu jirau, e, de hora em hora, ao sinal de um dos pescadores, lançavam-se as tarrafas. Um grande número de curimatás, principalmente, eram capturadas. Um tempo de fartura, que hoje está na memória de todos que presenciaram este período piscoso do lendário Nema.

 

 

            

 A emblemática pescaria de Choque

A pesca de choque também chamada de socó, foi inventada pelos índios. A pescaria de choque, como é conhecida pelos ararienses, consiste no ato de o pescador entrar na água (campo alagado ou lago) até a altura da perna ou da cintura, conforme a profundidade, segurando o choque pela parte de cima e em seguida mergulhando-o com firmeza, até tocar o fundo, fixando na lama ou lodo, para evitar a fuga do peixe. Então, o pescador mete a mão pela abertura superior do cesto, que ficou fora d´água, e pega o peixe que por ventura tenha sido preso. Só é possível pescar utilizando o choque a partir do abaixamento das águas. Geralmente a pescaria se estende durante todo o período estival.

O choque é um cesto cônico sem fundo nem tampa, de pouco menos de 1 m de altura, com diâmetro de abertura menor de 20 cm e a maior com o dobro dessa medida. É feito de tela de marajá (Bactris brongniarti) mais larga na extremidade inferior, que tem ponta afiada, amarrada em torno de dois círculos, um menos, que forma a “boca” do apetrecho, e outro maior, que fica no meio, dando a forma cônica ao instrumento. As principais espécies capturadas com esse método de pesca são: Hoplerythrinus unitaeniatus (jeju), Leporinus friderici (piau), Hoplias malabaricus (traíra ou tarira, na linguagem local) e Heros severus (carambanja), por serem espécies endêmicas de regiões pantanosas, como a Baixada Maranhense.

Devido a engenhosidade do choque, pois a sua confecção requer muita habilidade, a pescaria de choque é uma das mais emblemáticas da nossa região. Todavia, é uma atividade perigosa, principalmente se for desenvolvida em um baixo ou lago onde há piranhas. Os exímios pescadores, sabem quando há piranhas presas no choque. Segundo os próprios pescadores, quando uma piranha é capturada, ela morde as varas do instrumento, então, ergue-se o choque lentamente para que ela saia.

 

 

 

Agricultura de vazantes na zona rural de Arari

Na zona rural de Arari, sobretudo nos povoados que ficam próximos aos ecossistemas lacustres, como Varame, Arai Açu, Patos, Escondido, por exemplo, é comum a realização de agricultura de vazantes. Fomos ao povoado Varame, que fica em uma região rodeada de grandes e piscosos lagos, como o Lago do Fumo, Lago dos Pintos e Lago das Almas, e onde podemos conhecer de perto este tipo de plantio.

Durante o período chuvoso, entre os meses de janeiro a junho, os lagos aumentam bastantes o seu volume de água. Juntamente com as águas, os mururus (Eichornia crassipes), as tripas-de-vaca (Nymphoea sp.) e outros fitoplânctons presentes, sobem e recobrem uma área considerável de terras que margeiam os lagos. Os lavradores, então, prendem a matéria orgânica com estacas. Assim, nos períodos de estiagem, as águas tendem a secar, as matéria fica retida no solo, deixando-o úmido e com uma boa quantidade de húmus, uma vez que toda a matéria entra em decomposição. Após o recuo completo das águas, as lavradores cercam a área e fazem o plantio de culturas típicas da região, como feijão, arroz, melancia e milho.

Essa grande quantidade de serapilheira, que consiste de restos de vegetação, como folhas, ramos, caules e cascas de frutos em diferentes estágios de decomposição, bem como de animais, que forma uma camada ou cobertura sobre o solo, chega a medir até 15 cm de espessura, o que garante a umidade do solo durante todo o período estival. Esta camada é a principal fonte de nutrientes para ciclagem (período de formação de organismos vivos no solo) em ecossistemas tropicais.

"A fauna edáfica, que compõe-se por uma grande quantidade de seres, todos pertencentes ao reino Animalia e sub-reino Metazoa, é expressiva. Formada por: Hymenopteras (formigas), Odomatas (libélulas), Lepidopteras (borboletas), Dipluras (imbuás), Heteropteras (percevejos), dentre outros. Esses seres vivem, em algumas das fases de seu ciclo de vida, no solo. A fauna edáfica é importante para os ecossistemas terrestres, porque está relacionada com a decomposição (degradação enzimática de restos orgânicos que resulta na liberação de nutrientes minerais). Os animais da fauna edáfica não são capazes de realizar a decomposição, mas quando se alimentam, vão triturando os restos orgânicos depositados sobre o solo, ajudando muito aos organismos decompositores, que são bactériasfungos e actinomicetes, também moradores do solo" (Wikipédia).

A produtividade da agricultura de vazantes é muito significativa. Uma vez que o solo possui muito húmus, muita matéria orgânica. E o trabalho com a capina da roça praticamente não há. Pois nasce pouco mato dentro da plantação. O uso de defensivos agrícolas só é utilizado quando existe a presença de lagartas. A maior produtividade é na produção de milho e melancia. Segundo os próprios lavradores, essas são as mais cultivadas, uma vez que são mais rentáveis financeiramente e possuem maior mercado. 

       

BAIXADA MARANHENSE: Área de Proteção Ambiental-APA

A Baixada Maranhense é uma das microrregiões do estado brasileiro do Maranhão pertencente à mesorregião Norte Maranhense. Possui uma área total de 17.579,366 km2. Sua população foi estimada em 2006 pelo IBGE em 518.241 habitantes e está dividida em 21 municipios: Anajatuba, Arari, Bela Vista do Maranhão, Cajari, Conceição do Lago Açu, Igarapé do Meio, Matinha, Monção, Olinda Nova do Maranhão, Palmeirandia, Pedro do Rosário, Penalva, Peri-Mirim, Pinheiro, Presidente Sarney, Santa Helena, São Bento, São João Batista, São Vicente de Ferrer, Viana e Vitoria do Mearim.

A Baixada Maranhense estende-se por 20 mil quilômetros quadrados, nos baixos cursos dos rios Mearim e Pindaré, e médios e baixos cursos dos rios Pericumã e Aurá, reunindo um dos mais belos conjuntos de lagos e lagoas naturais do Brasil. Apesar de ter sido transformada em Área de Proteção Ambiental pelo governo do Estado, em 1991, os desmatamentos e queimadas – para implantação de barragens e projetos de irrigação nas margens dos rios e criação extensiva de búfalos nos vales desses rios afetam seriamente o equilíbrio ambiental.

A Baixada ainda abriga o maior conjunto de bacias lacustres do Nordeste, onde se destacam os lagos Açú, Verde, Formoso, Carnaúba e Jatobá; extensos manguezais, babaçuais, campos inundados e matas de galeria, uma rica fauna e flora, com destaque para aves aquáticas e animais ameaçados de extinção como o peixe-boi marinho. O complexo de lagos da Baixada Maranhense constitui uma região ecológica de distinta importância no Estado e no Nordeste, não só como potencial hídrico, mas pelo papel sócio-econômico que representa para toda a população ribeirinha. No verão, somente no Lago Açú, são pescados até 15 toneladas de peixes por dia e no Lago de Viana a produção anual chega a 1000 toneladas.

          

Amazonia Legal

A baixada maranhense faz parte da chamada Amazonia Legal. A Amazônia Legal foi instituída através de dispositivo de lei para fins de planejamento econômico da região amazônica. Engloba os Estados da macrorregião Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), e mais o Estado do Mato Grosso (macrorregião Centro-Oeste), e parte do Maranhão, a oeste do meridiano de 44º (macrorregião Nordeste).

Descrição resumida da área úmida da Baixada maranhense

São terras baixas, planas, inundáveis, caracterizadas por campos, matas de galeria, manguezais e bacias lacustres. Solos argilosos pouco consolidados com grande capacidade de retenção de água, nos estuários, os manguezais ocorrem penetrando os igarapés, por entre os campos, até onde existe influência das marés. Na época das chuvas, entre dezembro e junho, os campos baixos ficam alagados restando “ilhas” de terra firme e uma área de campos em terreno um pouco elevado, o “teso”.Área predominantemente rural, basicamente ocupada por atividades agrícolas, pesqueira e exploração mineral de barro e areia.

REFERÊNCIA

FERNANDO DE JESUS COSTA. Disponível em: https://fernandodejesuscosta.blog.com/?page_id=108. Acesso em 16 jan.2016.

 

                         

ARARI: aspectos hidrogeológicos

O município de Arari apresenta um domínio hidrogeológico: o do aqüífero poroso ou intergranular, relacionados aos sedimentos consolidados da formação Itapecuru (K12it); e dos sedimentos inconsolidados dos Depósitos Flúviomarinhos (Qfm); e dos Depósitos Flúvio-Lagunares (Qfl). Durante os trabalhos de campo foram cadastrados um total de 24 pontos d’água, sendo todos poços tubulares (100%). O aquífero Itapecuru ocorre como aquífero livre e semiconfinado, na área do município. Apresenta uma constituição litológica reunindo arenitos finos a muito finos, predominantemente argilosos, esbranquiçados, avermelhados e cremes, com níveis sílticos e argilosos que caracteriza uma permeabilidade fraca a regular e uma produtividade de média a fraca com os poços tubulares apresentando vazões entre 3,2 a 25,0m³/h. Esse aquífero é alimentado pela infiltração direta das precipitações pluviométricas nas áreas de recarga; pela infiltração vertical ascendente, através das formações inferiores e contribuição dos rios influentes. Os exutórios são: a rede de drenagem superficial, quando os rios recebem por restituição as águas armazenadas no aquífero, principalmente, durante as cheias; evapotranspiração, quando o caráter argiloso do perfil geológico diminui a infiltração, favorecendo uma maior evapotranspiração nas áreas de recarga; a infiltração vertical descendente, na base do aquífero; algumas fontes de contato e descarga artificial, resultantes do bombeamento de poços manuais e tubulares, existentes.

Os Depósitos Flúvio-Lagunares, nos níveis mais arenosos, com areias bem classificadas, de alta permeabilidade, constituem aquíferos livres de baixa a média produtividade, dependendo da espessura, podendo ser explotado através de poços tubulares com profundidades inferiores a 20 metros. Sua alimentação se faz, principalmente, por infiltração direta das águas de chuvas. Seus principais exutórios são: escoamento natural das águas subterrâneas, evapotranspiração, perda descendente para a formação subjacente e poços tubulares. Os Depósitos fluvio-marinhos, quando associados aos depósitos de praias e dunas, com constituição litológica mais arenosa, apresentam uma permeabilidade regular, caracterizando um potencial hidrogeológico de fraco a médio. Já, quando relacionados aos depósitos de manguezais e pântanos, o potencial é muito fraco e causa sérios problemas de qualidade na água, inviabilizando a sua explotação. Mesmo no primeiro caso, é necessário ter cuidados com a intrusão salina que pode salinizar as águas dos poços tubulares. A alimentação se faz através das água de chuvas e seus exutórios são: a evapotranspiração e as camadas subjacentes.

 

                              REFERÊNCIA

RELATÓRIO DIAGNÓSTICO DO MUNICÍPIO DE ARARI. Projeto Cadastro de Fontes de Abastecimento por Água Subterrânea. Serviço Geológico do Brasil - CPRM. Dez/2011. 

      

ARARI: aspectos fisiográficos

O município de Arari está localizado na Região Norte Maranhense, Microrregião Baixada Maranhense, com altitude de sete metros acima do nível do mar. O clima é tropical quente e úmido com temperaturas que variam entre 20ºC e 30ºC O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é tropical (AW’) com dois períodos bem definidos: um chuvoso, de janeiro a junho, com médias mensais superiores a 233 mm e outro seco, correspondente aos meses de julho a dezembro. Dentro do período de estiagem, a precipitação pluviométrica varia de 13,2 a 101,4 mm e no período chuvoso de 100 a 329,6 mm, com precipitação anual em torno de 1.656 mm, conforme o Jornal do Tempo (2011).

Esses dados são referentes ao período de 1961 a 1990. O relevo é plano e levemente ondulado, com grande parte do território dominado por uma planície alagadiça no período chuvoso, sendo que suas áreas mais elevadas não ultrapassam os 50 m de altitude. A planície aluvionar caracteriza-se por uma superfície extremamente horizontalizada, onde os sedimentos inconsolidados (areias, argilas, cascalhos, etc.) encontram-se depositados nas margens e nos leitos dos principais cursos d’água da região.

A vegetação predominante é do tipo campos, mata dos cocais e mangues. Os campos são formados por vegetação rasteira, gramíneas como o capim-açú com touceiras altas, capim marreca, algodão bravo, mata-pasto e salsa brava. A vegetação de mangue é formada por árvores médias, com raízes em forma de escora. Já as matas de Cocais ou babaçual é uma vegetação de transição entre o Cerrado, a Caatinga e a mata Amazônica, sem pertencer a nenhuma delas, caracterizada por apresentar grandes árvores bastante espaçadas. São encontradas espécies como Babaçu, Buriti, Buritirana e Embaúba. As espécies mais comuns são Araticum, Sucupira Preta, Murici, Pequi, Faveira e o Ipê.

 

                           REFERÊNCIA

SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL. RELATÓRIO DIAGNÓSTICO DO MUNICÍPIO DE ARARI 2011. Disponível em: www.cprm.gov.br. Acessado em 12/10/2015.

                     

ARARI, EFERVESCÊNCIA CULTURAL

Arari sempre foi um município fomentador de cultura em várias de suas nuances. Literatura; no ensino, ensinar é uma arte, é um ofício cultural também; artesanato, música, teatro, artes plásticas, e cultura popular tradicional como o bumba-meu-boi; danças de roda como o tambor de crioula, dança do coco; terecô, baile de São Gonçalo, e outras manifestações como capoeira, dança cigana e dança portuguesa... Ao longo de nossa existência sempre tivemos ararienses dedicados com a cultura e comprometidos com as Artes. Cultura é Arte, Arte é Cultura.
Se fizermos um passeio pela nossa história de mais de dois séculos de existência, descobriremos nomes de inestimável valor cultural. Na maioria gente simples, que procuraram perpetuar os saberes populares em seu meio. De Lourenço da Cruz Bogéa a Manoel Abas; De Padre Brandt a José Fernandes; De José Martins a Zeca Baleiro; de Cléber Ribeiro Fernandes a Bill de Jesus; de Chiquita Bogéa a Teresa Garcia; de Silvino Gomes a Zequinha Brito; de Gal Santos a Roberth Francklin; tivemos e temos inúmeros baluartes da cultura, que, a seu modo peculiar, sempre tiveram e têm como objetivo principal elevar a nossa alvissareira e nobre terra do Arari ao Panteão artístico-cultural maranhense e brasileiro.
Há ararienses talentosos desenvolvendo e encantando públicos com suas habilidades artísticas em várias partes de Arari, do Maranhão e do Brasil. Em cada uma das vertentes da cultura tivemos, temos e teremos gente nascida em Arari fazendo arte. A cultura é dinâmica. Nosso Arari sempre foi e continuará sendo um município diferenciado no Estado do Maranhão no tocante à cultura. Há em nossa gleba uma efervescência cultural latente.

                  

Na artística cidade de Arari, promove-se eventos culturais continuamente, que atendem a públicos diversos. Só para citar: lançamentos de livros, em média, dois por ano; saraus; corredores culturais, com apresentações folclóricas; Sessões solenes acadêmicas, haja vista temos o privilégio de possuirmos dois Sodalícios, a Academia Arariense-Vitoriense de Letras – AVL – e a Academia Arariense de Letras Artes e Ciências – ALAC; Temos o orgulho de termos tantos intelectuais capazes integrar duas Entidades do Saber e da Cultura. Não conheço outro município com esta prerrogativa. Temos festejos populares tradicionais. Temos Feira de Cultura; Movimentos artísticos que, rotineiramente, transformam as nossas praças em “Palcos Abertos”. Temos um povo criativo, que sabe fazer cultura e desenvolver as Artes. Arari é, de fato, cultural. 

                     

A Bacia Hidrográfica do Mearim

A bacia hidrográfica do rio Mearim possui uma área de 99.058,68 km², correspondendo a 29,84% da área total do Estado. Sendo a maior entre todas as bacias hidrográficas do Estado.

O rio Mearim, nasce na serra da Menina, entre os municípios de Formosa da Serra Negra, Fortaleza dos Nogueiras e São Pedro dos Crentes, recebendo a denominação de ribeirão Água Boa, seguindo um longo trajeto na direção Sudoeste-Nordeste, até Esperantinópolis, onde após receber as contribuições do rio Flores, direciona-se para o Norte, até desembocar na baia de São Marcos, entre São Luís e Alcântara. 

Todo esse percurso ocorre em cerca de 930 km de extensão. O rio Mearim tem como principais afluentes o rio Pindaré e o rio Grajaú. O rio Pindaré deságua no rio Mearim a cerca de 20 km da sua foz. O rio Grajaú flui para o rio Mearim por meio do canal do Rigô encontrando o Mearim na área do Golfão Maranhense.

 

                                           REFERÊNCIA

NÚCLEO GEOAMBIENTAL – NUGEO – UEMA. Regiões Hidrográfica do Maranhão. Disponível em:https://www.nugeo.uema.br/?page_id=233#prettyPhoto. Acessado em 25 de setembro de 2015.

 

 

A BLOGOSFERA ARARIENSE

Segundo a wikipédia, blogosfera é o termo coletivo que compreende todos os weblogs (ou blogs) como uma comunidade ou rede social. Muitos blogs estão densamente interconectados; blogueiros (pessoas que administram os blogs) leem os blogs uns dos outros, criam enlaces para os mesmos, referem-se a eles na sua própria escrita, e postam comentários nos blogs uns dos outros. Por causa disso, os blogs interconectados criaram sua própria cultura. 

De acordo com o Portal Info Escola, “com a expansão da internet pelo mundo e a facilidade de comunicação que ela proporciona, cresceu o interessa das pessoas em possuir seu próprio espaço na web. Contudo, para montar uma homepage e publicá-la era necessário ter certo domínio técnico, que poucas pessoas tinham. Hoje, há os bloggers, que são serviços que oferecem ferramentas para possibilitar que internautas comuns publiquem seus próprios textos na internet”. Um desses serviços é oferecido pelo Blogger, do Google, que, por exemplo, é um dos serviços mais utilizados, por ser simples de “mexer” e gratuito.

Quanto a importância dos blogs, podemos destacar a difusão de conhecimento, reflexões sobre áreas específicas, como na educação, por exemplo. Os blogs são fontes de informações e propiciam, também, a interação entre as pessoas e com o mundo através da rede. É uma ferramenta que vem sendo largamente utilizada, e, com o avanço da tecnologia e com o maior acesso das pessoas a ela, certamente, esse universo online, promovido pela blogosfera, irá crescer ainda mais.

Em Arari, há algumas pessoas que utilizam o blog para disseminarem as suas ideias, manifestarem as suas opinião ou divulgarem seus trabalhos e a sua arte. Há ararienses, que, mesmo morando fora da cidade, possuem seus blogs, onde publicam seus textos, suas fotos, enfim, difundem o seu pensamento e mostram para o mundo, haja vista que trata-se de uma rede mundial, o que fazem de melhor. Destacaremos os weblogs administrados por pessoas de Arari, que compõem a nosso blogosfera.

Destacamos o “Blog do Nilson Ericeira”, jornalista, que diariamente traz informações sobre a cidade e informações a nível estadual e nacional relevantes. Publica poemas de sua autoria e pensamentos próprios. O Blog do Nilson pode ser acessado através do endereço: (https://jornalistanilsonericeira.blogspot.com.br/);

O Blog do José Maria Costa é cultural. Uno. Especialíssimo pelo conteúdo que apresenta. Seu administrador, arariense, radicado em São Paulo, publica poemas de sua autoria, da autoria de ararienses, inclusive este professor que escreve este artigo já teve alguns poemas seus publicados na belíssima página do José Maria, que também publica poemas de outros poetas amigos seus espalhados pelo Brasil. O Blog do José Maria Costa é internacionalmente acessado e comentado. Além de poesias, encontra-se também textos em prosa, que falam sobre assuntos relevantes na visão do perspicaz escritor. Podemos acessar o blog através do endereço: (www.josemariacosta.com);

O página do Cleilson Fernandes é magistral. Considero o autor um polígrafo. Site interessante pelo visual e, sobretudo, pelo conteúdo. Traz textos importantes, que despertam a reflexão. Cleilson Fernandes fala sobre educação, comportamento, haja vista o administrador é graduando em Psicologia, e história. Segundo o próprio autor, a página ainda está em fase experimental, mas que, logo, logo, estará pronta. Além de tudo, Cleilson Fernandes possui uma vasta experiência quando o assunto é tecnologia da informação. Criou o site arariNet.com, sites corporativos e governamentais. Um dos campos de atuação que ele mais gosta é justamente a computação, com suas tecnologias de informação e comunicação. Podemos acessar e página do Cleilson através do endereço: (www.cleilsonfernandes.com);

Há o blog De Olho, do Ailton Barros. Um blog de notícias. Nele o autor veicula notícias de Arari, do governo atual do município, no qual ele é secretário de cultura, e notícias nacionais e internacionais. Ultimamente encontra-se desatualizado. Segundo o administrador, é devido à falta de tempo. Acessamos o blog De Olho pelo endereço: (barrosailton.blogspot.com);

O Blog do Ezequiel Neves também é de notícias. Veicula notícias locais, estaduais e nacionais. Enfoca bastante notícias ligadas a política local e estadual, sobretudo. Pode-se acessar através do endereço: (https://ezequielnevesblog.blogspot.com.br/). Ezequiel Neves participa ainda da rede 180 graus.com, espaço destinado a publicação de notícias diversas, inclusive referentes a Arari. Pode ser acessado pelo endereço: (https://180graus.com/arari);

Um dos espaço da internet que eu particularmente mais gosto de acessar é o site do advogado e intelectual arariense Hilton Mendonça Corrêa Filho. Trata-se de uma página eletrônica formidável. Traz um conteúdo interessante, que enfoca aspectos históricos de Arari através de fotos (Sessão memória arariense) e documentos. Obviamente, o autor publica as suas ideias, expõe o seu ponto de vista e discorre sobre vários temas, muitos deles polêmicos, que nos dão a oportunidade de refletir acerca dos seus posicionamentos. Pode-se acessar o prestimoso site de Hilton Mendonça através do endereço: (https://www.hiltonmendonca.adv.br);

O Blog Pens’Arari é uma iniciativa do polo de ensino superior de Arari, criado para divulgar as ações do referido polo. O blog pode ser acessado pelo endereço: (https://www.pensarari.blogspot.com.br);

O comunicador Paulo César Ericeira possui um espaço na internet que traz artigos relacionados aos aspectos históricos de Arari. Pode ser acessado em: (https://paulocericeira.wordpress.com/2015/03/10/coisas-do-arari-parte-i). Há um outro Blog do Paulo César intitulado Ericeira do Arari, que possui artigos relacionados a fatos históricos ararienses. Pode ser acessado pelo endereço: (https://ericeiramamanduba.blogspot.com.br/), este espaço está desatualizado, porém, o conteúdo é interessante.

O site ARARIZANDO, este espaço eletrônico que ora você visita, caro leitor, também integra a blogosfera arariense. Um conteúdo acerca do Arari, como você já conhece.

Há outros sites e blogs de iniciativas governamentais ou de grupos para divulgar as suas iniciativas como o blog do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, que está desatualizado; o site da Prefeitura de Arari; o site Ararinet.com, de propriedade do Instituto Perone. Brevemente a Academia Arariense de letras, Artes e Ciências – ALAC estará lançando o seu site na rede.

De blog em blog, de link em link, Arari vai sendo divulgado na internet. Além dos blogs e site, os ararienses estão nas redes sociais, divulgando informações através de grupos que vale a pena ressaltar aqui. No facebook, por exemplo, há alguns grupos como o “Poesia Arariense”, “Eu sou arariense” e “Arari das Artes”, que apresentam um conteúdo inteligente e que enaltece a nossa auspiciosa terrinha.

 

 

 

                              

CLEBER RIBEIRO FERNANDES: teatrólogo arariense de renome nacional

O teatrólogo Cleber Ribeiro Fernandes, filho do Professor José Francisco Chaves Fernandes e de Isabel Nunes Ribeiro Fernandes, nasceu em Arari no dia 20 de março de 1934 e faleceu no Rio de Janeiro em 1º de dezembro de 1991. Segundo Batalha (2011, p. 252), “estudou o primário em Arari.  Em São Luís, estudou o Ginásio e estreou como ator e autor de teatro”. Ainda segundo Batalha, em e-mails trocados com ele, “Cleber Ribeiro Fernandes escreveu a sua primeira peça teatral infantil, “As galinhas da Tia Chica”, em Arari”.

De acordo com o professor Edson Amaro, em um breve ensaio sobre a sua obra, Cleber Ribeiro era um “apaixonado pelas letras desde pequeno, quando passava o tempo escrevendo seus primeiros textos, migrou para o Rio de Janeiro na juventude em busca de realizar o sonho de ser escritor. Conseguiu que suas peças fossem várias vezes montadas, mas permaneceu com a segurança financeira de um funcionário do Banco do Brasil”.

Diga-se de passagem que, Cleber Ribeiro foi aprovado em concurso público para trabalhar no banco do Brasil, tomou posse na instituição em 5 de maio de 1954, em São Luís. Em seguida partiu para o Rio de Janeiro. Segundo Batalha (2011), “Visitou Arari, pela última vez, em março de 1958, quando já era famoso no sul do País”.

 Sobre as obras teatrais de Cleber Ribeiro, o professor Edson Amaro comenta:

“Em suas peças adultas, sempre há personagens que precisam sair do seu lugar de origem por algum motivo. Os personagens de “Rumor Subterrâneo” saem do interior do Brasil para o Rio de Janeiro, em busca não apenas de ascensão social, mas também de viver mais livremente a sua afetividade.

            O contrário se dá em “Viver em Paz”, quando um funcionário público vai para o interior atraído pelas vantagens que o governo federal oferecia a quem se internasse no sertã – mas que paga a ambição com a ruína de seu casamento: a esposa não suporta a vida do interior e se envolve com um dos colegas de trabalho do marido, única pessoa do lugar por quem consegue nutrir alguma simpatia.

            Nessas histórias, escritas quando o Brasil se modernizava e Juscelino lançava os alicerces de Brasília, Cleber põe a nu as contradições deste país continental, incapaz de um desenvolvimento equânime e que força os êxodos daqueles que buscam alguma realização. Há, em seus textos, uma geografização do desejo, cujo centro é o Rio de Janeiro, que, apesar dos esforços de JK, continuava concentrando em si os olhares da nação, como se fosse uma Terra prometida – que, diferentemente daquela da Bíblia, proporcionaria a realização de desejos reprimidos.

O tema da homoafetividade aparece em “A Torre de Marfim”, de 1959, montada no Rio de Janeiro, no extinto Teatro Mesbla, pela Companhia Tonia-Celi-Autran. No elenco, Tônia Carrero e Paulo Autran, sob a direção de Adolfo Celi. Logo depois, foi publicada em livro, com as duas outras peças mencionadas, pela Gráfica Editora Nap S. A., com prefácio de Celi. Infelizmente, uma raridade bibliográfica que mereceria voltar às livrarias...

            O personagem central da peça é Ricardo, um jovem pintor que saiu de Minas para tentar mostrar sua obra para o Brasil que, naquela época, convergia para o Rio. Na cidade que tinha acabado de perder o título de capital da República, envolve-se com Ângela, uma mulher mais velha, em cujo apartamento passa a morar no bairro de Copacabana.

            A vida do casal transcorre tranquilamente, até que Ricardo passa a receber telefonemas de alguém que ele diz ser um irmão que o estaria pressionando a voltar para Minas porque, ainda segundo ele, sua família conservadora não aceitava aquele relacionamento.

            No decorrer da peça, Ângela acaba encontrando-se com o autor dos misteriosos telefonemas, e este alega que é Ricardo que insiste em lhe telefonar. Descobre-se, então, que eles mantêm uma relação homoafetiva e que Ricardo tem uma vida dupla”.

Além de Edison Amaro, outros eminentes escritores brasileiros falaram sobre a magnitude da obra literária do teatrólogo, arariense, Cleber Ribeiro Fernandes. O renomado escritor e crítico de teatro, Sábato Magaldi, em texto publicado originalmente em 1962, fala dos méritos de Cleber e lamenta que a obra do autor, segundo ele, “marcado, sobretudo, por Ibsen e Chekhov”, sofresse “um ligeiro ostracismo”, pois, naquela época de ebulição política, “a procura sistemática de uma dramaturgia de denúncia dos privilégios e das injustiças apagou um pouco as outras correntes, sobretudo as de fundo psicológico. Qualquer texto com foros de subjetividade é preterido por aqueles que enfrentam as questões sociais, talvez por serem mais apaixonantes na quadra que atravessamos” (MAGALDI, Sábato. Panorama do Teatro Brasileiro. 6ª edição. São Paulo: Global, 2004, pág. 275). “Sim, de fato, a obra de Cleber é intimista, mas nem por isso menos política”, frase do professor Edson Amaro.

          Maria Clara Machado, em seu livro “Artistas Brasileiros, publicado pela Universidade de São Paulo - USP, em 1998, na página 75, faz a seguinte citação de um dos textos de Cleber Ribeiro Fernandes sobre o teatro infantil:

“Apesar de todas as aparências em contrário – e, nestas, estou incluindo os concursos de peças e festivais de espetáculos infantis – ninguém pode negar que o teatro infantil em si é tido como gênero menor. Antes que se formule os equívocos de boa ou má-fé, devo dizer que participo conscientemente desta opinião. Sentindo-me à vontade para fazê-lo porque durante algum tempo advoguei o preceito às avessas de que o texto infantil suportaria os critérios desejáveis para a apreciação dos demais gêneros, isto é, de toda e qualquer manifestação teatral destituída de bitola quanto à idade do público”.

Cleber Ribeiro Fernandes foi colunista e crítico de teatro do Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro. Em 14 de fevereiro de 1959, por exemplo, o JB publicou a crítica teatral “Quando despertamos de entre os mortos”, onde Cleber fala sobre a obra do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, um dos escritores que influenciou o nosso teatrólogo. No artigo Cleber fala também da importância da formação de atores para o teatro. Fala das dificuldades dos atores de teatro e, enfaticamente, escreveu:

“Na realidade, são poucos os atores que, ao receberem seu “diploma”, estão aptos a desempenharem com justeza a menor ponta que seja num conjunto teatral de boa categoria”.

E complementa:

“Não lhes cabe a culpa disso, nem ao menos podemos dizer que caiba ela aos professores em geral, pois há alguns, nas três escolas reconhecidas do Rio de Janeiro, que em verdade se esforçam para realizarem alguma coisa. Infelizmente, esse esforço é derrotado “a priori” por vários elementos, tais como: instalações inadequadas, “curriculum” mal organizado, falta de apoio no desenvolvimento do ator em formação pela deficiência do ensino, etc.”

Cleber Ribeiro Fernandes é mais um notável arariense que o nosso povo não conhece, infelizmente. Espero que este artigo possa ser válido no sentido de corrigir este lapso em nossa memória. Cleber Ribeiro Fernandes com a sua importante obra teatral, figura entre os grandes artistas brasileiros do teatro como autor e ator. Foi várias vezes premiado. Ganhou notoriedade nacionalmente. Desse modo, em Arari, merecidamente ele deve ser reverenciado. Precisamos dá o mérito a quem, de fato, possui. Ao pesquisar e estudar sobre a obra de Cleber Ribeiro Fernandes, o meu orgulho de ser de Arari ficou ainda mais evidente, ficou maior. Mais um gênio que Arari produziu. Sim, usei o adjetivo gênio. Pois, se para os grandes críticos teatrais do Brasil Cleber foi magnânimo em sua obra, para nós, seus conterrâneos, ele será um gênio. Um gênio do Teatro Brasileiro-Arariense.

 

REFERÊNCIAS

AMARO, Edson. Cleber Ribeiro e a geografia do desejo. Ensaio publicado na Revista Sex Boys,

BATALHA, João Francisco. Um Passeio Pela História de Arari. 1ª edição. São Luís, Lithograf, 2011, p. 252.

JORNAL DO BRASIL. Quando Despertamos de entre os Mortos. Artigo de Cleber Ribeiro Fernandes, publicado em 14 de fev. 1959.

MACHADO, M. Clara. Artistas Brasileiros. São Paulo, Ed. USP, 1998, p. 75.

MAGALDI, Sábato. Panorama do Teatro Brasileiro. 6ª edição. São Paulo: Global, 2004, pág. 275).

 

FESTA DA GRAÇA: 204 anos de Fé e tradição em Arari

Inicio este artigo, valendo-me das informações que constam no livro “Um Passeio Pela História do Arari, do escritor arariense João Francisco Batalha, onde na página 334 nos diz:

“A Festa da Graça foi instituída em Arari a partir de 1811, data em que a imagem da padroeira do nosso município chegou ao então povoado e foi recolhida ao seu templo, no dia 5 de agosto daquele ano, para inauguração da capela no dia seguinte. No ano da chegada da imagem, houve celebração e canto solene do Te, Deum, em ação de graças. A imagem veio de Vitória do Mearim, em uma embarcação decente e vistosamente ornada, que puxava uma procissão acompanhada por quatrocentas pessoas, aproximadamente, em diversas outras embarcações caprichosamente enfeitadas. Pelo rio, canoas enfeitadas com bandeirolas coloriam o Mearim, entre a vila da Vitória e o povoado do Arari. Os romeiros, todos bem trajados, à moda da época, muito se esforçaram e contribuíram para o brilhantismo da festa, soltando foguetes, bradando vivas, tocando músicas e dando outras demonstrações de alegria durante a viagem, até o lugar Bebedouro, principal porto da Franca (em frente à capela Santa Luzia), de onde caminharam a pé até a capela, onde foi colocada a imagem de Nossa Senhora da Graça. O cortejo e a festa foram organizados por Lourenço da Cruz Bogéa e sua mulher, Isabel de Hungria Martins Bogéa. A procissão foi acompanhada pelo vigário Inácio Homem de Brito, e os festejos se prolongaram até o dia 15 de agosto” (BATALHA, 2011, p. 334).

São 204 anos da Festa da Graça. Um dos festejos católicos mais antigos do Maranhão. Após mais de dois séculos, a Festa de Nossa Senhora da Graça continua embalando a fé do povo católico de Arari e adjacências. As novenas, sempre animadas, atraem uma grande multidão para a praça da Igreja Matriz. Os fiéis manifestam a sua devoção à Mãe de Jesus Cristo com intensidade e participação. Um festejo bicentenário que vai muito além da tradição. Que reacende a Fé e deixa a cidade mais alegre, trazendo a esperança por dias melhores através da interseção de Nossa Senhora da Graça.

Encerro este artigo citando um trecho do hino de Nossa Senhora da Graça, que possui letra da Irmã Madalena Vichiano, com arranjo musical da Irmã Auzira Amoroso: “Senhora da Graça, rogai por nós. Senhora da Graça, olhai por nós. Para este povo fiel, que vos implora, e unido vos aclama Auxiliadora”.

                                              REFERÊNCIA

BATALHA, João Francisco. Um Passeio Pela História do Arari. São Luís: Lithograf, 2011.

 

CONHECIMENTO PRÁTICO ARARIENSE

O conhecimento empírico é aquele conhecimento que adquirimos no dia-a-dia, com base na tentativa e erro, ou seja, o conhecimento adquirido através da observação, da experiência, do senso comum, dispensando a necessidade de comprovação científica. Empírico tem sentido de experiência cotidiana.

Apesar do grandioso avanço do conhecimento científico, ainda existe muita crença nos saberes oriundos da experiência, sobretudo na medicina alternativa. Muitos homens e mulheres se sobressaíram e ainda se sobressaem nesta prática em Arari, receitando medicamentos, fazendo incursões, benzições, utilizando da homeopatia, enfim, procurando ser prestativos ao povo com os seus conhecimentos práticos.

Citarei, neste breve artigo, alguns desses notáveis que foram e/ou ainda são bastante procurados pelos seus prestimosos serviços. Pessoas estas por quem eu tenho muito respeito e consideração, haja vista que muito contribuíram e contribuem para o restabelecimento da saúde da nossa população, principalmente dos mais carentes, que, muitas vezes, não encontram atendimento na medicina convencional e acabam encontrando a solução para os seus males físicos nos tratamentos alternativos de experientes senhores e senhoras.

Por esta terra arariense passou, por exemplo, o Sr. Nicolau, que nas décadas de 40 e 50 do século XX, usava o método terapêutico da homeopatia para curar os seus clientes. Por causa desta atividade, que, segundo nos fala José Fernandes em seu livro Gente e Coisas da Minha Terra, página 66, “era considerado o médico da cidade”. Até pouco tempo, quem desenvolvia o tratamento pela homeopatia em Arari era o Sr. Hilton Mendonça, que deixou a atividade por não possuir mais boas condições físicas e devido o avanço na medicina científica.

No Povoado arariense de Itaquipetuba, morava o Sr. Pedro Alexandrino da Silva, o Pedrinho da Silva, que era muito procurado por seus serviços como Curandeiro. Padrinho da Silva era famoso pelas suas curas milagrosas. Hoje, quem continua o seu trabalho de curar é a sua filha, a senhora Antonia Silva, que também é muito requisitada e possui um vasto conhecimento sobre as plantas medicinais.

Tivemos aqui os serviços de orientação farmacêutica do Sr. Raimundinho. Farmacêutico decente e que detinha um grandioso conhecimento sobre medicamentos. Geralmente receitava “na mosca” os medicamentos que prescrevia. Por falar em farmacêutica, não podemos deixar de citar a Dona Cota Ericeira. Dona Cota, como a conhecemos, realiza uma consulta melhor até que muitos médicos formados. Suas orientações e indicação de medicamentos são certeiros. A sua experiência é invejável, além da dedicação e zelo que possui pelo seu admirável ofício.

Tonico Santos é outra autoridade quando o assunto é medicina alternativa. Possuidor de uma notável experiência, muito já contribuiu com os ararienses no tratamento de enfermidades. Hoje, mora e realiza o seu admirável e respeitável ofício na capital do Estado, São Luís.

Que não se lembra do Sr. Camilo Cordeiro? Um especialista em tratar de ossos fraturados. Entendia do ofício como ninguém. Oxalá, melhor até do que alguns ortopedistas que existem por aí. Quando alguém fraturava um osso, Seu Camilo era logo procurado para fazer o tratamento e “colocá-lo no lugar”.

Além destes que citei, há outros mais, que com talento e com o conhecimento adquirido pela vasta experiência, foram e são verdadeiros “doutores” para a nossa população. “Doutores” da experiência e do conhecimento empírico transmitido por seus ancestrais ou adquiridos através da observação. Conheci e conheço outros (as) como Seu Raimundo Napoleão (Pau Seco); Dona Vineca; Procópia; Antonia Vermelha; Dona Deuseli; Seu Zé Sousa (do Perimirim)... Outros não conheci mas que são famosos como Jorge Oliveira; Antonio Anísio Garcia...

ARARI: Religião e religiosidade

A palavra religião deriva do termo latino "Re-Ligare", que significa "religação" com o divino. Essa definição engloba necessariamente qualquer forma de aspecto místico e religioso, abrangendo seitas, mitologias e quaisquer outras doutrinas ou formas de pensamento que tenham como característica fundamental um conteúdo metafísico, ou seja, de além do mundo físico. As religiões são um fenômeno inerente a cultura humana, assim como a Arte, a Filosofia e a Ciência.

Karl Marx (1818-1883), na sua crítica irreligiosa, enfatizou: “A religião não faz o homem, mas, ao contrário, o homem faz a religião”. Polêmicas à parte, pois o meu intento aqui não é polemizar a questão da religião, mas, sim, falar da religiosidade do povo arariense e apresentar dados estatísticos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – através do Censo Demográfico de 2010, dos aspectos religiosos da população de Arari.

Em 2010, segundo o IBGE, o município de Arari possuía 28 488 habitantes. Deste total, 23 127 declararam-se católicos. Sendo 11 226 mulheres praticantes do catolicismo e 11 901 homens também católicos.

A população evangélica de Arari é representada, também de acordo com o censo demográfico de 2010, do IBGE, por 4 304 pessoas. A Assembleia de Deus possui 3 109 seguidores; A Igreja Batista com 341 seguidores; Igreja Adventista do Sétimo Dia com 330 seguidores; Igreja do Evangelho Quadrangular com 186 seguidores; Igreja Universal do Reino de Deus com 139 seguidores; e Testemunhas de Jeová com 120 seguidores, são as Congregações evangélicas com maior quantidade de fiéis em Arari. Há outras congregações evangélicas com números menores de seguidores, não citados neste artigo. Segundo o Censo, 88 pessoas declararam-se evangélicas, porém, não determinaram a qual Congregação pertencem.

O IBGE verificou ainda que 892 ararienses declararam-se sem religião. 16 ararienses declararam-se ateus. E 23 não souberam responder a qual religião pertencem. Fazendo uma interpretação desses dados, observa-se que, 97% dos ararienses, aproximadamente, possuem religião. Observa-se, ainda, que a religiosidade do nosso povo é expressiva e latente. Os festejos católicos, mormente o festejo de Nossa Senhora da Graça e o festejo de Bom Jesus dos Aflitos, assim como os Congressos Evangélicos, como o Congresso da União da Mocidade da Assembleia de Deus (UMADA), por exemplo, atraem milhares de pessoas para a cidade de Arari anualmente. Fomentando, dessa forma, o turismo religioso no município.

Finalizo citando Tenzin Gyatso, o Dalai Lama: “A melhor religião é aquela que te faz melhor”. Ou seja, para o Dalai Lama, a religião deve tornar o homem mais humanitário, compassivo, amoroso, responsável...

 

 

 

Arari e o IDHM (Índice de Desenvovimento Humano Municipal)

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é uma medida composta de indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano.

A metodologia de cálculo do IDHM

O IDHM é um índice verificado pelo Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento (PNUD), que agrega três das mais importantes dimensões do desenvolvimento humano: a oportunidade de viver uma vida longa e saudável, de ter acesso ao conhecimento e ter um padrão de vida que garanta as necessidades básicas, representadas pela saúde, educação e renda.

Vida longa e saudável é medida pela expectativa de vida ao nascer, calculada por método indireto a partir dos dados dos Censos Demográficos do IBGE. Esse indicador mostra o número médio de anos que as pessoas viveriam a partir do nascimento, mantidos os mesmos padrões de mortalidade observados no ano de referência. Acesso a conhecimento é medido pela composição de indicadores de escolaridade da população adulta e do fluxo escolar da população jovem. A escolaridade da população adulta é medida pelo percentual de pessoas de 18 anos ou mais de idade com fundamental completo; e tem peso 1. O fluxo escolar da população jovem é medido pela média aritmética do percentual de crianças entre 5 e 6 anos frequentando a escola, do percentual de jovens entre 11 e 13 anos frequentando os anos finais do ensino fundamental (6º a 9º ano), do percentual de jovens entre 15 e 17 anos com ensino fundamental completo e do percentual de jovens entre 18 e 20 anos com ensino médio completo; e tem peso 2. A medida acompanha a população em idade escolar em quatro momentos importantes da sua formação. A média geométrica desses dois componentes resulta no IDHM Educação. Os dados são do Censo Demográfico do IBGE. Padrão de vida é medido pela renda municipal per capita, ou seja, a renda média de cada residente de determinado município. É a soma da renda de todos os residentes, dividida pelo número de pessoas que moram no município - inclusive crianças e pessoas sem registro de renda. Os dados são do Censo Demográfico do IBGE. Os três componentes acima são agrupados por meio da média geométrica, resultando no IDHM.

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL (IDHM) DE ARARI

O IDHM de Arari em 1991 foi de 0,331. Nove anos depois, em 2000, o índice subiu para 0,470. Após 10 anos, em 2010, o Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento – PNUD – mensurou o IDHM de Arari novamente e obteve 0,626. Um índice mediano, mas que coloca o município de Arari entre os 50 municípios do Maranhão com maior e melhor IDHM. Entre os 21 municípios que compõem a Baixada Maranhense, Arari detém o segundo melhor índice. Ficamos atrás apenas do município de Pinheiro. Apresentamos um desenvolvimento humano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE -, melhor do que muitos municípios maranhenses mais antigos como Vitória do Mearim, Viana, Anajatuba, Chapadinha, São Bento, Santa Helena, dentre outros pelo Maranhão adentro.

 

 

MEARIM, rio de águas pardacentas

O Mearim é um rio perene, genuinamente maranhense, que “contribui para a pujança de uma das grandes características amazônicas da zona costeira, que é a Baixada Maranhense, com seus campos inundáveis análogos aos campos de várzeas do rio Amazonas e Marajó” (SOARES, 2005, p. 33). Esses campos ocorrem, em sua maior parte, no baixo curso do Mearim e do Pindaré, onde está mais de 70% do total. O rio Mearim é denominado de “Izu” (rio de águas pardacentas), devido à grande quantidade de séston (conjunto das partículas, orgânicas ou não, que se encontram dispersas na coluna de água e que, para além de poderem constituir alimento para alguns organismos, têm um papel importante na difusão da luz na água e, portanto, na produção primária).
Seu curso possui 930 km e têm uma bacia hidrográfica da ordem de 99 058 km2. Compreendendo 29,84% da área total do Estado do Maranhão. Integra 83 municípios, sendo que 50 municípios localizam-se totalmente dentro da Bacia Hidrográfica, inclusive Arari.  Face às suas características topográficas, o Mearim apresenta o fenômeno da pororoca e as marés chegam a atingir até 170 km da foz que, associadas ao aumento de precipitação no interior do Estado, ocasionam as cheias (Sematur, 1991).
 As marés “contribuem para um altíssimo potencial de renovação hídrica no baixo curso e região estuarina do rio Mearim. Para melhor visualizar este potencial, basta dizer que o volume de água renovado em apenas uma maré de sizígia, no trecho entre a foz do Mearim (Baia de São Marcos) e Arari, está na ordem de 45 000 000 m³, o que equivale a cerca de cinco meses de consumo de água de toda a área metropolitana de São Luís” (SOARES, 2005, p. 34). Essa hidrodinâmica é fundamental para a manutenção da vida mearinense. É na foz do Mearim que se encontra a maior área contínua de manguezal do Brasil, com 30 mil hectares de mengues. As águas do Mearim apresentam uma quantidade de séston equivalente a 55, 81 mg/l, na preamar. A vazão média do rio, na cidade de Arari é de 71,77m³/s. A precipitação total (chuva) é de 1 672 mm, uma precipitação característica de rio pré-amazônico.

                       REFERÊNCIAS

SOARES, Éden. Peixes do Mearim. São Luís, Instituto Geia, 2005.

SECRETARIA DO ESTADO DO MEIO AMBIENTE E TURISMO – SEMATUR. Diagnóstico dos principais problemas do Estado do MA. 1991.

Melancia produzida em Arari-MA. (FOTO: Retirada da Internet)  

ARARI AINDA É A TERRA DA MELANCIA

Tradicionalmente, o município de Arari é considerado como a “Terra da Melancia”. E podemos, ainda, nos orgulharmos deste título. Arari produziu, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2013, 440 toneladas de melancia, em uma área plantada de 55 hectares. Dentre os municípios da Baixada Maranhense, de longe, somos o maior produtor da fruta.

Produzimos mais do que São Bento, que é o segundo maior produtor da região, com 425 t; Vitória do Mearim, com 238 t; Viana, com 98 t; Cajari, com 210 t e Mirinzal, com 261 toneladas. Nossa produção é bem maior do que alguns grandes municípios maranhenses, como Pinheiro, Imperatriz, Caxias, Bacabal, Timon e Santa Inês. Produzimos, ainda segundo o IBGE, mais do que São Luís, a capital do Estado.

Todavia, ficamos bem atrás do município de Balsas, que produziu pouco mais de 14 mil toneladas da fruta, numa área plantada quase oito vezes maior do que a de Arari, com 410 hectares. Essa megaprodução de melancia do município de Balsas, coloca em xeque o título arariense de “terra da melancia? A meu ver, não. Eu explico os motivos: O município de Balsas é uma potência agrícola nacional. Possui uma área territorial treze vezes maior do que a de Arari, ou seja, 13 141, 6 km². A localização do território de Balsas propicia o cultivo da lavoura o ano inteiro; as características do solo são muito diferentes do solo arariense. As lavouras são irrigadas, mantidas por empresas agrícolas que visam a exportação. Em Arari, isso fica mais difícil devido as condições do solo e a área destinada ao cultivo da melancia ser proporcionalmente pequena. O cultivo da melancia é desenvolvido pela agricultura familiar, em pequenas propriedades, em vazantes e em capoeiras.

Contudo, deixando Balsas de lado, que é um caso à parte, Arari segue com o nome de “Terra da Melancia” com méritos, devido a competência e a determinação dos nossos agricultores. Quatrocentos e dez mil quilogramas de melancia produzidos é uma produção razoável. Acredito que essa quantidade pode ser aumentada. E decerto será. É preciso, desse modo, mais incentivo, financiamento e orientação técnica eficazes. A qualificação dos produtores, investimentos em sementes de boa qualidade e correções no solo podem contribuir para a melhoria da nossa produção. Não sou agrônomo. Não entendo “xongas” de lavoura. Mas sei que tudo pode ser melhorado, inclusive a nossa produção de melancia.

 

 

 

 

 

 

 

 

LENDAS ARARIENSES

A Procissão vista no campo

Naquela tempo era comum organizar-se em procissão, quaisquer cortejos, com imagens, pessoas de destaque, pessoas enfermas ou falecidas. Certo dia, em que era esperado alguém que adoecera em um lugarejo fora de Arari, foi visto à noite, no campo que fazia a continuação da vila, um cortejo, com muita gente, trazendo velas acesas, em forma de procissão. À vista do que se via, tratava-se daquela pessoa doente que estava sendo transportada, viva ou mesmo morta, para a vila

Grande número de pessoas se organizaram para ir ao encontro, na certeza de que se confirmava a expectativa. E em direção ao séquito ainda distante, seguia respeitosamente o povo, também em forma de procissão. À medida que mais perto iam chegando, confirmava-se a presença de uma procissão, verdadeiramente fúnebre.

Para surpresa de todos, o cortejo de luzes desaparecera momentâneo e misteriosamente, quando já bem perto um do outro, estavam ambos os grupos. Estarrecidos à frente daquele fantasmagórico momento, o povo se fez voltar, tomado de grande surpresa e pavor. Na verdade aquele enfermo falecera, e no dia seguinte seu corpo fora trasladado para a vila de Arari, onde deveria ser feito o sepultamento.

 

TEXTO TRANSCRITO DO BLOG CONEXÃO ARARI. 
 

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ARARI E SEUS LIMITES TERRITORIAIS

 

O município de Arari, localizado da Mesorregião Norte maranhense, microrregião da Baixada Maranhense, limita-se com os municípios de Vitória do Mearim, de quem foi desmembrado em 27 de junho de 1864; Miranda do Norte, Viana, Anajatuba, Cajari, Conceição do Lago Açu e Matões do Norte, este tomou conta de alguns povoados ararienses, como Morro Grande e Coivaras, por exemplo. Arari é banhado pelo Rio Mearim, o rio do povo, na língua tupi. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2010, a população arariense é de 28 488 habitantes. Provavelmente, o município tenha sido fundado pelo Padre José da Cunha D'éça, em 1723. Essa informação consta no secular Dicionário Histórico Geográfico da Provincia do Maranhão, de César Augusto Marques; consta do prestimoso livro de Eloy Coelho Neto, Geo-História do Maranhão; e em obras de escritores ararienses como José Fernandes e Adenildo Bezerra, ambos acadêmicos da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências - ALAC, e pesquisadores interressados pelos assuntos ararienses. 

*A imagens acima foi retirada do livro "Um Passeio Pela História do Arari, de João Francisco Batalha, 2011, p. 300.

(Imagem retirada da INTERNET)

ARARI: comércio informal

O comércio informal é o tipo de atividade realizada sem registro jurídico e fiscal, e sem arrecadação tributária. Desse modo, é exercida sem o devido regimento legal. Trata-se, portanto, de uma das atividades mais antigas das quais se tem conhecimento. Nos dias de hoje, o comércio informal está presente no mundo todo. Nem todas as pessoas têm condições de possuir um estabelecimento devidamente legalizado, sobretudo no Brasil, onde a burocracia é um entrave grandioso na abertura, legalização e manejo de uma empresa.  

Esse ramo comercial vem se desenvolvendo bastante em Arari. Seja por falta de emprego formal, com carteira assinada, por exemplo; seja pela limitação de trabalho na cidade; seja pela baixa escolaridade do trabalhador; ou, também, porque o “comerciante” vê nesse tipo de atividade uma forma de se livrar da massacrante carga tributária, que é altíssima em nosso país, diga-se de passagem.

Existem vários indivíduos, em Arari, trabalhando nesse tipo de ramo comercial, aos quais destacamos: sacoleiras, camelôs, vendedores de alimentos espalhados pelas esquinas da cidade (vendas de churrasquinhos, lanches, churros, por exemplo); vendedores de bebidas alcoólicas (bares), vendedores ambulantes de peixes, frutas, verduras, picolés; sem falar na venda indiscriminada de CDs e DVDs pirateados; além da venda ambulante de remédios fitoterápicos, cujos estes, muitas vezes, são de procedência duvidosa, e os vendedores juram que são capazes de curar várias enfermidades

Mediante a crise socioeconômica que o mundo atravessa, aliada a baixa qualificação profissional e educacional a que boa parte da população esta inserida, o comércio informal é uma alternativa de trabalho e renda que garante a sobrevivência de muitas famílias. Todavia, o município acaba por sofrer prejuízo, haja vista que não há arrecadação de impostos oriundos desse tipo de trabalho, o que implica na diminuição do Fundo de Participação Municipal (FPM), e, consequentemente, o ente federativo não usufruirá, efetivamente, dos recursos públicos. O trabalhador, por sua vez, deixa de ter acesso a direitos trabalhistas como: férias remuneradas, décimo terceiro, FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), seguro desemprego, dentre outros benefícios; e, também, previdenciários, caso não contribua com algum tipo de previdência.

A expansão desordenada do trabalho informal é culpa da falta de políticas públicas condizentes e eficazes, voltadas para a qualificação do trabalhador, para a formação e preparação escolar sólida da juventude, principalmente para aqueles jovens que integram a população mais carente.

 

TIPOS DE SOLOS PREDOMINANTES NO MARANHÃO

A principal referencia sobre os solos maranhenses, em escala regional, e do mapa acima é: JACOMINE, P.K.T. et al. Levantamento exploratório-reconhecimento de solos do Estado do Maranhão, Rio de Janeiro, Embrapa-SNLCS/SUDENE-DRN, 1986. Os solos representam a base de numerosas atividades humanas. O geólogo o entende como rocha decomposta e indicador de processos geológicos passados; o agrônomo o vê como sustentáculo da vida; para o engenheiro civil interessa o seu comportamento mecânico e hidráulico. O pedólogo vê o solo como corpos naturais, portadores de vida microbiana e resultante de complexos processos realizados na interface litosfera-atmosfera-biosfera, num certo período de tempo e em certas condições topográficas (OLIVEIRA e BRITO, 1998; LEPSCH, 2002). Para o geógrafo, o conhecimento de sua origem e dinâmica ambiental é significativo para determinar potencialidades e fragilidades no uso e ocupação de um território. Considerando a grande extensão territorial do Maranhão e observando o mapa de solos do Brasil, é possível perceber o quanto é significativa a variedade de solos desse Estado. Por sua posição geográfica, predominam solos tropicais. Pelo predomínio de rochas sedimentares, são grandes as extensões cobertas por latossolos, argissolos e neossolos, entre outros. Considerando esta diversidade pedológica, optou-se por apresentar a seguir somente os solos de maior abrangência espacial, correspondendo a mais de 95% da área do estado do Maranhão. A descrição desses grandes grupos segue a recomendação da Embrapa 2006).

Os Latossolos e suas variações (amarelos, vermelho-amarelos, vermelho-escuros e roxo) caracterizam-se por sua grande profundidade, resultante de longo processo evolutivo e pela baixa fertilidade natural. São normalmente solos ácidos, de boa drenagem, permeáveis, exceto quando apresentam textura muito argilosa. São solos típicos de regiões equatoriais e tropicais e são normalmente encontrados em áreas de relevos plano e suave ondulado. São comuns na bacia do Tocantins, na parte centro sul, até Barra do Corda e na bacia do Itapecuru.

Os Argissolos, antigos Podzólicos vermelho-amarelos e vermelho-escuros, são solos com elevado teor de argila nos horizontes mais profundos. São bem estruturados, com profundidades variáveis e cores avermelhadas e amareladas. A textura varia de arenosa a argilosa, com presença de caulinita. A maior concentração desse grupo de solos está ao norte do Estado, na região do médio Mearim, e no vale do Itapecuru, ao sul de Caxias.

Plintossolos são solos normalmente ácidos e mal drenados, característicos de clima tropical com estações secas e chuvosas bem marcadas e de área s de relevo plano, como várzeas e terraços fluviais. A formação da plintita, com sua característica cor vermelha ou amarela e grãos mais ou menos arredondados, resulta da variação no nível da umidade do horizonte plintico. Surgem às margens dos rios do leste e da Baixada maranhense.

Neossolos é a denominação mais recente para o grupamento de solos pouco evoluídos, sem horizonte B diagnóstico definido. Reúne diversos solos “jovens” como os Litólicos (Neossolo Litólico), os Aluviais (Neossolo Flúvico), os Regossolos (Neossolo Regolítico) e as Areias Quartzosas (Neossolo Quartzarênico). São considerados solos jovens porque estão em via de formação, graças ao material que lhes deu origem, como um afloramento de rochas, ou pela reduzida atuação da pedogênese. Os Neossolos Litólicos são rasos e pedregosos e surgem largamente no sul e sudeste do Estado. As areias quartzosas ou Neossolos Quartzarênicos e aparecem na porção nordeste do Maranhão, na região do Delta do Parnaíba e nas áreas vizinhas às dunas do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Os aluviais ou Neossolos Flúvicos são derivados de sedimentos aluviais e dominam grandes extensões de vales, principalmente o do rio Mearim.

Gleissolos são solos hidromórficos, mal a muito mal drenados, sendo encontrados em áreas periódica ou permanentemente saturadas com água. São bastante desgastados e fortemente ácidos. Apresentam profundidade variável, dependendo da saturação do solo com relação ao relevo. São comumente encontrados em fundos de vales, na região do Gurupi e na Baixada maranhense.

P.S. (Texto produzido pelo Departamento de Geomorfologia da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA. Reproduzido, na integra, neste sítio eletrônico).

REFERÊNCIAS

EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 2.ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006.

BLOG GEOMORFOLOGIA. Disponível em: < https://geomorfologiacesc.blogspot.com.br/2012/04/solos-do-maranhao-mapa-e-notas.html>. Acessado em 15 de maio de 2014.

OLIVEIRA, A.M.S e BRITO, S.N.A. de. (ed.). Geologia de engenharia. São Paulo: ABGE,1998.

LEPSCH, I.F. Formação e conservação dos solos. São Paulo: Oficina de textos, 2002.

 

 

 

HISTÓRIA DE ARARI

Dualidade administrativa

O saudoso Padre Brandt, no livro Assuntos Ararienses II, deixou-nos detalhes desse fato curioso da nossa história política de 150 anos. Aqui, resumidamente, transcreveremos tal fato:

No dia 30 de outubro de 1912, houve eleição em Arari para deputado estadual, Intendente municipal (que correspondia ao cargo de prefeito) e vereadores. Para o cargo de Intendente candidataram-se Marcelino Eduardo Chaves e Lucílio Quintino Fernandes. O resultado da eleição foi favorável ao candidato Marcelino Eduardo Chaves, que teve 262 votos contra 249 votos dados a Lucílio Quintino Fernandes. Uma diferença de 13 votos, segundo a apuração feita.

Essa escassa diferença levou o grupo derrotado a contestar a vitória de Marcelino Chaves, sob a alegação de fraude na confecção das atas eleitorais, e, por isso recorreram ao Congresso Estadual, que na época tinha o poder de julgar as eleições fraudulentas. E assim, foi concedido habeas-corpus a Lucílio Fernandes para que ele pudesse assumir o cargo de Intendente de Arari.

Após seis meses da posse de Lucílio Fernandes, Marcelino Chaves dirigiu ofício ao Governador do Estado Luiz Domingues, que era seu aliado político, que lhe concedeu o direito de também assumir a Intendência do município, e ainda mandou para Arari grande contingente policial, para garantir a posse de Marcelino Eduardo Chaves e coibir as pretensões de Lucílio e seu grupo. Assim, Arari passou a ter uma dualidade administrativa, ou seja, dois administradores.

Durante esse conturbado período político, aconteceram incidentes lamentáveis em Arari, agressões, prisões ilegais, abusos de toda natureza. Em 1919, ocorreu um ato insano.  Foi a destruição de uma tipografia, que teve seus equipamentos jogados no rio Mearim, e que faria a impressão do primeiro jornal impresso em Arari, que por ironia do destino intitulava-se “A Ordem”. Esse acontecimento ignominioso foi relatado com maestria pelo nosso eminente escritor, José Fernandes, em sua crônica denominada - Uma vergonhosa noite do passado -, que se encontra no livro, de sua autoria, Coisas e gente de minha terra.

(FOTO: FAPEMA)

OS ATERRADOS, formação vegetacional peculiar em nossa região

Na Baixada Maranhense, a variação no nível da água, representada pelos períodos de cheia e de seca, provoca alterações nas características dos habitats inundáveis. (DA SILVA et al. apud PINHEIRO et al., 2001). Neste ambiente baixadeiro, há uma grande diversidade de tipologias vegetacionais. Destacando-se: babaçuais, cerrado e cerradão, campos inundáveis e herbáceos, matas secundárias (Capoeiras), florestas primárias, matas de aterrado (Aterrados), entre outras formações.

Neste artigo, iremos nos reportar aos Aterrados. Ambientes peculiares desta região biodiversa. São de suma importância para a manutenção da vida silvestre e do nível de águas dos lagos regionais. Não é exagero afirmarmos que sem os Aterrados, muitos lagos da Baixada Maranhense secarão. Daí a necessidade da sua preservação.

Os aterrados “são áreas banhadas por águas quase paradas, pantanosas. Na sua formação, camadas de gramíneas e outras plantas aquáticas de menor porte vão gradativamente se acumulando de substrato em substrato, onde crescem plantas de porte cada vez maior. Com a morte de muitas espécies, que não conseguem adaptar-se sem solo, acumula-se a matéria orgânica. A espessura aumenta com o passar do tempo. Na Baixada Maranhense são encontrados dois tipos de aterrados: os flutuantes (que levantam com a subida das águas, durante o período de chuvas) e os não flutuantes (presos ao solo)” (Blog Geografando).

“Em áreas onde há o predomínio da Aninga (Montrichardia arborescens; Araceae), os Aterrados são supostamente mais recentes, em formação. Onde existe o Buriti (Mauritia flexuosa), os Aterrados são mais antigos, e em consequência mais espessos com o acúmulo de matéria orgânica, sendo mais firmes como substrato para espécies vegetais de grande porte, como a Gameleira (Ficus sp.; Moraceae), e de palmáceas, como o Buriti, a Juçara (Euterpe oleracea Mart.; Palmae), a Bacaba (Oenocarpus distichus Mart.; Palmae) e a Titara (Desmoncus sp.; Palmae), com a presença de cipós e samambaias. Os Aterrados são de uso comum, ainda que em áreas particulares. Assim sendo, os recursos naturais podem ser usados por todos. Quase toda a produção de Juçara sai dessas unidades de paisagem. As crenças locais têm grande importância sobre sua conservação, pois a crendice popular de que eles estejam protegidos pelos “encantados”, entidades sobrenaturais, é o que mantém os agressores afastados, principalmente dos Aterrados flutuantes, ou ilhas flutuantes, como são mais conhecidos na região” (ARAÚJO, 2008, p. 32 e 33). Os aterrados constituem áreas importantes para a reprodução de muitas espécies de peixes, além de locais de alimentação e abrigo. São verdadeiros berçários naturais, sobretudo para as aves piscívoras.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Naíla Arraes de. Relações ecológicas entre a fauna ictiológica e a vegetação ciliar da região lacustre do baixo Pindaré na Baixada Maranhense e suas implicações na sustentabilidade da pesca regional. UFMA, 2008. (Dissertação de Mestrado).

BLOG GEOGRAFANDO. Disponível em: <https://luizjorgedias.blogspot.com.br/2011/03/ecologia-de-paisagem-e-baixada.html>. Acessado em 29 de maio de 2014.

PINHEIRO, Claudio Urbano B; ARAÚJO, Naíla Arraes; AROUCHE, Galdino Cardinal. Plantas Úteis do Maranhão. Região da Baixada Maranhense. São Luís: Editora Aquarela, 2010, p. 16 e 17.

 

 

(Foto: Site da UFMA)

A cabacinha, fruto exótico, tóxico e medicinal

A cabacinha (Luffa operculata), também conhecida como buchinha do norte, abobrinha-do-norte, bucha-dos-paulistas, puga-de-joão-pais, abobrinha-do-mato, purga-de-bicho, capa-de-bode, buchinha-do-nordeste e bucha-dos-caçadores, é uma erva trepadeira tóxica e de ocorrência em todo o território brasileiro.

Seu princípio ativo é utilizado na cura contra várias enfermidades: verminoses, problemas oftalmológicos e até o herpes, além de ser purgativa e diurética. A dose recomendada para o uso medicinal da cabacinha é de apenas ¼, não podendo ultrapassar, de forma alguma, essa quantidade, pois assim, torna-se um veneno perigo. Se for usada por mulheres gestantes, pode causar aborto.

Lembro-me, perfeitamente, que a minha avó e a minha mãe utilizavam a cabacinha em eficientes lambedores caseiros para curar gripes, tosses e expectorar secreções (catarro) dos pulmões. A cabacinha era utilizada por elas, também, para fazer “banhos”. Diluíam um quarto da buchinha e colocavam de molho em uma vasilha, e deixavam no sereno por uma noite, e, no dia seguinte, “banhavam” a cabeça com água amarga. Diziam que era bom para as dores de cabeça e para eliminar o catarro também.

Era comum encontrarmos a cabacinha em quintais, terrenos baldios e próximo das matas ciliares dos igarapés, lagos e do rio, aqui na região do Arari. Atualmente, não é encontrada com facilidade em nossa região. Por ser perigosa, o seu uso caseiro deixou de ser recorrente, hodiernamente.

Estudo e uso científico e farmacêutico da cabacinha

No Programa de Fitoterapia do Herbário Ático Seabra, a Essência de Cabacinha é um dos fitoterápicos mais importantes. O medicamento natural, produzido por meio da infusão do fruto da Luffa operculata (cabacinha) em álcool, é indicado para tratamento de sinusite, renite e problemas na adenóide.
A professora Terezinha Rêgo, uma das maiores pesquisadoras brasileiras das plantas fitoterápicas, responsável pelo desenvolvimento da essência, conta que tinha ouvido muitos depoimentos sobre as propriedades médicas da cabacinha, mas o fator decisivo para o desenvolvimento da pesquisa foi a sinusite que a acometeu durante as pesquisas para a sua tese de Doutorado, em 1966.

“Tive problemas para isolar o princípio ativo da cabacinha, pois a planta possui um alcalóide corrosivo, que causa sangramento na narina”, explica a farmacêutica. As pesquisas para eliminar os efeitos colaterais duraram 20 anos, principalmente pela falta de condições técnicas. Em São Paulo, Terezinha desenvolveu a essência, após descobrir que o alcalóide corrosivo se encontrava na semente. “Eu fui a primeira pessoa que usou o fitoterápico,” – revela – “usei um vidro de 50 ml e nunca mais tive problemas como a sinusite. Tenho um carinho especial pela essência porque ela me curou”. A esta essência é atribuída o maior reconhecimento do trabalho da professora, que , segundo ela, cresceu a partir do depoimento de pessoas beneficiadas com o medicamento.

REFERÊNCIAS

SITE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA. Disponível em: <https://portais.ufma.br/PortalUfma/paginas/noticias/noticia.jsf?id=4632>. Acessado em 16 de maio de 2014.

BLOG REMÉDIO CASEIROS. Disponível em:<https://socionatural.blogspot.com.br/2009/03/buchinha.html>. Acessado em 16 de maio de 2014.

CAUSOS ARARIENSES

...AQUILO É QUE É O COMUNISMO

*Luiz Henrique Everton

henriquechaveseverton@gmail.com                                  

 

Em uma tarde ensolarada do ano de 1968, na cidade maranhense de Arari, dois jovens enamorados que se deleitavam entre beijos e abraços em um banho de rio, numa determinada margem do Mearim, chamaram a atenção das pessoas que ali se encontravam ou passavam em suas embarcações.

Era comum naquele período a utilização do citado rio para banhos, lavagem de roupas e a turma jovem se distrair com natação, mergulhos e ganzola nas espessas moitas de mururu que se locomoviam no vai-e-vem das marés.

Vários senhores e senhoras quando usufruíam daquele curso d’água, face ao comportamento social da época, usavam roupas bem avantajadas, os homens, de calça tipo ¾ (à altura da meia canela) ou até mesmo da cintura aos pés, enquanto as mulheres, o modelo apropriado era o vestido, literalmente comprido.

Naquela tarde, Seu Fulano e Dona Sicrana, que na oportunidade, como era costumeiro, estavam trajados exatamente como esclarecido acima, prontos para o tradicional banho de rio.

Apesar da pouca instrução, Seu Fulano e Dona Sicrana tinham boa formação familiar e cristã. Eram dóceis e obedientes à rigidez social daquele tempo, mas Seu Fulano, possuía um dote especial, era um exímio conselheiro e tratava a todos com muita delicadeza.  

Os dois, seguindo o padrão social do período, com seus respectivos vestuários de banho, calça e vestido, como já dito, passaram a ocupar o mesmo local daquele casal que namorava nas águas do Mearim.

O despertar da curiosidade não ficou restrito apenas ao explícito namoro, que era muito contido, típico daqueles tempos, mas também pela ousadia do jovens enamorados, que na ocasião do banho de rio, apresentavam-se com indumentárias minúsculas, de short e maiô, peças bastante reduzidas em relação às extravagâncias que Seu Fulano e Dona Sicrana usavam, portanto, adiantadíssimos para aqueles anos, especialmente se tratando de uma cidadezinha do interior, dotada de costume/regras, tabu que leva ao temor, consequentemente o preconceito e/ou proibição.

A jovem moça que flertava no banho, bem modelada, sensual, rosto delicado, ousada para os padrões sociais do passado, também em função de sua liberalidade, modismo, idealismo, além de escolada, motivava boa impressão a todos, muito mais aos homens do lugar.

Na cidade morava o Senhor Manuel Abas, um sírio-libanês, que migrou para Arari, dono do São Jorge Hotel, onde se hospedara um viajante, boa presença, sociável, que logo conquistou o coração daquela jovem.

Vivíamos os anos de repressão, que se destacou pelo combate da extrema-esquerda contra extrema-direita, originando uma cultura de pavor por conta do hipotético risco de implantação do comunismo no país.

À frente da Igreja católica de Arari estava o Padre Brandt, homem muito culto, profundo conhecedor daquela filosofia marxista, mas que sabia utilizar uma linguagem informal para advertir com maestria, seus paroquianos, católicos e correligionário-político-partidários, que não eram poucos, quanto àquela suposta ameaça e consequências negativas, sem necessidade de ir ao núcleo de tal ideologia. Além disso, em face do que ouviam dos serviços de alto-falantes e jornais/boletins produzidos/impressos em Arari, é provável que aqueles captaram uma ideia como correta, formatando no imaginário equivocada compreensão do sistema questionado.

Seu Fulano, bom sujeito e obediente, um ranzinza padrista (nomenclatura aos que seguiam referido Padre), e tantos outros seguidores ou não, faziam plantão para ler e ouvir os históricos e polêmicos editoriais e discursos daquele pároco.

É bem possível que essas bagagens de informações tenham sido os fatores culminantes para que naquela tarde, com a insatisfação gerada por conta daquele inusitado namoro e da inabitual forma de se vestir, às claras, sem modéstia, à vista de um paradigma quebrado, se achando sem chão, constrangido ao lado de sua mulher, ter sido a gota d’água para que Seu Fulano, convicto do que seu intelecto houvera definido e contido acerca da temática ou essência da palavra comunismo, associado à cena que acabara de testemunhar, manifestasse com firmeza e franqueza a sua opinião, expressando a surpreendente frase: “DONA SICRANA, TU TÁ VENDO AQUILO ALI?! AQUILO É QUE É O COMUNISMO!!! VAMOS EMBORA?!” Perplexos, subiram até a orla do rio e se mandaram do local, enquanto Seu Fulano balbuciava confusamente por entre os dentes externando mau humor, em protesto àquela conduta até então reprovada.

A qualquer momento, algo, que está guardado no imaginário pode vir à tona, ainda que de uma inocência franca. Foi isso que aconteceu com Seu Fulano.

*Escrivão de Polícia Federal aposentado.

P.S. Este texto é do arariense Luiz Henrique Everton, que gentilmente autorizou a publicação neste site. O referido texto foi publicado no Jornal Pequeno do dia 11 de maio de 2014.

 

 

                                                                                                                                                  

 

 

ARARI: localização, origem e aspectos geográficos, econômicos e culturais

O município de Arari, localizado no estado do Maranhão, originou-se do município de Vitória do Mearim. Sua emancipação política se deu em 27 de junho de 1864. Seu primeiro administrador foi o tenente-coronel José Antônio Fernandes, que era o presidente da câmara de vereadores. Devido tal cargo o tenente-coronel teve o privilégio de ser o primeiro administrador do município de Arari. “José Antônio Fernandes, que residia em Arari, é presidente da Câmara Municipal da Vila do Mearim e, nessa condição, primeiro mandatário do município, além de juiz de paz em Arari” (BATALHA, 2011, p. 86). A primeira eleição municipal em Arari aconteceu em 7 de setembro de 1864.

“O curado de Arari foi fundado em 1723 pelo Pe. José da Cunha D'éça”, foi o que, categoricamente, afirmou César Augusto Marques, em seu secular “Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão”.  “Não se equivocou, pois, o eminente historiador e geógrafo César Augusto Marques ao afirmar que o Arari foi fundado por José da Cunha D’Eça” (FERNANDES, 2008, p. 127). José Fernandes enfatiza ainda: “Pelo Visto, caso o pe. José da Cunha D’Éça não tivesse erigido uma igreja no antigo Sítio e estabelecido uma freguesia com terras, gado, curral e acessórios eclesiásticos doados por ele próprio, por certo não existiria, no local em que está hoje, a simpática cidade de Arari”.  Jerônimo de Viveiros, renomado professor, diz, peremptoriamente, “José da Cunha D’Eça, o fundador do Arari, é uma das figuras mais curiosas da história colonial do Maranhão” (O Imparcial, edição de 26 de junho de 1955, apud em BRANDT E SILVA, 1985, p. 17).

Com base no exposto acima é, que, a meu ver, o fundador de Arari foi o lendário Padre José da Cunha D’Eça. Pois se o Padre da Cunha D'Eça não tivesse fundado a primeira Freguesia, será que Arari teria realmente surgido? Ainda nos albores do século XVIII, a Igreja possuía (e ainda possui) muita influência e detinha um poder notório  na geopolítica mundial. Com a fundação dessa Freguesia pelo Pe. José da Cunha D'Eça, dotando-a com uma igreja, doando bois e curral, a povoação, naqueles idos, passou a vigorar com mais organização e com um líder constituído. Sabe-se que, um curato é uma povoação regida por um cura. E o nosso cura, no entanto, àquela época, era o Pe. José da Cunha D'éça. As pessoas influentes são reconhecidas, e o nosso padre-fundador, era influente e reconhecidamente prestigiado.

Arari localiza-se no estado do Maranhão na mesorregião Norte, dentro da microrregião da Baixada Maranhense. Limita-se com os municípios de Vitória do Mearim, Miranda do Norte, Viana, Anajatuba e Matões do Norte. Sua área teritorial é de 1100 km2. Possui uma população total de 28. 448 habitantes (IBGE, 2010)  e uma densidade demográfica de 26,1 hab/km2, portanto, é um território bem povoado. O clima predominante é o tropical quente e úmido, com um período chuvoso e outro seco bem definidos. É o 47º município maranhense com melhor qualidade de vida, possuindo um IDH de 6, 465 (IBGE 2010). O comércio foi a atividade do setor terciário da economia que mais se desenvolveu nas últimas décadas, com destaque para a venda de medicamentos, confecções, peças e acessórios para motocicletas e de frutas e verduras (sacolões).

A sede do município conta, desde 2009, com uma torre de celular (Claro e TIM) e conta com disponibilidade de acesso à internet através da Oi velox; e acesso via rádio da sivnet. As Lan houses também contribuem com a inclusão digital dos ararienses, por elas vários cidadãos podem acessar o rede mundial de computadores.

“O nome Arari originou-se da região de Arari do Pará” (FERNANDES, 2008, p. 125). Provavelmente pessoas oriundas de uma região paraense chamada de  Arari, onde há um Lago Arari, o Rio Arari, a cidade, Cachoeira do Arari, e outros topônimos com a denominação Arari migraram para estas bandas e batizaram estas terras com a denominação Arari. “Portanto, reitero dizendo que o nome de nosso município de Arari originou-se da região de Arari do Pará. Os que de lá vieram, e a história registra que foram muitos, incluindo Lourenço da Cruz Bogéa, aplicaram-lhe o mesmo nome. E a nossa terra Arari se chamou” (FERNANDES, 2008, p. 125). Etimologicamente, ara'ri significa arara pequena, e é uma palavra indígena.

O relevo arariense é plano. Grande parte do território torna-se uma planície alagadiça no período chuvoso, que vai de dezembro a junho. Logo, sua altitude é de 7 m em relação ao nível do mar. Suas áreas mais elevadas não são superiores a 50 m de altitude. A formação geológica do território é de origem sedimentar. O relevo Arariense, assim como o relevo dos demais municípios dos campos da Baixada Maranhense são de “formação geológica recente, tal processo teria ocorrido desde a era Paleozoica até a Cenozoica. A geologia classifica estas terras como bacias de sedimentos recentes, e na qual predominam, como de costume em terrenos dessa espécie, a areia e a argila” (LOPES, 1970, p. 120). Devido essa formação, em solo arariense existe gás natural, tal combustível fóssil foi encontrado pela PETROBRÁS, na década de 1960, no povoado Curral da Igreja.

Em Arari encontra-se uma variedade de belezas naturais. Entre as belezas naturais temos: o fenômeno da pororoca no rio Mearim, que banha o município; o Lago da Morte que fica localizado a 5 km da sede do município, e é na verdade uma grande planície que durante o período das chuvas fica inundada e durante o verão transforma-se em uma grande área plana que propicia  lazer aos visitantes; os campos alagados, verdadeiros berçários naturais, e uma paisagem exuberante de se ver e contemplar. Os lagos perenes, mais de quarenta, que ampliam nosso potencial hídrico, além de serem piscosos, são belos. Aos quais destacam-se: Escondido, Peixe, Almas, Fumo, Pintos, Palmeiral, Capivara, Arari-Açú, Açutinga, Laguinho, etc.; e os igarapés, dentre eles o igarapé do Nema, que corta a sede do município;  Igarapé do Arari; João de Matos,  Garrote, próximo à foz do rio Mearim, Igarapé da Mãe Joana; etc.

O que Arari tem de melhor, sem dúvida, é a sua gente. Gente humilde, nobre, hospitaleira, divertida e festeira. Uma gente que adora cerveja. Oxalá se Arari não é uma  das cidades que mais consomem cerveja no Estado do Maranhão. Considerada como "Atenas Maranhense", por ser um povo tradicionalmente culto. Grandes ararienses se destacaram e ainda se destacam no cenário cultural, literário, científico, musical, artístico, político e religioso Maranhão e Brasil afora. A nossa produção literária ainda é ativa. Aqui são lançados, em média, dois livros por ano. Nas artes plásticas e cênicas estamos sempre em destaque em âmbito estadual. O surf na pororoca e o festival da melancia colocaram Arari na mídia nacional e internacional. Em se tratando de festejos religiosos, o festejo de Nossa Senhora da Graça e o festejo de Bom Jesus dos Aflitos são um dos mais antigos e conhecidos do Maranhão.

Arari tem uma Academia de Letras, a Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências - ALAC, instituição que tem o desígnio de zelar pela memória de seus patronos, ilustres ararienses do passado que contribuíram, e muito, com o crescimento desta terra alvissareira. Além disso, esta Agremiação do Saber terá em seu escopo prioritário a contribuição com a Educação do seu povo. Arari é um lugar onde a efervescência cultural é notável.

REFERÊNCIAS

BATALHA, João Francisco. Um Passeio Pela História de Arari. São Luís: Lithigraf, 2011.

BRANDT e SILVA. Assuntos Ararienses. Arari: Editora Notícias, 1985.

FERNANDES, José. Gente e Coisas da Minha Terra. São Luís: Lithograf, 2008.

LOPES, Raimundo. Uma Região Tropical. Rio de Janeiro. Editora Fon-Fon e Seleta. 1970.

MARQUES, César Augusto. Dicionário Histórico – Geográfico da Província do Maranhão. 3ª Ed. Rio de Janeiro. Editora Fon-Fon e Seleta. 1970 (Coleção São Luís).

 


 

 

PADRE BRANDT, o benfeitor do Arari

Arari é um município que gerou muitos homens e mulheres brilhantes. Pode-se destacar: José Antônio Fernandes, primeiro administrador do lugar; Silvestre Fernandes, um benemérito professor e geógrafo; José Gonçalves Martins, eminente maestro; Justina Fernandes Rodrigues, uma das maiores e melhores prefeitas desta gleba alvissareira; Chiquita Bogéa, eminente professora, entre outros. Pode-se citar, ainda, aqueles que escolheram Arari para viver: Pe. José da Cunha D’éça, pioneiro da nossa povoação; Lourenço da Cruz Bogéa, iniciante dos seculares festejos de Nossa Senhora da Graça e de Bom Jesus dos Aflitos; Bill de Jesus, amante e fomentador da nossa cultura e o Padre Clodomir Brandt e Silva, um ícone, expressivo vulto histórico a quem passamos a nos reportar doravante.

“Em plena efervescência de primeira Guerra Mundial, na segunda década do século XX, no dia 22 de novembro de 1917 nasceu Clodomir Brandt e Silva, num humilde povoado chamado Pucumã, pertencente ao então município de Conceição dos Picos, atual Colinas” (FERNANDES, 2012, p. 31). Aos 15 anos de idade ingressou no seminário Santo Antônio em 1932 e foi ordenado padre em 1º de janeiro de 1943 pelo arcebispo metropolitano de São Luís, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota.

“Em 1º de janeiro de 1944, dia do primeiro aniversário de sua ordenação sacerdotal, Clodomir foi nomeado vigário de Arari. Dia 8 de janeiro de 1944, no final da manhã, aportou na cidade o padre Clodomir Brandt e Silva, passageiro da confortável lancha Aurora, um ano e oito dias após a sua ordenação. Tinha 26 anos de idade” (FERNANDES, 2012, p. 46 e 75).

Logo que aqui chegou, Padre Brandt percebeu que o nosso povo era carente, sobretudo carente de educação. Com operosidade fundou de imediato uma escola, “no corredor da casa em que residia, com dois alunos – Adir Santos e Zózimo Peques. Como os alunos aumentavam rapidamente, não demorou em alugar uma casa com vários cômodos, próxima à igreja, e nela instalou o colégio que fundara, dando-lhe o nome de Instituto Nossa Senhora das Graças, somente para o sexo masculino” (FERNANDES, 2012, p. 79). Hoje a escola fundada pelo padre chama-se Colégio Arariense, uma das mais conhecidas escolas do Maranhão. Templo Maior da educação de Arari.

No mesmo ano de 1945, Clodomir fundou a Associação da Doutrina Cristã – ADC – com o colaboração de outras grandes professoras como Raimunda Ramos, Zilda Rodrigues Fernandes, Maria José Santos, Leonília Santos, Auta Maciel, Josefa Fernandes, dentre outras. A partir de então, o padre Brandt iniciou um brilhante trabalho sacerdotal, educacional, esportivo e cultural nesta cidade.

Várias foram as expressivas obras realizadas pelo padre. Atuou em todos os setores socioeconômicos e culturais do município. Seus empreendimentos sempre visavam a educação e a emancipação do povo. Gerou trabalho e renda. Ingressou na política. Era um articulador nato. Elegeu, em 1959, a prefeita Justina Fernandes Rodrigues (Bembém), quebrando, assim, o poder político de décadas do mandatário Antônio Anísio Garcia em Arari. Sequencialmente elegeu, além de Bembém, Tonico Santos e Maria Ribeiro Prazeres. Era um político ferrenho, audacioso, mas nunca tirou proveito das verbas públicas. Era pobre e desprendido de bens materiais.

Um escritor inconfundível. Notável romancista, ensaísta, contista e historiador. Padre Brandt era um pesquisador de olhos e mente aguçados. Sua obra literária conta com 28 livros divididos em romances, teatro, históricos, ensaios e genealogia. Suas obras já foram objeto de estudos pelo Departamento de Letras da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA. São referências obrigatórias em quaisquer pesquisas dedicadas a Arari.

Clodomir Brandt e Silva “faleceu aos 80 anos de idade, em São Luís, no dia 22 de abril de 1998, após longo período de enfermidades e muito sofrimento, deixando para Arari valioso legado intelectual e cultural, reflexo da energia que lhe confere lugar de primazia na literatura arariense. Seu corpo foi recebido na entrada da cidade de Arari por uma multidão de admiradores e fiéis da Igreja Católica. No final da manhã de 23 de abril, a cidade e os cantos silenciaram para a hora do adeus ao Pe. Clodomir Brandt e Silva. Um dos mais comoventes enterros registrados no Arari” (BATALHA, 2011, p. 254).

 

REFERÊNCIAS

BATALHA, João Francisco. Um Passeio Pela História do Arari. São Luís: Lithograf, 2011.

FERNANDES, José. O Universo do Padre Brandt. São Luís: Unigraf, 2012.

 

 

Igarapé do Nema (Foto: Adenildo Bezerra)

A importância dos Igarapés para a manutenção da vida

Os igarapés são pequenos cursos d’água que correm em direção, geralmente do rio. Nosso município é cortado em várias partes por esses “braços” de rio, todos de cursos perenes que alimentam o volume de água do Mearim e servem de vias migratórias para os peixes do rio no período da piracema, quando estes percorrem os igarapés até os lagos e campos baixos para a desova e, assim perpetuarem a espécie.

Destacam-se os seguintes igarapés: Nema, que passa dentro da cidade e desemboca no centro da sede do município, no rio Mearim; Arari, Ubatuba, João de Matos, Arari Açu, Arari-Mirim, Piraíba, Ponte, Barreiros, Curimatá, Itaquipetuba, Brandão, Grilo, Igarapé dos Fernandes, Tororomba, Garrote, Pericau, Charaviscal, etc.

Sobre a importância dos Igarapés, e sobre a tradicional, porém prejudicial, tapagem, o professor Silvestre Fernandes, em seu brilhante tratado sobre “A Baixada Maranhense”, escreveu:

 

“Nos igarapés que funcionam como sangradouros, em certa altura do seu curso, levanta-se uma cerca com talos de pindoba ou varas comuns, estendidas de uma a outra margem. Junto a essa tapagem, à montante, fincam-se dois jiraus, que são os pesqueiros do ‘canto’, como vulgarmente chamam os pescadores.

Uns peixes, que sentem as águas do campo diminuir, procuram os igarapés com o objetivo de ganhar os rios principais.

Reúnem-se em cardumes numerosos. Retidos afinal pela armadilha que previamente foi preparada, são pescados com facilidade. Em geral essas tapagens são públicas e muitos pescadores se servem delas. O primeiro a chegar toma lugar no ‘canto’ e tem a primazia da pesca.

No leito do igarapé costumam deixar cair uma pindoba aberta para, em contraste com o lado escuro, melhor serem destacados os cardumes.

O ‘canteiro’, pescador que se coloca no jirau já referido, assim que percebe a influência de peixe junto ao cercado,assobia, dando o sinal convencional. Lança preste sua tarrafa e os outros o acompanham. Por esse modo apanha-se todo peixe por ali existente.

Depois de duas ou três tarrafadas, voltam à calma.

Ninguém conversa para não espantar os peixes. Em posição atenta, aguardam-se novas oportunidades.

É notável a quantidade de pescado colhido nesse período do (maio a junho) em quase todos os igarapés da zona.

Tal gênero de pescaria é mais abundante à noite.

Há ocasiões em que somente chegam à tapagem curimatãs. Em outras já se pegam bagrinhos, também chamados de capadinhos ou anojados (Pydidium brasiliense), acarás, piaus, mandis e dourados saborosos. Não “raro, porém, o peixe falha um ou dois dias, atemorizado pela intensa perseguição dos pescadores.”

Zeca Baleiro e alunos integrantes da Banda de Música do Colégio Arariense

MUSICALIDADE ARARIENSE

Quando o assunto é musicalidade arariense, não podemos deixar de mencionar o notável José Gonçalves Martins. Tão notável que a sua grande obra musical foi catalogada pelo Padre João Mohana, no seu fantástico livro "A Grande Música do Maranhão". Zé Martins também é patrono da AVL e da ALAC. Neste espaço há um artigo publicado sobre a obra do eminente maestro, intitulado "José Martins, nosso eminente maestro".

Todavia, dedico este arrtigo à nossa MPA – Música Popular Arariense. E, indubitavelmente, um dos maiores nomes da nossa música foi Zezeca Perone.  Um músico nato. Tocava e ensinava a tocar violão e guitarra, era sonoplasta da Prefeitura e animava as missas com o seu violão. Era simples, porém, um cidadão íntegro e conhecedor da arte musical. Fundou os Azulões, grupo musical que foi uma sensação em Arari, juntamente com Pedro Azulão (hoje Pedro Terra), Nonato “Pelhinha” e Paulo Mergeson (in memorian). O Super-homem, Zezeca Perone, deixou uma significativa contribuição à música arariense. Foi tão importante, que hoje existe em Arari um instituto para preservação de sua memória e divulgação da sua obra, denominado Instituto Perone, entidade à qual fui membro-fundador.

Atualmente a nossa música está bem representada. Temos um músico, cantor e compositor de renome nacional. Refiro-me a Zeca Baleiro, grande nome da nossa MPB – Música Popular Brasileira. Autor de canções memoráveis como: Lenha, Samba do Approach, dentre outras. Por duas vezes já presenteou, encantou e emocionou Arari com inesquecíveis shows em praças da nossa cidade. Zeca Baleiro nasceu em São Luís, sim. Mas, viveu durante vários anos aqui em Arari. Conhece a nossa história e a nossa gente como ninguém. Demonstra isto em seus memoráveis artigos que publica no Jornal Academia, periódico da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências (ALAC), na qual é membro fundador, e tem como patrono Zezeca Perone.

Em Arari existem vários artistas populares que vivem da música, seja interpretando canções de consagrados cantores brasileiros ou compondo músicas próprias. Dentre estes artistas destacam-se: Pedro Terra, Manoel Leão, Marquinhos Nunes, Daniel do Arrocha, Sandro Gama (Sambinha), Robson Rubem, Doges, entre outros. Temos, em Arari, também bons compositores  como: Tony Ribeiro, que teve uma música gravada pelo cantor Lairton. Manoel Gama (Samba), Elismar Cruz (Elismar, além de compor, também é interprete), Nhêm, José Maria Costa, dentre outros.

Além destes supracitados, outros ararienses se destacam tocando instrumentos de sopro, podemos citar: Seu Durval (in memoriam), Raimundo Cosme ( Bebê), Brabo, Dudé, Edison  Maia, Adenilton Bezerra, André Batalha, Sidenilson Santos, Marcio Sales, Héliton (Litinho), André Batalha... ofício que aprenderam nas egrégias Escolas de Música do Município, e na Escola de Música Carlos Gomes, fundada e mantida pelo saudoso Pe. Brandt. A escola de música do Padre foi reativada pelo Colégio Arariense, e tem como coordenador e professor o Maestro Raimundo Cosme (Bebê).

Menciona-se aqui outros notáveis como: Senhor Monção e Seu Bina (in memoriam),  Carlos Marins, Seu Carrinho, e outros notáveis. Inúmeros ararienses, músicos, estão a difundir a sua arte pelo Maranhão e Brasil afora. Nas bandas da Polícia Militar e do Exército há muitos músicos de Arari. Citamos: Domingos Sávio (Dudu), que é comandante da banda do Exército. Werbeth Corrêa (Beto) durante muito tempo serviu à banda de música do exército, hoje ele é policial rodoviário federal, mas a arte da música continua com ele. Em outras épocas, quando os bailes, sobretudo os bailes de São Gonçalo, eram frequantes em Arari, tivemos rabequeiros e violeiros de destaque. Cita-se, por exemplo: o Sr. Camilo Cordeiro e o Sr. Adolfo Brito (in memoriam). Hoje há vários ararienses que vivem a dedilhar no violão e dele tiram belos acordes. Pode-se citar: Wascley Araújo e Roberth Francklin, por exemplo.

Prêmio Jovem-Escritor: Uma iniciativa a ser seguida e incentivada em Arari

Em 2006, a ONG – Formação, promoveu um certame literário entre estudantes do ensino médio da Baixada Maranhense, denominado "Prêmio Jovem-Escritor". A finalidade do concurso era estimular a prática da leitura e da escrita entre os alunos dos CEMPs – Centros de Ensino Médio e Profissionalizantes -, que eram, à época, coordenados pela ONG - Formação em parceria com as Prefeituras Municipais da Baixada Maranhense.

Os alunos com os melhores textos, assim como os seus  professores e as suas escolas, foram premiados com computadores, quantias em dinheiro, passagem para o exterior e uma biblioteca e um laboratório de informática para a escola do aluno ganhador. O aluno vencedor do Prêmio foi o arariense William Roney, com a narrativa "Sinal Vermelho". Assim como ele, foram premiadas também a sua professora de Língua Portuguesa, Flávia, e o estabelecimento onde o aluno premiado estudava, a Escola Municipal José Francisco, que fica no bairro do Perimirim. É importante relatar que outros alunos de Arari tiveram boas colocações no certame. Como produto final do projeto, houve a publicação de um livro com as melhores narrativas.

Experiências desse tipo deveriam ser promovidas e incentivadas, sobretudo, pelo Poder Público. Certamente, seria uma maneira de estimular principalmente a juventude para o prazeroso hábito de ler e escrever, uma vez que a leitura e a escrita são boas e viáveis propostas contra o analfabetismo absoluto e funcional. A nossa intensão com a publicação desta matéria é despertar os gestores da Educação para que possam, à luz da boa vontade, realizar algo neste sentido. É necessário viabilizar ações motivadoras e desafiadoras no âmbito educacional. Ações voltadas para o "fazer" em sala de aula. Ademais, a sala de aula é um laboratório, e precisa ser um lugar de significativas experiências.

ARARI das Artes plásticas

As artes plásticas são bastante desenvolvidas em Arari. Dezenas de artistas pictográficos desenvolvem belíssimos trabalhos com pinceis e tintas em ambientes externos e internos, telas, tecidos, painéis, etc.

Destacarei em seguida os pintores, para mim, artistas, que mais se sobressaem e sobressaíram-se nesta Arte, aos que não forem citados, peço desculpas:

Roberth Francklin – uma grande expressão das artes plásticas arariense. Autor de belas telas, que retratam paisagens naturais, casarios, natureza morta, caricaturas, etc. Já montou várias exposições dos seus trabalhos em Arari e na capital do Estado do Maranhão, São Luís. Nestas exposições, Francklin sempre foi destaque. Ministrou vários cursos para crianças e jovens a fim de repassar seu talento para outras pessoas. Indubitavelmente, Roberth Francklin é a nossa maior expressão nas artes plásticas. E figura, a meu ver, como um dos maiores e melhores do Maranhão.

Jocei Jardim – outro bom artista arariense. Trabalha com pintura de letreiros, painéis, tecidos, ambientes externos e internos e desenhos em geral. Atualmente, o eminente artista dedica-se à causa ambiental. Responde  pela Secretaria de Meio Ambiente de Arari e desenvolve trabalhos na área cultural, através do Projeto Rabisco e outras entidades.

Everaldo, mais conhecido como Dedéco, também se destaca na pintura de letreiros, painéis, tecidos e desenhos em geral.

Gal Santos (in memoriam) era um artista de talento notável. Desempenhava a pintura como forma de fugir do stresse da vida moderna e como terapia para a mente e para o espírito. Faleceu em 2008 após um trágico acidente automobilístico, deixando belíssimas telas pintadas. Gal Santos foi escolhido como patrono da ALAC (Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências).

 

P. S. (SE ALGUÉM QUISER CONTRIBUIR PARA A AMPLIAÇÃO E MELHORIA DESTA PUBLICAÇÃO, PODE ENTRAR EM CONTATO CONOSCO. DE JÁ, AGRADECEMOS).

ADMINISTRADORES ARARIENSES

Todos os administradores de Arari ao longo dos nossos 150 anos de emancipação política (1864-2014).

Abaixo citamos todos os nobres Alcaides com a duração de seus respectivos mandatos:

  • José Antonio Fernandes                         1864-1869
  • José Antonio de Oliveira                         1869-1873
  • Felipe Antônio Chaves                            1874-1875
  • Francisco Pimenta Bastos                      1875-1878
  • José Pedro de Sousa assume a presidência do Conselho de Intendência, em 21 de Janeiro de 1890, um ano após a Proclamação da República. No mesmo ano, 1890, o Cel. Pedro José de Ericeira assume a Presidência do Conselho de Intendência Municipal. Em 11 de Abril de 1890, o Major Pedro Nunes Cutrim (Major Cutrim) assume a presidência do referido Conselho. Ainda no ano de 1890, dia 2 de agosto, quem assume a presidência do Conselho de Intendência é o senhor Filomeno dos Anjos Chaves.

Em 1891, quem assume o Conselho de Intendência é Rafael Antônio Chaves Fernandes. Esses “Conselhos de Intendência” eram formados por vários outros homens. Todavia, preferimos citar os que tinham mais influência política no lugar.

  • Antonio Francisco Cardoso                     1892...
  • Francisco de Paula Bogéa elege-se Intendente de Arari, sendo o primeiro administrador eleito após a extinção dos Conselhos de Intendência. Francisco de Paula governou entre os anos de         1892-1895.
  • Vicente Ferreira Rodrigues                               1896-1900
  • Belizário Duarte Fernandes                               1901-1904
  • Raimundo Antonio da Costa Fernandes             1905-1908
  • Belizário Duarte da Costa                                 1910-1912
  • Marcelino Eduardo Chaves                                1913-...
  • Lucílio Quintino Fernandes                                1913-1915
  • João de Lemos                                                 1916-1918
  • Herculano Olimpio Ericeira                                1919-1921 (Manoel Rodrigues Numes assumiu, temporariamente, em 1919)
  • Antônio Anísio Garcia                                       1921-1925
  • Mateus Vieira Oliveira                                       1925-1930
  • Cipriano Ribeiro dos Santos                              1930 (não terminou o mandato por causa da Revolução de 1930)
  •  Gentil Gomes                                                 1930 (ficou apenas quatro meses no poder)
  • Virgílio de Almeida                                           1931 (foi exonerado do Cargo de Prefeito em 18 de agosto pelo então governador do Estado, Joaquim de Aquino Corrêa);
  • Custódio Chaves Bogéa                                    1931-1935
  • Pedro de Alcântara Fernandes                          1935-1936     
  • Antônio Anísio Garcia                                       1936-1937
  • Antônio Anísio Garcia                                       1937-1944
  • Durval Costa Freire                                           1944...
  • Antônio Anísio Garcia                                       1944...                       

                                       

  • Ari Guterres                                                        ficou no cargo entre 23 de novembro de 1944 e 27 de março de 1945.

 

  • Antônio Anísio Garcia                                        1945...

 

  • Sebastião Leão da Silva (Bastico Silva)              1945

 

  • Antônio Anísio Garcia                                     1945-1948
  • José Aureliano do Vale                                    1948-1950
  • Justina Fernandes Rodrigues                           1950-1955
  • Antonio de Jesus dos Santos                           1955-1960
  • Maria Ribeiro Prazeres                                     1960-1965
  • Raimundo Sousa Fernandes                             1965-1970
  • Raimundo dos Mulunduns Prazeres                   1970-1974
  • Benedito de Jesus Abas                                   1974-1977
  • Domingos Aprígio Batalha                                 1977-1982
  • Leão Santos Neto                                             1983-1988
  • Horácio da Graça de Sousa Filho                       1988-1992
  • Leão Santos          Neto                                    1993-1996
  • Rui Fernandes Ribeiro Filho                               1997-2004
  • José Antonio Nunes Aguiar                                2005-2006 (não concluiu o mandato por ter sido cassado pela justiça, acusado de abuso de poder econômico)
  • Leão Santos Neto                                             2006-2012
  • Djalma Melo Machado                                       2013-2016

 Constata-se  na relação acima, que tivemos apenas duas prefeitas. Outro fato curioso é que tivemos apenas um prefeito cassado em toda história político-administrativa do município de Arari. Antônio Anísio Garcia foi sete vezes prefeito de Arari, duas vezes eleito e cinco vezes nomeado por Interventores estaduais, durante o chamado Estado Novo. Durante este “Regime”, a alternância de prefeitos era constante. O mandato do atual prefeito, Djalma Melo, está sendo contestado na Justiça.

 

REFERÊNCIA

BATALHA, João Francisco. Um Passeio Pela História do Arari. São Luís: Lithograf, 2011, p. 134, 216, 217, 218, 221 e 222.

 

 

A REVOLUÇÃO GETULISTA DE 1930 E O ESTADO NOVO E SUAS IMPLICAÇÕES POLITICO-ADMINISTRATIVAS EM ARARI

 Getúlio Vargas realiza a Revolução de 1930, através de um golpe militar, e impede a posse do então presidente eleito Júlio Prestes, que fora exilado em Portugal. Vargas passou a nomear interventores para todos os Governos Estaduais, com exceção de Minas Gerais. Esses interventores eram na maioria tenentes que participaram da Revolução de 1930. Nos municípios, os prefeitos também passaram a ser nomeados pelos interventores estaduais.

Em 1937, é fundado o chamado Estado Novo, que perdura até o fim do ano de 1945. Este período foi caracterizado pela centralização do poder, nacionalismo, anticomunismo e por seu autoritarismo. Durante o Estado Novo os interventores estaduais, assim como os prefeitos municipais continuaram a ser nomeados.

Em Arari, a alternância de prefeitos era constante. Bastava o alcaide manifestar alguma opinião contrária ao regime, que era imediatamente exonerado do cargo. Desse modo, a partir de 1930 tivemos vários intendentes substituídos por quaisquer motivos. O primeiro administrador arariense a ser destituído foi o Sr. Cipriano do Santos, que havia sido eleito em 12 de outubro de 1929. Para o lugar de Cipriano dos Santos foi nomeado o tenente Gentil Gomes, que governou entre novembro de 1930 e fevereiro de 1931.

Em fevereiro de 1931 o Sr. Virgílio de Almeida foi nomeado prefeito e administrou o município de fevereiro de 1931 a agosto de 1931. Em 18 de agosto de 1931, Virgílio foi exonerado e em seu lugar foi nomeado Custódio Chaves Bogéa, que ficou no cargo de prefeito até junho de 1935. Entre junho de 1935 e outubro de 1936, Pedro de Alcântara Fernandes (Pemba Fernandes) que assumiu o cargo.

Daí, Pemba Fernandes foi exonerado e em seu lugar foi nomeado Antônio Anísio Garcia, que ficou no poder entre 21 de junho de 1936 a 12 de agosto de 1937. Nas eleições municipais de 1937, ano em que iniciou o Estado Novo, Antônio Anísio Garcia é eleito prefeito e governa até o ano de 1941. Em 1941, Antônio Garcia é obrigado a deixar o cargo para responder inquérito administrativo por irregularidades administrativas. Para o seu lugar foi nomeado o coletor Durval Costa Freire. Trinta e três dias depois Garcia retorna à prefeitura e administra o município até 23 de novembro de 1944.

Em 23 de novembro de 1944 Garcia é exonerado pelo interventor Paulo Ramos. Neste mesmo dia, 23, Ary dos Santos Guterres, capitão da Polícia Militar do Maranhão, é nomeado prefeito. Ary Guterres governa até 27 de março de 1945. Em Março de 1945, Antônio Anísio Garcia é novamente nomeado prefeito e fica no cargo até o dia 22 de novembro do referido ano. Entre novembro de 45 e fevereiro de 1946 quem é nomeado prefeito é o Sr. Sebastião Leão da Silva (Bastico Silva). Finda o Estado Novo. Bastico Silva é exonerado pelo interventor estadual Saturnino Belo. Saturnino Belo nomeia Antônio Anísio Garcia prefeito de Arari. Garcia fecha o ciclo de prefeitos nomeados, e governa até 22 de janeiro de 1948. Em 48, volta o “Regime Constitucional”. Em Arari o Sr. José Aureliano do Vale é eleito prefeito e governa até 1950. Daí em diante, a vida política e administrativa de Arari segue, com eleições até hoje...

 

REFERÊNCIA

BATALHA, João Francisco. Um Passeio Pela História de Arari. São Luís: Lithograf, 2011, p. 134 e 218.

(Todas as informações foram tiradas da obra supra citada). Recomendamos a leitura deste belíssimo trabalho, produzido pelo arariense João Batalha.

 

 

ARARI: Setor Secundário da economia

O setor secundário da economia é formado pela indústria ou atividade industrial, que é a transformação da matéria prima – produtos extraídos da natureza usados para fabricar outros produtos na indústria – em produtos industrializados, ou seja, com o uso de máquinas. Os artefatos são confeccionados em larga escala e em série, seguindo um padrão pré-fabricado pelo industriário.

A indústria arariense ainda é incipiente e pouco desenvolvida. Em Arari existem apenas indústrias de transformação (aquela que transforma a matéria-prima em produtos prontos para o consumo). Os principais estabelecimentos industriais implantados no município de Arari são: usinas de beneficiamento de arroz (estas, devido a expansão da rizicultura comercial, e, consequentemente, das indústrias  de beneficiamento e empactamento do arroz, perderam mercado e estão quase extintas no município); há uma micro-fábrica de mesocarpo de babaçu (não está mais em funcionamento), olarias, casas de farinha, popularmente chamamos de "casa de forno", que fazem a farinha de mandioca, e são tipicamente rurais; indústrias de panificação (padarias); fabricação de sorvetes e outros subprodutos derivados do leite e de polpa de frutas, pequenas fábricas de vassouras, metalúrgicas e vidraçarias de pequeno e médio porte, funilarias, uma pequena gráfica (tipográfica), movelarias também de pequeno e médio porte, estaleiro para fabricação e reparos de pequenas embarcações – esta atividade, outrora, já foi amplamente difundida em Arari no tempo da navegação fluvial – oficinas de tapeçaria para reforma de estofados como sofás, poltronas e colchões; pequena fábrica de envasamento de querosene, oficinas de confecção e restauração de calçados em couro, malharias, além de oficinas de confecção de celas de arreio, espanadores, cestas e outros produtos fabricados tendo como base o couro, a palha, uso de máquinas simples e a habilidade do fabricante.

Campos inundáveis, singularidades da Baixada Maranhense

Os campos inundáveis são formações características da paisagem da Baixada Maranhense, uma combinação do relevo de planície, sazonalmente inundável de seis em seis meses, com uma formação vegetal singular composta por gramíneas, ciperáceas e macrófitas aquáticas.

As gramíneas mais comuns neste tipo de ecossistema são: Canarana (Echinochloa spectabile Berg.), capim-de-marreca (Paratheria prostrata Griseb) e arroz-do-campo (Luziola spruceama Benth.). As Ciperáceas junco (Cyperus interstincta) e capim-navalha (Cyperus meyenianus Kunth) e as Macrófitas aquáticas como a tripa-de-vaca (Neptunia oleraceae Lour.), capim-boiador (Paspalum repens Bergius), mururu (Eichornia crassipes Mart.), samambaia (Cabomba piauhyensis Gardn.) (PINHEIRO; ARAÚJO; AROUCHE 2010, p. 14).

Alguns arbustos também são formações vegetacionais dos campos inundáveis como: o mata pasto (Senna alata), o algodão-brabo (Ipomoea fistulosa Mart.). Na Baixada Maranhense os campos inundáveis são de grande extensão, ocupando o espaço em todos os municípios que compõem esta região de uma complexa interface de ecossistemas (PINHEIRO; ARAÚJO; AROUCHE 2010).

 

REFERÊNCIA

PINHEIRO, Claudio Urbano B; ARAÚJO, Naíla Arraes de; AROUCHE, Galdino Cardinal. Plantas Úteis do Maranhão: Região da Baixada Maranhense. São Luís: Ed. Aquarela, 2010.

  Arari  
Faixa etária Homens Mulheres        
0 a 4 anos 1.315 1.279        
5 a 9 anos 1.488 1.332        
10 a 14 anos 1.561 1.498        
15 a 19 anos 1.553 1.537        
20 a 24 anos 1.468 1.430        
25 a 29 anos 1.216 1.287        
30 a 34 anos 1.041 1.033        
35 a 39 anos 883 925        
40 a 44 anos 742 757      
45 a 49 anos 620 678        
50 a 54 anos 621 577        
55 a 59 anos 510 482        
60 a 64 anos 379 379        
65 a 69 anos 287 300        
70 a 74 anos 283 260        
75 a 79 anos 166 196        
80 a 84 anos 107 111        
85 a 89 anos 50 63        
90 a 94 anos 21 35        
95 a 99 anos 1 10        
Mais de 100 anos 3 4        

FONTE: IBGE, CENSO DEMOGRÁFICO 2010.

ARARI: números populacionais

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através do censo demográfico de 2010, o município de Arari possui uma população total de 28.488 habitantes (ver tabela acima). Deste total, 14.315 são homens; e 14.173 são mulheres. Sendo que 17.483 pessoas vivema zona urbana e 11.005 vivem na zona rural. A população arariense na faixa etária de 0 a 14 anos é compreendida por 4.364 homens e 4.109 mulheres, num total de 8.473 pessoas. A população de 15 a 24 é formada por 3.021 homens e 2.967 mulhres, totalizando 5.988 pessoas. Dos ararienses adultos, 7.101 são homens e 5.744 são mulheres, compreendendo um população adulta total de 12.845 habitantes. A população arariense idosa é formada por 1.297 homens e 1.358 mulheres, constituindo um total de 2.655 moradores residentes. Arari possui uma população jovem, no entanto, ainda segundo o IBGE, a população idosa vem crescendo. Isso porque as condições de vida vêm melhorando ano após ano no país.

Retorno à “Boca” do Mearim

No dia 7 de dezembro de 2013, o professor Isidoro Filho e eu resolvemos retornar á foz do rio Mearim para realizar observações in loco sobre as condições ambientais do lugar. Nosso objetivo era verificar a salinidade da água, o assoreamento do leito do rio, a erosão das margens e a condição da mata ciliar, representada neste local por manguezais.

Partimos do povoado Curral de Igreja, às 6h15min, em uma canoa com motor de rabeta, conduzida pelo senhor “Carrinho”, pescador mearinense e morador do povoado. Depois de seguirmos rio abaixo por uma hora e vinte minutos, chegamos à “Boca” do Rio. Nossa parada foi na confluência do Rio Pindaré com o Mearim. Ao chegar deparamo-nos com um cenário totalmente diferente daquele que havíamos visto há três anos. Uma imensa coroa (crôa) se formou no leito do rio, dificultando a sua vazão com a maré baixa.

Resolvemos descer da embarcação e percorrer, a pé, a super crôa. Constatamos que ela possuía, aproximadamente, 500 m de largura, com quilômetros de extensão. A profundidade com a maré jusante é de 80 cm, ocasionando sérios riscos à navegação, mesmo para uma embarcação de pequeno porte. Neste trecho, a salinidade da água é intensa. Haja vista que com uma profundidade e uma vazão muito baixas, o rio não tem força para empurrar a água do oceano que possui uma densidade muito maior. Assim a água salgada avança com mais facilidade rio adentro enquanto a maré está “vazando”.

Outro fenômeno que nos surpreendeu foi o assoreamento em larga escala próximo às margens. Esse assoreamento se inicia no povoado Tabocal e segue rente à margem esquerda, até a foz do Pindaré. Num percurso de 4 km. A erosão das margens continua ocorrendo com frequência. Todavia, constatamos que isso é um processo natural, pois a ação das marés é muito grande no local.

 A vegetação, formada por manguezais, não consegue conter a ação destruidora das marés, sobretudo quando são de pororoca. Por outro lado, são as marés que garantem a renovação das águas e também servem para diminuírem a quantidade de coroas que se formam no local. Com a maré à montante a “Boca” do Rio se transforma numa imensidão aquática. A sua largura ultrapassa os 650 km e a sua profundidade chega, aproximadamente, aos 20 m.

A “Boca” do Rio Mearim é um lugar exuberante. Devido a sua proximidade com o Atlântico, venta bastante. Os ventos chegam a 50 km/h, aproximadamente. O que deixa a temperatura amena. Mesmo debaixo de um sol escaldante não sentimos calor. No entanto, deve-se estar protegidos com camisa de mangas compridas, chapéu e protetor solar.

 

 

 

 

O Extrativismo animal em Arari

No município de Arari, o extrativismo animal é desenvolvido através da pesca, pela coleta in natura do babaçu, da jussara (sobretudo na região de Moitas); do tucum, do marajá  e, também, pela caça.

Pesca – a atividade pesqueira ainda é praticada de forma primitiva, com uso de instrumentos artesanais como rede de arrasto, tarrafas, paritá, "choque", calabouço, caniço, linha ou corda (uso do anzol), tapagem, curral, mitra, etc., realizada no rio Mearim, igarapés, lagos e nos campos inundáveis, em épocas de cheias. Capturam-se várias espécies para fins alimentares, ou para a venda sob forma de escambo, como: Curimatá, traíra, carambanja, jeju, piau, pescada, surubim, bagre, tamatá, piranha, branquinha, bodó, etc. No livro “Peixes do Mearim”, o pesquisador da fauna ictiológica arariense Édem do Carmo Soares, fez uma ampla catalogação dos peixes encontrados no Mearim. Vale a pena conferi esta obra espetacular. A pesca é de grande importância para a população local, sobretudo para a população rural, na qual o peixe é o principal alimento.

Coleta in natura de frutos nativos - a coleta de frutos nativos é praticada em toda a extensão do nosso município. O babaçu é o fruto mais coletado pela populaçõa rural. Do babaçu aproveita-se quase tudo. A jussara é coletada principalmente na região de Moitas, uma região formada por dezenas de povoados, onde o solo favorece a sobrevivência desse tipo vegetal. O tucum e o marajá, por exemplo, também são coletados em toda a extensão do território arariense. Esse frutos são uma fonte de renda extra para os habitantes da zona rural. Muitos deles coletam as espécies e vendem na popular Feira do Produtor existente semanalmente na sede do município.

 Caça – embora cada vez mais rara, pois é proibida por Lei, a caça ainda é praticada no município para o complemento alimentar das pessoas da zona rural.

Hoje, o principal alvo dos caçadores são as aves, que, apesar de haver uma diminuição das espécies, ainda encontram nambu, socó, gueguéu, marreca, siricora, tamatião, jaçanã, perdiz, pecuapá, inhumas, maguari; e até mesmo o jaburu ainda pode ser encontrado nos locais mais remotos de Arari, dentre outras espécies em menor quantidade e tamanho.

 

ARARI: aspectos educacionais

Para que um povo se desenvolva e se emancipe, é necessário que possua um bom sistema educacional, caso contrário não conseguirá sair da condição de pedinte e de dependência.

Qualquer indivíduo politizado é capaz de perceber a importância da educação como instrumento de reconstrução social, desenvolvimento da cidadania plena e de qualidade de vida. A educação é, comprovadamente, a melhor forma de combater a injustiça social, a submissão e a miséria. Países que investiram e acreditaram no poder transformador da educação, como: Japão, China, Finlândia e Coréia do Sul - alcançaram rápido desenvolvimento social e econômico.

Em tempos de avanços tecnológicos monstruosos como neste limiar de século XXI, os indivíduos precisam está capacitados e qualificados para o mercado de trabalho. A falta de instrução dificulta a vida das pessoas. A tendência é que as empresas deixem de empregar um trabalhador que não pense.

 A grande revolução para melhorar a qualidade do ensino no Brasil precisa começar pelos municípios. Assim, Arari precisa, urgentemente, iniciar a sua revolução pela melhoria da qualidade da educação básica. Nesse contexto, o setor de educação do município de Arari conta com escolas da rede pública (municipal e estadual) e da rede particular de ensino.

As escolas que ficam na dependência administrativa do governo do Estado, são as de Ensino Médio, sendo mantidas 05 escolas na zona urbana, com 2.401 alunos matriculados no total (IBGE 2010) e distribuídos pelas escolas, Centros de Ensino Médio: Leão Santos, Cidade de Arari (popular CEMA), Dr. Milton Ericeira, Arimatéa Cisne e Gregória Prazeres.

A Municipalidade mantém 75 escolas, sendo 12 na zona urbana e 63 na zona rural. Na rede municipal de ensino estão matriculados cerca de  6.328 alunos, onde 3.684 estudam na zona urbana; e 2.644 alunos estudam na zona rural. Existem, atualmente, 444 professores concursados atuando no sistema educacional público municipal.

A rede particular de ensino é formada por 03 escolas, a saber:

Colégio Arariense, de propriedade da ADC (Associação da Doutrina Cristã), a pioneira na educação do município, fundada pelo saudoso Padre Brandt. A escola conta atualmente com 152 alunos matriculados no ensino médio.

Colégio Comercial de Arari, de propriedade da Fundação Cultural de Arari, fundada pelo antigo GAE (Grêmio Arariense dos Estudantes). Conta com 125 alunos matriculados no ensino médio regular e supletivo de nível  médio.

Escola Paulo Pereira Rêgo e Escolinha Rei Davi (educação infantil), de propriedade da ACB (Associação Beneficente Cristã), que conta com 446 alunos no ensino fundamental – 1° ao 5° ano e educação infantil.

Em Arari, ainda existem várias escolinhas particulares que auxiliam na preparação de lição e no reforço escolar. Indubitavelmente estas escolinhas são importantes para a solidez da educação dos pequenos arariense, sobretudo. Há programas de alfabetização, como o Brasil Alfabetizado, por exemplo.

O Ensino Superior, no município, fica a cargo do CEERSEMA (Centro Ecumênico de Estudos Religiosos Superiores do Estado do Maranhão), que oferece cursos de Pedagogia e Teologia, onde inúmeras pessoas, sobretudo professores, já concluíram o curso de graduação.

Atualmente, está funcionando em Arari, com parceira entre Estado e o Município, um polo da Universidade Virtual do Maranhão – UNIVIMA, e da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, para ampliar e desenvolver, ainda mais, o ensino de nível superior em Arari. No polo da Universidade Estadual do Maranhão, em Arari, funciona o Programa Darcy Ribeiro, que promove cursos de licenciatura nas áreas de Matemática, Letras, Biologia, Química, Física e História; e o polo da Universidade Aberta do Brasil – UAB – que promove vários cursos acadêmicos em Administração Pública, Pedagogia, Filosofia e também cursos técnicos à distância, através de um Ambiente Virtual de Aprendizagem.

Ademais, conta-se com o projeto de capacitação continuada de formação de professores de educação infantil, do 1° e do 5° ano do fundamental: Escola Que Vale. Projeto implantado e desenvolvido pela empresa de mineração Vale em parceria com a Prefeitura Municipal de Arari, que vem ano após ano melhorando a alfabetização das crianças e desenvolvendo novas competências e habilidades pedagógicas.

.Dando suporte à educação no município, contamos com três bibliotecas: uma da ADC, a Biblioteca Justina Fernandes; outra da Fundação Cultural em parceria com o SESI – Serviço Social da Indústria – que recebeu o nome do escritor e intelectual arariense, José de Ribamar Fernandes; e outra pública, mantida pelo Poder Público Municipal, a Biblioteca Municipal Padre Brandt;  além do Farol da Educação Professora Raimunda Ramos, um projeto do Governo do Estado do Maranhão; a Casa do Professor “Maria Teresa de Jesus Garcia Santos”, que conta com auditória para reuniões, cursos e convenções; biblioteca e acervo artístico interessantes. Essa louvável iniciativa foi realizada em parceria da Prefeitura de Arari com a Fundação Vale e o CEDAC. As ações educativas realizadas através do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI, também são dignas de destaques. Assim como outros projetos educativos e de inclusão social que contribuem para a formação das nossas crianças. Nesse caso, vale apena ressaltar o Projeto Rabisco, da associação Arariense Unidos pela Arte – AUPA. As oficinas de cultura promovidas pelo Projeto Mais Cultura, Projeto Magá, através do Instituto Perone, também contribuem para a formação educacional e cultural dos ararienses.

 

 

Pecuária arariense

 Pecuária é a criação de animais. A pecuária, portanto, não é simplesmente a criação de bovinos, mas, de bubalinos, suínos, caprinos, equinos, ovinos, etc. A piscicultura, a apicultura e a avicultura também são  atividades pecuaristas exercidas no município.

A pecuária pode ser desempenhada sob duas formas: extensiva e intensiva.

A pecuária extensiva é a criação de animais soltos no campo. Neste tipo de atividade os animais são criados em áreas cercadas, com acompanhamento veterinário, rastreamento produtivo, inseminação artificial e até com melhoramento genético. Nesse tipo de criação, a Biotecnologia – ramo científico caracterizado como tecnologia desenvolvida com base na Biologia – é muito utilizada, sobretudo, na questão do melhoramento genético e na formação de embriões, destinados a comercialização, principalmente ao mercado externo.

Porém, em Arari, apenas a pecuária extensiva é praticada. O gado é criado nos grandes campos de pastagem. Na verdade nos imensos campos alagáveis que circundam o território arariense. Poucos pecuaristas do município já criam o gado em áreas cercadas, com assistência veterinária e pastagens melhoradas.

A atividade pecuarista, em Arari, é baseada na criação de bovinos, suínos, caprinos, eqüinos e asininos. A piscicultura vem ano após ano crescendo intensamente, uma vez que no município existe um megaprojeto particular de criação de peixes, visando a comercialização em larga escala. Além de vários outros pequenos piscicultures que ano a pós ano passam a investir nessa atividade. A avicultura e a apicultura também já são exercidas no município, só que de maneira ainda sutil.

Na tabela que se segue, apresentamos a quantidade de animais criados em Arari – com base no ano 2011.

 

ANIMAIS

QUANTIDADE (cabeças)

Bovinos

44.244

Suínos

10.341

Bubalinos

4.103

Eqüinos

1.160

Caprinos

930

Ovinos

720

Asininos

140

Fonte: IBGE 2011

 

JUSTINA FERNANDES RODRIGUES: benemérita prefeita arariense

Justina Fernandes era filha de João Batista da Mata Fernandes e de Alice Adélia Garcia, que uniram-se em matrimônio em 30 de julho de 1901 e tiveram, além de Justina Fernandes, outros 14 filhos, sendo a prole formada por cinco homens e dez mulheres. Era neta do tabelião João Inácio Garcia, sobrinha do mandatário arariense, Antonio Anísio Garcia, grande líder político da nossa terra no século XX. Portanto, a nossa insigne gestora tinha, de berço, o dom de “viver para a política, e não da política” (WEBER, 2004, p. 68).

Ela “foi batizada em Arari no dia 16 de agosto de 1909, com cinco meses de idade, sendo seus padrinhos o Capitão Pedro Leandro Fernandes e Inês da Graça Fernandes Garcia” (ERICEIRA, 2012, p. 181). Casou-se com o seu primo Pedro Garcia Rodrigues. Tiveram um casal de filhos. A menina faleceu com alguns meses de idade, o menino faleceu já adolescente, com 15 anos de idade.

Justina Fernandes morava e tinha comércio na Rua João Inácio Garcia, local em que atualmente fica o memorial Padre Brandt. Descendente de família e casada com criador de gado, logicamente, Bembém também era pecuarista. Ficou viúva em 1942, aos 33 anos de idade. Com o falecimento do seu esposo foi morar em São Luís. Depois do seu mandato de prefeita foi morar no Rio de Janeiro, onde faleceu vitimada por um câncer no estômago, no romper da aurora, do dia 8 de janeiro de 1959. Se sepultamento aconteceu no cemitério do Gavião, em São Luís.

Durante a vigência do chamado Estado Novo no Brasil, que perdurou até o final do ano de 1947, a alternância de prefeito em Arari era constante. Desse modo, pairava uma instabilidade política no Município. Foi então que em 1950, o Padre Clodomir Brandt e Silva teve e feliz ideia de lançar a candidatura de Justina Fernandes Rodrigues, que na ocasião residia em são Luís, à prefeitura de Arari, pelo Partido Social Progressista - PSP. O seu companheiro de chapa foi o Sr. Antonio de Jesus dos Santos (Tonico Santos), que é pai do cantor Zeca Baleiro, nosso companheiro nessa Confraria, e juntos venceram a eleição contra o Cel. Cipriano Ribeiro dos Santos. Após 27 anos de domínio político exercido pelo Sr. Antonio Anísio Garcia, a oposição, finalmente, triunfaria em Arari.

Nesse mesmo pleito, de 1950, foram eleitos os seguintes vereadores: “Hildo de Hungria dos Santos, PSP; Inácio Custódio Batalha, PST; Leandro Pimenta Bastos, PTB; Leonília da Conceição Ericeira Leite, PTB; Manuel Fernandes Ribeiro (Nezico Ribeiro), PSP; Manoel de Sá e Silva, PST; e Vicente Matos Galvão, PST. Os anos de 1950 foram de significativas mudanças para Arari, com a profícua administração da prefeita Justina Fernandes Rodrigues. Iniciava-se, assim, uma nova era na administração pública arariense, marcada por um programa desenvolvimentista e de reformas sociais” (BATALHA, 2011, p. 139).

Justina Fernandes deu um novo panorama ao município. Seu governo se fez presente tanto na sede quanto na zona rural. Construiu estradas; Construiu o cemitério local; construiu escolas; pontes e aterrados; realizou piçarramento de ruas; adquiriu com recursos próprios um caminhão para prestar serviços à população mais carente; assentou em Arari o primeiro médico que residia no próprio município, o doutor José Leão; dotou Arari de energia elétrica, está obra progressista foi inaugurada em 22 de novembro de 1953, às 18h30min, com grande festividade na cidade. Decerto, esta foi a obra mais importante da sua profícua gestão. Nesse mesmo dia, foi inaugurada também a estrada Arari-Miranda. No mandato de Bembém, foram construídas as estradas vicinais de Bonfim e de Moitas.

No meio rural, a eminente gestora realizou uma expoente reforma agrária em Arari. Construiu cercados para lavradores dos povoados Bonfim, Curral da Igreja, Barreiros, Trizidela e Santa Inês, garantindo, dessa forma, áreas de trabalho aos trabalhadores rurais locais; distribuiu bolas de arame farpado aos pequenos lavradores do município, em áreas não atendidas pelos cercados. Dinamizou a gestão pública, mudando a estrutura administrativa do município, colocando-a em clima de desenvolvimento.

Dentre outras obras, Justina Fernandes construiu açude no Lago da Morte; elevou em percentuais quantitativos e qualitativos o ensino primário na sede e em povoados. Recuperou áreas de Centrinho, Jenipapo, Santa Rosa, Morro Grande, Cornélio e Lago do Coco, que estavam sendo invadidas pelos municípios de Itapecuru Mirim e Cantanhede. O governo de Bembém também foi marcado por outras iniciativas: colaborou com os projetos da Associação da Doutrina Cristã (ADC); colaborou com a construção da Igreja Matriz; o seu apoio foi fundamental para a fundação da Cooperativa Mista Agropecuária de Arari Ltda; colaborou, ainda, na criação da Escola de Artes Gráficas Belarmino de Matos, de propriedade da ADC.

Com tantos feitos e obras significativas, Bembém Fernandes deu uma lição a todos, de que quando se quer fazer o melhor basta, simplesmente, fazer o melhor para o povo. Justina Fernandes era uma mulher de ação. Certamente a nossa saudosa e benemérita prefeita só conseguiu realizar grandes feitos porque teve planejamento, pés no chão e vontade de ver seu povo feliz e vivendo com educação e qualidade de vida. Observa-se que Justina Fernandes foi prefeita entre 31 de janeiro de 1951 a 31 de janeiro de 1956. Se a nossa respeitável prefeita realizou tantas obras lá na década de 50, imaginem se ela fosse gestora pública nos tempos hodiernos.

Em 1953, no profícuo mandato da nossa notável prefeita, foi realizada em Arari, entre os dias 22 e 25 de agosto a “I Semana Rural do Maranhão”. Um megaevento que teve exposições de animais, cereais e frutas, palestra de diversas autoridades, a presença de Dom José Delgado; Arcebispo Metropolitano do Maranhão; Dom Eliseu Mendes, Bispo de Fortaleza; Eugênio Barros, governador do Estado do Maranhão, além de outras autoridades locais e de outros lugares. Toda a imprensa maranhense esteve em Arari nesses dias, fazendo a cobertura do grande acontecimento no Estado naquele ano.

Mas o governo da prefeita Bembém não foi só de paz e tranquilidade, pois a política sempre foi aguerrida e, muitas vezes, suja, em Arari. No decorrer do seu mandato ocorreu, em outubro de 1954, o lamentável episódio do fuzilamento da igreja e da Casa Paroquial por elementos da polícia do Estado, vindos da capital para recuperar as armas tomadas aos policiais da cidade e supostamente entregues ao Padre Brandt, que originou uma crise política quase transformada em tragédia, evitada graças à boa condução do conflito pela prefeita. Bembém, que, mesmo fazendo oposição ao governo do Estado, tinha o apoio popular, e não se rendeu. De várias maneiras buscou o entendimento através do diálogo para a solução do tal quase funesto impasse.

 

REFERÂNCIAS

BATALHA, João Francisco. Um Passeio Pela História do Arari, São Luís: Lithograf, 2011.

ERICEIRA, Marise. Raízes de Arari. São Luís: Unigraf, 2012.

WEBER, Max. Ciência e Política, duas vocações. São Paulo: Martin Claret, 2004.

Sapucaia

A sapucaieira (Lecythis pisonis Camb.). Pertence à família Lecythidaceae, da mesma  família botânica da castanha-do-brasil (ou do Pará) e dos jequitibás. Recebe outros nomes, dependendo da região como: castanha-sapucaia e cumbuca-de-macaco. Dessa forma, a árvore distribui-se geograficamente pelos estados do PA, AM, AC, RO, MA, PI, RN, PB, CE, BA, MG, ES e RJ. A sapucaia pode ser encontrada, então, na Mata Atlântica e na Amazônia. É uma árvore nativa e endêmica do Brasil.

A nossa majestosa sapucaieira chega a atingir 20 ou 30 m de altura e tronco com cerca de 90 cm de diâmetro. O seu tronco é cilíndrico, reto e comprido. A casca é acinzentada, grossa e com fissuras profundas. As folhas são de consistência fina, lisas e de cor levemente rósea quando jovens. As flores são lilás ou roxas e muito perfumadas. O fruto, a sapucaia, é grande, de consistência semelhante à madeira (do mesmo tamanho ou maior que um coco-verde) e pode pesar 2,5 kg. Esse fruto é como urna “cumbuca” virada para baixo com uma tampa. Daí, pode-se concluir que, o nome sapucaia vem do Tupi e provavelmente quer dizer “arvore-de-cumbuca”. Quando fica maduro a tampa cai e expõe as sementes. Cada fruto produz entre 20 e 30 sementes que possuem em sua base uma estrutura adocicada e macia e é apreciada, praticamente, por todos os animais e inclusive pelo homem, e são protegidas por uma casca dura e de cor escura. 

 Depois de descascadas as sementes são comestíveis da mesma forma que a castanha-do-brasil (ou do Pará) e com o mesmo valor nutricional.  A madeira da sapucaieira é pesada, dura e resistente, com boa durabilidade. É utilizada principalmente para obras externas como postes, vigas, alicerces de pontes, portas, janelas, carrocerias etc. Na medicina alternativa, a casca é utilizada para curar tosses e, também, com o óleo extraído das sementes, usa-se para baixar a taxa de glicose no sangue. Os indígenas, por exemplo, utilizam os frutos para vários fins domésticos como, vasos de plantas, “cumbuca” para guardar pequenos objetos, pegar água etc. 

Outra característica da imponente e prestimosa árvore é que ela é excelente para áreas degradadas que precisam ser revitalizadas, por atrair diversos animais como macacos, aves, morcegos, pacas e cutias, etc. O município de Arari possuía uma grande quantidade de sapucaieiras, no entanto, com o desmatamento descontrolado, as sapucaieiras diminuíram consideravelmente atualmente. Em pouquíssimos povoados ainda podemos encontrar a apreciada e saborosa sapucaia. Fui em um local denominado de Sapucaia, bem próximo à sede do município de Arari (na verdade a Sapucaia já é um bairro arariense) e não encontrei nem vestígios do fruto sapucaia por lá.

 

REFERÊNCIAS

LORENZI, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil, vol. 1. 4ª ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.

PINHEIRO, Claudio Urbano. ARAÚJO, Naíla de & AROUCHE, Galdino Cardinal. Plantas Úteis do Maranhão – Região da Baixada Maranhense. São Luís: Editora Aquarela, 2010.

(DEDICO ESTA PUBLICAÇÃO À MINHA IRMÃ, MARIA ALICE BEZERRA. MULHER ÍMPAR, MOLDADA PELO CONHECIMENTO. TE AMO, ALICE!)

 

 

 

LITERATURA ARARIENSE

Literatura é a arte de compor escritos artísticos, em prosa ou em verso, de acordo com princípios teóricos e práticos, o exercício dessa arte ou da eloquência e poesia. A palavra Literatura vem do latim "litteris" que significa "Letras".

Assim como a música, a pintura e a dança, a Literatura é considerada uma arte. Através dela temos contato com um conjunto de experiências vividas pelo homem sem que seja preciso vivê-las. A Literatura é um instrumento de comunicação, pois transmite os conhecimentos e a cultura de uma comunidade. O texto literário nos permite identificar as marcas do momento em que foi escrito. As obras literárias nos ajudam a compreender sobre nós mesmos e sobre as mudanças do comportamento do homem ao longo dos séculos e, a partir dos exemplos, ajudam-nos a refletir sobre nós mesmos.

A Literatura arariense é muito rica. Tivemos e temos notáveis escritores (poetas, romancistas, biógrafos, cronistas, contistas, pesquisadores...). Abaixo relaciono os eminentes escritores do nosso torrão mearinense de outrora, com suas respectivas obras:

Clodomir Brandt e Silva

1) Escritos sem Ordem – 1ª a 6ª séries;

2) Assuntos Ararienses – 1 e 2;

3) Famílias Ararienses – 9 volumes;

4) Família Brandt;

5) Folha Miúda, Minha Dor;

6) Os Caminhos de Silvania;

7) Arnaldo;

8) A Semente Que Cresceu Entre Espinhos;

9) Luzia dos Olhos Verdes.

José Raimundo Soares

1) Ressonância de Ecos;

2) Um Sonho da Colheita de Outono.

José Silvestre Fernandes

1) Cartilha das Crianças;

2) Primeiro Livro das Crianças;

3) Segundo Livro das Crianças;

4) Geografia (Séries e Admissão);

5) Matemática das Crianças – 1ª a 4ª séries.

6) A Baixada Maranhense - Geografia

Thiago José Fernandes

1) Ascensão de Um Tartufo.

Zuleide Violeta Fernandes Bogéa

1) Cartilha de Luís.

Raimundo de Sousa Fernandes - Caiçara

1) Publicou um conto sobre a origem do Lago da Morte.

  Hodiernamente, a literatura arariense continua rica em publicações dos mais diversos gêneros. Decerto, Arari é uma das cidades do Brasil, sem falsa modéstia, que mais publica e lança livros. Uma média surpreendente de dois livros lançados por ano. A seguir, catalogamos cada escritor com suas respectivas obras, notáveis escritores, verdadeiros mestres na arte singela da escrita. Um patrimônio literário de causar-nos orgulho.

José de Ribamar Fernandes

1) Poemas de Início;

2) Caminhos da Alma;

3) Eclosões (Co-Autoria);

4) Crônicas Ararienses;

5) O Educador Silvestre Fernandes;

6) A Representação Paritária na Justiça do Trabalho;

7) Portal do Infinito;

8) Gente e Coisas de Minha Terra;

9) Ao Sabor da Memória;

10) O Universo de Padre Brandt – Biografia.

João Francisco Batalha

1) Candidatura à Intendência -1919;

2) Família Batalha;

3) Família Prazeres;

4) Navegadores do Mearim e os Marítimos do Arari;

5) Mearim: Vida e Morte de Um Gigante;

6) Passageiro da Aurora – Pe. Brandt Prós e Contras;

7) Um Passeio Pela História de Arari – História.

Hilton Mendonça Corrêa

1) Odylo Costa, Filho;

2) Poetas Brasileiros de Hoje 1987 – Vários Autores;

3) Alguns Poemas Brasileiros – Vários Autores;

4) Poetas Brasileiros de Hoje 1989 – Vários Autores;

5) Julgados do Tribunal Trabalhista do Maranhão;

6) Julgados das Turmas Recursais do Maranhão;

7) Justiça Gratuita;

8) Alvorecer Intelectual – Literatura diversa.

Nerly Vale Cutrim

1) Passageiro do Tempo;

2) Prelúdio para Nicolle.

3)Águas do Mearim - Poesias

Éden do Carmo Soares

1) Peixes do Mearim – Científico e Ambiental.

Manira Aboud Santos

1) Educação e Democracia no Governo de São Paulo – Tese de Doutorado – Tese de Doutorado.

José Silva

1) Minhas Poesias – Escritos Inquietos - Poesias.

Herculano Ericeira Coelho

1)Rebelião dos Poemas – Poemas.

Cleilson Fernandes

1) Diálogo com o Pai - Teologia.

José de Ribamar Brito – Zequinha Brito

  1. Dramas das enchentes;
  2. Mensageiro da vaidade – vol. I e II;
  3. Mensageiro de Arari e os candidatos na Barragem - vol. I, II e III;
  4. A vida do Padre Clodomir da Cidade de Arari;
  5. Sonhos de ilusão fazem alguém chorar. (Todos os trabalhos publicados pelo "poeta do povo", Zequinha Brito, são em literatura de cordel).

Edina Bezerra

  1. Retalhos de Uma Saudade – Poesia de Cordel;
  2. Retrato de Mulher – Romance;
  3. Valores Branditianos, um tesouro a preservar – Biografia;
  4. Quimera – Romance - Romance.

James Cláudio

  1.  Chamas que não queimam – Poesias.

Sydenilson Santos

  1. Caçador de Ilusão – Poesias;
  2. Linhas de um Caderno Antigo – Poesias.

Francisco Ribeiro Júnior (Ribeiro Júnior)

  1. O Violino Íntimo das Palavras – Poemas.

Marise Ericeira

  1. Raízes de Arari – História e Genealogia.

Marcelino Chaves Everton

  1. Crônicas de Um Arariense - Crônicas.

Dinacy Mendonça Corrêa

  1. Um Cordel Para São Benedito.

José Maria Costa

  1. Sermão Vermelho – Teatro

Aurilene Chaves

  1. A Força de um sonho – Autbiografia

(Assim que novos livros forem publicados por autores ararienses, esta catalogação será atualizada). 

Dedico este trabalho ao nobre e eminente arariense e grande entusiasta do nosso trabalho, José Maria Sousa Costa - Zé Maria. Escritor e mantenedor do blog literário: BlogDo José Maria Costa (www.josemariacosta.com)

 

REFERÊNCIA

MENDONÇA, Hilton. Alvorecer Intelectual. São Luís, Mendonça Livros, 2004.

 

 

CURRAL DA IGREJA: caracterização histórica e socioambiental

Local onde acontece o evento Campeonato Brasileiro de Surf na Pororoca. Povoado de Curral da Igreja, Arari-MA. Foto: ABRASPO.

 

O povoado de Curral da Igreja é uma das povoações mais antigas do Mearim. Nessa região, "erguera-se ali a primeira igreja, tornando-se a primeira freguesia instalada na região, constituída pela oferta de considerável gado-vacum, vindo da Ilha da Madeira, de meia légua de terras e de um curral construído no lugar que ainda hoje se chama Curral da Igreja, para abrigar o plantel, doados em 1723 pelo capitão-mor e fidalgo da Casa Real, pe. José da Cunha D'Éça" (FERNANDES, 2004, p. 43). César Augusto Marques, renomado historiador maranhense, também cita o padre José da Cunha D'Éça em seu secular Dicionário Histórica-Geográfico da Provincia do Maranhão, 3ª edição, 1970, p. 457, onde elenca o seguinte:

"Em virtude da Resolução Régia de 18 de março de 1723 fez El-Rei saber a Francisco Machado, Provedor-Mor da Fazenda desta Capitania, que tendo visto a conta dada pelo Bispo D. Frei José Delgarte de como o padre José da Cunha D'Éça, fidalgo da Casa Real e Capitão-Mor que fora da mesma Capitania, se resolvera a abraçar o estado eclesiástico, pelo que lhe conferi as ordens necessárias e o persuadira, visto possuir bens de fortuna, a levantar uma igreja na ribeira do Mearim, onde já existiam 500 almas privadas de sacramento, ao que o dito padre atendera não edificando a igreja como também dotando-a de um curral de gado, meia légua de terra, quatro escravos e mais abegoaria necessária e paramentos suficientes de três cores, naveta, turíbulo, caldeirinha e sino, pelo que com toda satisfação mandará admití-la ao seu real padroado, e confirmava o padre como seu prelado, consignando-lhe a côngrua anual de 50$000 reis" (MARQUES, 1970, P. 457).

Desse modo, o surgimento do lugar Curral da Igreja ocorreu no século XVIII, após o polêmico padre José da Cunha D’Éça doar terras, escravos e gado-vacum, mandar construir uma Igreja e um curral, fundando, assim, o nosso histórico povoado. Se o pároco não tivesse construído a Igreja e o Curral, daí Curral da Igreja, nos idos de 1723, não teríamos, portanto, essa auspiciosa povoação.

Hoje, o povoado conta com 42 casas, onde a maioria é de taipa; possui 186 moradores, com um rendimento per capita de R$ 200,00; uma pequena mercearia; uma capela católica; uma escola municipal de ensino fundamental de 1º ao 6º ano; um salão de festas e um prédio construído especialmente para o Campeonato de Surf na Pororoca, um evento internacional que ocorre pelo menos duas vezes por ano no povoado de Curral da Igreja.

Uma estrada vicinal liga o povoado à sede do município de Arari, que está a 9 km de distância. A povoação fica a 40 km da foz do rio Mearim, aproximadamente. Devido esta proximidade com a foz, é que o Curral da Igreja tornou-se um local perfeito para a prática do surf na pororoca.

A formação geológica do lugar é de uma cobertura sedimentar recente. Baseando-se na classificação do solo maranhense, feita pelo pedólogo Paulo Klinger Tito Jacomine, pode dizer que o tipo de solo predominante nesse trecho do Mearim, onde se encontra o Curral da Igreja, é o plintossolos, que são solos normalmente ácidos e mal drenados, característicos de clima tropical com estações secas e chuvosas bem marcadas e de áreas de relevo plano, como várzeas e terraços fluviais (Departamento de Geomorfologia da UEMA).

Por possui um solo rico em sedimentos, em 1963, a PETROBRÁS – Petróleo Brasileiro S/A – fez prospecção no Curral da Igreja e constatou que em seu solo existe gás natural, a uma profundidade de 625 m. As escavações e canalizações do gás natural ocorreram em 16 de maio de 1963 e 19 de junho de 1963. A foto abaixo mostra o poço canalizado e lacrado.

Reserva de gás natural, no povoado de Curral da Igreja, Arari-MA. Foto: Adenildo Bezerra.

 

Os moradores de Curral da Igreja vivem basicamente da pesca, no rio Mearim e nos igarapés circundantes ao povoado; da agricultura de subsistência, onde cultivam feijão, milho, arroz e melancia; da criação de cabras, haja vista que o povoado possui uma das maiores criações de caprinos do município de Arari. As famílias também recebem dinheiro do programa de transferência de renda mínima do governo federal – Bolsa Família. Os mais idosos e deficientes recebem benefícios do INSS. Os chefes de família, em sua grande maioria, saem para trabalhar como operários em firmas fora do município e/ou fora do estado, daí mandam parte do que recebem para os familiares.

O abastecimento de água é feito através de poço artesiano perfurado e mantido pela Municipalidade. Recentemente os moradores de Curral da Igreja receberam cisternas do governo federal, através do Programa Água para todos. Os habitantes têm uma relação direta com o rio Mearim, pois o povoado fica na margem direita do rio.

Apesar disso, essa relação não é harmônica. Encontra-se muito lixo à beira rio. Algumas latrinas são na beira do rio, logo, quando a maré enche esses dejetos são levados pelas águas. Outro fator preocupante é o assoreamento no rio em Curral da Igreja. Nas proximidades do povoado a largura do rio é assustadora. Em média a largura do rio, segundo o Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis, é de 70 m a 650m. A profundidade média com a maré jusante é de 1,5 m a 2 m. Inúmeras coroas (crôas) se formaram e estão se formando no leito do Mearim. A salinização da água nesse ponto é intensa, fenômeno que está diretamente ligado ao assoreamento. Em determinadas épocas do ano, após a vazante da maré, as margens do rio ficam brancas de sal. A água salinizada alaga as margens, quando a maré baixa, a água evapora-se e fica apenas o sal.

 

REFERÊNCIA

DEPARTAMENTO DE GEOMORFOLOGIA DA UEMA. Blog Geomorfologia. Disponível em: https://geomorfologiacesc.blogspot.com.br/2012/04/solos-do-maranhao-mapa-e-notas.html?spref=fb. Acessado em 26 de novembro de 2013.

DEPARTAMENTO NACIONAL E PORTOS E VIAS NAVEGÁVEIS.

FERNANDES, José. O Rio. São Luís, Lithograf, 2004.

MARQUES, César Augusto. Dicionário Histórico – Geográfico da Província do Maranhão. 3ª Ed. Rio de Janeiro. Editora Fon-Fon e Seleta. 1970 (Coleção São Luís).

 

 

 

 

 

 

EXPEDIÇÃO MEARIM: uma viagem pelo “rio do povo”

 

Às 5 horas da manhã, do dia 9 de novembro de 2013, juntei-me aos companheiros de expedição, Jocei Jardim, secretário de meio ambiente do município de Arari; Ana Gabriella, graduanda do curso de Engenharia Ambiental do CEUMA; Raimundo Ericeira (Raimundo de Fufa), representante de pescadores e ambientalista; Raimundo Nonato (Nonato de Casemira), funcionário da Secretaria de Meio Ambiente de Arari; Curruta, pescador arariense e condutor da nossa embarcação; e Domingos, morador do povoado Arari-Açu da Beira e também condutor de outra embarcação que utilizamos, para saírmos, do Povoado Arari-Açu da Beira, em expedição pelo Rio Mearim.

Nosso objetivo era observar e registrar as condições ambientais do rio e de seus igarapés da margem direita, pertencentes ao município de Arari. Batizamos a expedição de “Expedição Mearim”. Saímos em duas canoas movidas a motores de rabetas. O nosso itinerário era entre Arari-Açu da Beira, ponto de coordenada UTM (Latitude 0527455; Longitude 9597675), povoado pertencente ao município de Arari; e Lapela, ponto de coordenada UTM (Latitude 0530662; Longitude 9587146), povoado pertencente ao município de Conceição do Lago Açu. Este percurso, previamente traçado, teve 28 km de extensão. 

Singramos o rio. Logo na primeira curva, à montante, deparamo-nos com um bando de ciganas (Opisthocomus hoazin), também conhecidas em outras regiões por jacu-cigano; aves de porte médio e de uma plumagem tocante. Tentamos nos aproximar para fotografá-las, mas não tivemos oportunidades, aves ariscas, trataram logo de voar. Continuamos a navegar rio acima, observando a mata ciliar, que, neste trecho, encontra-se bem conservada, exceto em locais habitados à beira rio onde a ação humana é sempre voraz. Próximo às povoações, sobretudo as maiores como Santa Cruz e Lapela, por exemplo, encontramos acúmulo de lixo na margem, embalagens plásticas boiando nas águas mearinenses; sem falar na grande quantidade de resíduos de sabão e água sanitária que caem dentro do Mearim devido à ação inconsciente das lavadeiras que diariamente lavam roupas no rio. Várias pessoas lavam seus veículos diretamente no rio, desse modo, resíduos de graxa a óleo caem, também, nas águas. Comentei com o Jocei: “Mesmo uma simples casinha causa impactos desastrosos no ecossistema, imagine uma povoação ou uma cidade”. Ele sacudiu a cabeça positivamente.

Em algumas áreas do Mearim, por ser mais estreito, em média a largura do rio nesse trecho é de 40 metros aproximadamente, há alguns pontos obstruídos pelo acúmulo de mururu. Às 10h15min. Chegamos ao povoado de Lapela. Uma povoação antiga, com 327 anos de fundação. Lapela tem apenas três ruas, uma secular capela católica, um pequeno templo evangélico, um posto de saúde e uma pequena escola municipal. As moradias são em sua maioria de taipa, cobertas de telhas; e poucas são de alvenaria. A base da alimentação é o peixe, capturados nos lagos e igarapés circundantes e no rio Mearim. Nesse povoado, segundo o arqueólogo Olavo Correia Lima, em seu livro Pré-História Maranhense, foi onde Manoel Beckman, no século XVII, tinha terras e um grande engenho. Foi na região de Lapela, ainda segundo o renomado cientista, que Beckman foi traiçoeiramente preso por Lázaro de Melo.

Após conversamos com alguns moradores e fotografarmos a localidade, retornamos às embarcações para a viagem de volta a Arari-Açu da Beira. Saímos de Lapela às 11h20min. Na volta o nosso objetivo era adentrar os igarapés para vistoriarmos a respeito do uso indiscriminado de tapagens e observamos as matas ciliares, impactos da ação antrópica e as condições fisiográficas de cada recurso hídrico localizado em terras ararienses.

A nossa primeira parada, à jusante, foi na embocadura do Igarapé Jabutitá de Cima, coordenada geográfica UTM (Latitude 0530398; Longitude 9588540) onde observamos várias tapagens obstruindo o igarapé. Todavia, o Jabutitá de Cima apresenta condições ambientais salutares. Mata ciliar densa, boa profundidade e vazão. No Igarapé do Jabutitá de Baixo, ponto de coordenada UTM (Latitude 0529081; Longitude 9589950), que na verdade é uma extensão do Igarapé Jabutitá de Cima, as condições ambientais são similares ao seu “xará”.

Nos Igarapés da Flecheirinha, ponto de coordenada UTM (Latitude 0529730; Longitude 9591988) e Flecheira, ponto de coordenada UTM (Latitude 0527566; Longitude 9592985), o problema mais premente é a construção de tapagens, que impedem tanto a vazão do igarapé quanto a entrada e saída de peixes para o rio e vice-versa. No tocante às condições ambientais, ambos apresentam mata ciliar densa, espaços sombreados nas margens. Porém, o igarapé da Flecheirinha apresenta pontos assoreados.

O assoreamento do Igarapé da Flecheirinha, segundo pescadores da região, é devido à construção de uma estratégia de pesca chamada de “pulador”. Essa “técnica” consiste em aterrar o igarapé, no período de abaixamento das águas, isso geralmente entre os meses de maio e julho, de uma margem a outra, a fim de forçar os peixes a pularem dentro de uma armadilha ou dentro das canoas, no momento em que tentam chegar ao rio. Depois, toda a terra acumulada fica depositada no leito do igarapé causando, paulatinamente, a seu aterramento.

O último igarapé que observamos foi o exuberante Igarapé da Mãe Joana, ponto de coordenada UTM (Latitude 0526810; Longitude 9594032). Encontramos um cenário pitoresco. O “Mãe Joana” é um igarapé gigante, profundo, com largura de 30 metros aproximadamente. É rico em pescado. “A gente pesca aqui o ano todo, peixe aqui é no inverno e no verão. Rapá siô, esse garapé tem peixe demais”, disse-me Curruta, exímio pescador dessas bandas. No entanto, o problema que mais prejudica o Igarapé da Mãe Joana também é a construção desordenada de tapagens. A confecção de tapagens em nossos lagos e igarapés é proibida por Lei. Logo, é um crime contra o meio ambiente. Inúmeros são os malefícios provocados pela confecção indiscriminada dessa prática nociva. A tapagem afeta diretamente a fauna ictiológica, impedindo-a de chegar ao rio e, também, de chegar aos campos inundáveis para a reprodução. Interfere ainda na vazão natural do igarapé, prejudicando dessa forma a renovação do fluxo d’água.

Retornamos ao povoado Arari-Açu da Beira às 16h00min. Os comentários foram muitos. Foi um momento de interação com a natureza e de conhecimento sobre o majestoso Rio Mearim. Podemos verificar in loco que essa parte do rio está em boas condições ambientais. Que capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) povoam as margens, pois nos deparamos com vários bandos atravessando o rio de um lado para o outro. Que socós, seja o socó-boi (Ardea cocoi) ou o socó grande (Tigrissoma liseatum), aves piscívoras sobrevoam o Mearim à procura e alimentos. Jaçanã (Jacana jacana), japi (Cacicus cela); quelônios como a cangapara (Phrynops geoffroanus), jurará (Podecnemis expansa), todas estas espécies ainda podem ser vistas nesse trecho mearinense.

Concluímos, assim, que nem tudo está perdido. Que ainda há muita natureza e vidas no Mearim. Que somente com sensibilidade ambiental por parte do homem, que é quem age nos ecossistemas desequilibrando-os é que pode-se manter o que ainda resta de natureza, e revitalizar aqueles ecossistemas que precisam, urgentemente, serem revitalizados. O Mearim, no trecho que banha as terras pertencentes ao município de Arari, apresenta, então, um misto de preservação e destruição. A presença humana é o grande agravante de depredação ecológica. “A experiência humana na Terra não deu muito certo”.

 

 

 

 

 

Marcelino Everton, o desembargador arariense

 Marcelino Chaves Everton nasceu no dia 21 de agosto de 1948, no município de Arari. É filho de José de Ribamar Everton e de Raimunda Didi Chaves. Tem dois filhos: a juíza de direito Ana Gabriela, atualmente na comarca de Pedreiras; e o advogado Marcelo Eduardo. O magistrado é também avô de três netos.

Foi aprovado em concurso de escrivão de polícia em 1970. Depois que se bacharelou em Direito pela Universidade Federal do Maranhão, em 1975, na última turma da antiga Faculdade de Direito da Rua do Sol, ascendeu ao cargo de delegado de polícia.

Ingressou na magistratura em maio de 1982, como titular da comarca de Vitória do Mearim, após ter sido aprovado em concurso para juiz no ano anterior.

Foi promovido por merecimento paras as comarcas de Carolina (1986-1990), e de Pedreiras (1990-1993), e por antiguidade para a comarca de São Luís, em setembro de 1993.

Iniciou na capital como juiz auxiliar, tendo sido titularizado na 5ª Vara da Fazenda Pública, que ele instalou, em 1997.

Por meio de permuta, foi para a 2ª Vara da Família em 2002, onde permaneceu até ter acesso ao cargo de desembargador.

Marcelino Everton participou de vários eventos de especialização no Brasil e no exterior. No país, esteve presente em diversos congressos de magistrados e cursos de direito processual civil e de direito de família, muitos deles de caráter internacional.

Em eventos organizados pela REDLAJ (Red Latinoamericana de Jueces, em espanhol) para congregar juízes ibero-americanos, participou de congressos em Barcelona (Espanha – 2007); Santiago (Chile -2008), Cartagena (Colômbia – 2010) e Lima (Peru – 2011).

Como juiz da 10ª Zona Eleitoral, presidiu a solenidade de diplomação do prefeito e vereadores eleitos em 2004, em São Luís.

Recentemente, reuniu suas crônicas e artigos publicados em jornais maranhenses no livro “Crônicas de um Arariense”, pela editora Litograf.

Assessoria de Comunicação do TJMA

Orgulho

Durante o lançamento do livro do Dr. Marcelino Everton, no pátio do Colégio Arariense, em 2011, ao chegar a vez de ele autografar o meu livro, ele me olhou e disse: "Você é o professor Adenildo Bezerra. Acompanho as suas publicações em seu site, e são excelentes. Parabéns"! Fiquei orgulhoso ao ouvir encômios de um homem importante e culto como ele. Fica registrado neste singelo espaço eletrônico a nossa homenagem a tão ilustre arariense. Obrigado, Dsembargador Marcelino Chaves Everton!

 

A agricultura de subsistência em Arari: processos e tipos

A agricultura de subsistência é realizada pelo processo extensivo, isto é, após um processo rudimentar desenvolvido nas roças. Tais práticas não são adequadas e nem contribuem para a fertilidade do solo, todavia, é comumente realizado pelos pequenos produtores rurais locais. Esse processo, detalharemos em seguida:

  1.  Demarcação da área a ser utilizada.
  2.  Brocagem- devastação das árvores de pequeno e médio porte com utilização de foice ou facão.
  3.  Derrubada- consiste no corte das árvores maiores com a utilização do machado, geralmente após a brocagem.
  4.  Aceiramento- limpeza ao redor da área devastada para evitar a propagação do fogo em áreas não devastadas.
  5.  Queima- realizada após a derrubada.
  6.  Encoivaramento- após o esfriamento da área queimada começa-se a retirar os gravetos queimados, deixando o solo limpo para o plantio.
  7.  Cercamento- a área é cercada para evitar uma possível invasão de animais.
  8.  Plantio – numa roça planta-se sob a forma de consórcio vários produtos como: milho, feijão, mandioca e, após estas, planta-se o arroz e a melancia.
  9. Capina – é feita com o uso da catana (xavasca) ou enxada para retirada da vegetação daninha (mato), e facilitar o crescimento da plantação.
  10.  Colheita – o agricultor colhe a sua produção, geralmente baixa, devido o modo de uso do solo e das técnicas rudimentares utilizadas.

11) Capoeira - após a colheita a roça é abandonada, e passa a ser alvo de engorda dos rebanhos.

            Outra prática agrícola muito comum, principalmente em áreas banhadas pelo rio, igarapés e lagos é a vazante. Realizada após o período chuvoso, durante o abaixamento, entre os meses de julho a novembro. Quando os recursos hídricos (rio, igarapés e lagos) enchem e transbordam, eles carregam uma grande quantidade de matéria orgânica. Após o abaixamento das águas, essa matéria orgânica fica acumulada nas margens, o que oferecem um solo fértil e propício ao plantio.

QUANTIDADE E PERCENTUAL DE ANALFABETOS ABSOLUTOS, POR FAIXA ETÁRIA, RESIDENTES NO MUNICÍPIO DE ARARI

 

 

FAIXA ETÁRIA

 

QUANTIDADE

 

PERCENTUAL (%)

 

         DE 15 A 24 ANOS

 

  370

 

 8,5

 

        DE 25 A 39 ANOS

 

  918

 

20,8

 

       DE 40 A 59 ANOS

 

1 685

 

38,2

 

       DE 60 ANOS OU   MAIS

 

1 434

 

32,5

 

        TOTAL

 

4 407

 

 100

    FONTE: IBGE, 2010

 

 

JOSÉ DA CUNHA D’EÇA, o padre fundador do Arari

 

Um importante personagem dessa nossa história, podemos dizer, que é recente, que visa resgatar a origem do nome dos “d’Eça” no Maranhão, é o de José da Cunha d’Eça, foi o fundador da cidade Arari e Vitória do Mearim em 1723. Fidalgo da Casa Real e capitão-mor que foi da Capitania do Maranhão.

Há um verbete desse personagem no Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão (1870). Era um homem afortunado e cheio de posses, que usava os seus recursos financeiros para conquistar a simpatia popular.

A origem nobre de José da Cunha d’Eça é comprovada por ser ele uma das famílias mais tradicionais de Portugal, mas também pela comunicação do rei de Portugal que confirmou as ordens ao fidalgo, comunicando ao Provedor-Mor da Fazendo no Maranhão e o mandou admitir ao seu real padroado a igreja que ele construiu no Mearim.

 

ORIGENS

A família d’Eça do Maranhão provém de D. Pedro I, de Portugal, e de D. Inês de Castro, por seu filho D. João, senhor de muitas terras e detentor, portanto, de suas respectivas jurisdições e rendas todas concedidas por mercê de seu pai, por carta de 1360, para ele e seus descendentes.

De sua primeira esposa, D. Maria Teles de Meneses, D. João teve um filho apenas, D. Fernando, que saiu do reino com ele e viveu por muito tempo em Galiza, onde teve o senhorio da Vila Eça, da qual se originou o sobrenome da família. D. Fernando, sem enviuvar, foi casado com várias mulheres, com as quais teve 42 filhos. Esse era o controvertido padre José da Cunha d’Eça, fundador do povoado que originou Vitória do Mearim e Arari.

 

O PADRE JOSÉ DA CUNHA D’EÇA

Era padre, mas como era na época, a sua ordenação foi comprada e não seria o caso de vocação. Assim como muitos papas ao longo da história o foram em troca de benesses para a igreja. Para abraçar o sacerdócio, José da Cunha d’Eça apelou para o bispo D. Frei José Delgate, que lhe ordenou, não há registro de que essa ordenação tenha sido feita em São Luís ou em Belém, já que ambos moraram nas duas cidades, conforme diz Berredo nos Anais Históricos do Maranhão. Sabe-se, portanto, que se o padre José da Cunha D’Éça não tivesse construído uma Igreja e doado terras, gado e outros aparatos à povoação, o Arari não existiria.

 

REFERÊNCIA

  BERREDO, Bernardo Pereira. Anais Históricos do Estado do Maranhão, 1749.

  Blog do Rev. João D'Éça. Disponível em: www.joaodeca.blogspot.com.br. Acessado em 26 de julho de 2013.

  MARQUES, César Augusto. Dicionário Histórico e Geográfico da Província do Maranhão. 3ª Ed. Rio de Janeiro. Editora Fon-Fon e Seleta. 1970 (Coleção São Luís).

 

 

 

 

A fauna baixadeira-arariense

           

O conjunto de animais da microrregião da Baixada Maranhense é bem diversificada, como Arari está inserida nessa parte do Maranhão, utilizo-me do excelente trabalho de pesquisa desenvolvido pelo pesquisador maranhense Cássio Reis Costa denominado, “Baixada Maranhense”, onde nas páginas 20/21, lê-se o seguinte:

 

Ocupando uma vasta área estimada em 20.000 km2, compreendendo os baixos cursos dos rios Mearim, Pindaré, Grajaú e Turiaçú, a Baixada Maranhense é uma gigantesca depressão de terras alagadas, que se estende por vários municípios do Estado, situado na Pré-Amazônia Maranhense.

A fauna é representada por numerosas espécimes. São abundantes a fauna lacustre em mandubés, surubins, mandis, pescadinha e outros, pululam nos rios, ao passo que nos lagos abundam piaus, puraquês, traíras, curimatãs, jejus.

As matas que bordejam os rios são povoadas de lontras, encontrando-se também, embora com menos abundância, pela perseguição que sofrem por parte dos caçadores, a capivara, conhecida dos aborígenes com “porco selvagem dos campos”.

Os quelônios são representados pelos jurarás, cágados e jabotis.

Dentre os ofídios ressaltam as cascavéis, que habitam de preferência os campos cobertos de capim-açú e os manguezais, que orlam as margens dos rios, no baixo curso. Constituem as “crotalus terribilias”, ameaça permanentemente à vida dos trabalhadores rurais, além de dizimar os rebanhos, com veneno mortífero de que são portadoras. As jibóias ou sucuris, atingindo, as mais das vezes, uma dezena de metros vive no seio das águas, de onde Sá se afastam a procura de alimentos. Há ainda a “pinta”, espécie de cascavel, mais delgada e desprovida de anéis na cauda. As jararacas são menos abundantes, com o seu habitat nas matas que cobrem as terras altas.

 

Aves numerosas povoam a imensa Baixada, sobressaindo os palmípedes representados pelos patos, marrecos, paturis, maguaris, meuás.

As pernaltas vivem ao lado dos lagos e lagoas, procurando também o leito dos rios, atingidos pelo fluxo e refluxo das marés. Garças numerosas, jaçanãs e socós, ao cair da tarde, quando se recolhem ao pouso noturno, sobem ao céu como nuvens brancas que se deslocam em várias direções. (REIS, 1982, P. 20/21).

 

É bem verdade que devido o desmatamento desordenado da nossa flora, para propiciar a agricultura comercial e a pecuária extensiva, grande parte da nossa fauna já foi extinta. Não existe mais em Arari, a riqueza faunística de outrora. Quem é arariense e tem mais de 20 anos de idade, ainda alcançou o lugar chamado de Cafezal, uma área arborizada, próximo à sede do município, onde lá encontrávamos uma diversificada fauna, representada por répteis, aves; pequenos roedores (cotia, paca, por exemplo). Hoje o Cafezal virou simplesmente uma área desmatada e sem vida. Às margens do Igarapé do Nema víamos uma grande quantidade de capivaras, mambiras, pequenos macacos, garça, jaçanãs, marrecas, socós, etc. Hodiernamente, não vemos nada além de pequenos pássaros. Lembro-me bem que na região da barragem do Nema existiam muitos bigodes e caboclinhos, onde armávamos gaiolas para pegá-los, travessuras de infância. Viajando por vários povoados ararienses, percebe-se que a fartura de antes se acabou. Observa-se inúmeros caçadores, que moram na zona rural arariense, voltando para suas casas, após horas a fio de caçada, sem nenhuma caça, ou quando conseguem algo são apenas pequenos bichos de pena.

 

REFERÊNCIA

  • COSTA, Cássio Reis. Baixada Maranhense. Sioge, 1982.

 

 

 

 

Titara: palmeira espinhosa dos campos alagáveis e das matas ciliares dos nossos igarapés

A titara (Desmoncus phoenicocarpos) é uma palmeira exótica, protegida por espinhos, pertencente, logicamente, à família das Palmae. Seu ambiente de crescimento favorável são os campos inundáveis e as matas ciliares dos igarapés e lagos baixadeiros. Essa palmeira pode atingir de 15m a 30 m de altura. A floração ocorre no mês de janeiro. A época da frutificação acontece de maio a junho.

O fruto da titara, de mesmo nome, é esférico, em formato de cachos, e é consumido in natura pelos seres humanos e por animais terrestres como porcos, cutias e pacas. Os peixes, sobretudo os “peixes pretos” (Jeju, carambanja, traíra) e os pequenos peixes de couro (capadinho e jandiá, por exemplo) também se alimentam desse fruto, que possui uma espécie de “coquinho” dentro da casca.

Além do fruto, a palmeira titara é importante, pois, com ela pode-se fazer varas para a confecção de utensílios como gaiolas, usadas na captura de peixes e aves. Ademais, essa prestimosa palmae possui uma fibra que é, também, muito usada pela população regional na confecção de produtos artesanais.

Ambientalmente, a titara é de suma importância para a manutenção da vida em nossos lagos e igarapés. Alimentam os peixes; contribuem para a contenção da queda das barrancas dos cursos d’água, evitando, desse modo, o assoreamento. Servem de abrigo a alimento para as aves e para outros animais. Nas margens do Igarapé do Nema era comum vermos a titara. Era. Porque atualmente não encontramos essa típica planta com facilidade à beira desse igarapé. Pode-se afirmar, então, que a titara está em extinção por aqui.

 

Crivirizeiro, árvore típica da Baixada Maranhense

 

O crivirizeiro (Mouriri guianensis Aub.) é uma árvore imponente, que mede de 15 a 30 metros de altura. É uma planta típica da flora da Baixada Maranhense e encontra-se em risco de extinção, ocasionado pelo crescimento descontrolado da agricultura e da pecuária nos campos inundáveis e tesos baixadeiros. Seu caule é grosso; sua folhagem é densa e propicia muita sombra. Cada folha mede, em média, 6 cm de comprimento por 3 centímetro de largura, e apresentam uma coloração de verde bem forte. O crivirizeiro produz pequenos frutos alaranjados, levemente ácidos e doces, consumidos in natura por humanos, animais selvagens e domésticos.

Essa árvore exuberante pertence à família das Milastonaceae. A época da floração é entre os meses de agosto e setembro. A frutificação acontece entre os meses de janeiro e fevereiro. Seu ambiente favorável para o desenvolvimento são as matas ciliares, alagáveis e os tesos, região não inundáveis. A madeira é usada para a confecção de esteios e estacas para as cercas.

O criviri é fundamental para a alimentação da fauna ictiológica, sobretudo para os capadinhos, que se alimentam dos pequenos frutos que caem na água dos lagos e igarapés. A conservação do crivirizeiro é extremamente necessária. Como é uma árvore de grande porte ela contribui para a contenção do assoreamento dos igarapés, serve de alimentação para os peixes e outros animais, além de fornecer sombra e madeira aos seres humanos.

O crivirizeiro e o seu fruto, o criviri, são símbolos dessa região única e exuberante, conhecida como Baixada Ocidental Maranhense. Região formada pelas bacias hidrográficas dos rios Mearim, Pindaré, Pericumã, Aurá e Turiaçu. A Baixada apresenta uma enorme variedade de espécies vegetais e animais. Desse modo, o crivirizeiro é a árvore que melhor representa essa microrregião. Pode-se dizer que trata-se de uma planta versátil pois desenvolve-se tanto em ambientes inundáveis (igapós), com em ambientes Não-inundáveis (campos herbáceos).

 

Cueira, árvore muito prestimosa para os habitantes rurais

 

A cueira é originária da América do Sul, e pode atingir até 12 metros de altura. Seu nome científico é Crescentia cujete. Dependendo da região, recebe outros nomes como: cuia, cumbuca, caiambuca, cabaço-de-cuia, cabaço-para-vasilhas, dentre outros.

O fruto da cueira geralmente é esférico, mas pode adquirir outros formatos, e apresenta uma polpa consistente e de odor ruim. Ao se retirar a polpa do fruto da cuieira, o mesmo é posto a secar fazendo a conhecida "cuia" de largo emprego e de múltiplos usos na região Norte do Brasil, e também no interior maranhense. Muitos habitantes da zona rural de Arari, por exemplo, utilizam a cuia como utensílio doméstico. Usam para guardar mantimentos como a farinha d’água, arroz, peixes e carnes salgadas e até mês mesmo para servir a refeição. “Eu gosto de tomar juçara e bacaba é na cuia”, disse-me, certa vez, o senhor  Ângelo Corrêa, morador do povoado Varame, área rural do município de Arari. A polpa, que muitos chamam de “miolo” é usada empiricamente na clorose (tipo de anemia que ataca especificamente as mulheres). Os indígenas usam a folha para provocar (induzir) o parto.
 

Outras curiosidades podem ser relatadas no tocante à utilidade da cueira e suas partes. Após secar a cuia, o homem do interior da Amazônia a pintava de preto com a resina do "cumatê", uma árvore que sempre é plantada às proximidades de onde se planta a cuieira. Antes, comentam, mergulhavam a cuia em urina humana para absorver a amônia que fecha os poros da cuia e receber melhor o breu do cumatê, pois fica com a superfície lisa, embelezando a peça. No interior, em algumas localidades, ainda se usa este processo. É claro que com o aperfeiçoamento dos produtos industrializados (lixa, tintas) o uso da urina no preparo das cuias ficou obsoleto. Todavia, a cuia é uma excelente matéria-pirma para a confecção de produtos artesanais. Os mestres da capoeira utilizam a cuia para confeccionar o berimbau, intrumento musical utilizado para ritmar essa dança/jogo. A minha avó paterna, Dona Andrelina Bezerra (in memoriam), sempre plantava e cultivava uma cueira em seu quintal, pois, segundo ela, a cuiera afastava as "coisas" ruins do terreno.

   

 

Anajá

O anajá (Attalea Maripa ou Maximiliana Maripa.) pertence à família das Aracáceas, é uma palmeira com até 25 m de altura estende-se por toda a Amazônia e circunvizinhanças até o Mato Grosso do Sul, sendo abundante do Pará ao Maranhão. É conhecida também por anaiá, inajá, aritá, maripá, najá, etc. Dá-se em terras firmes onde haja incidência de solo areno-argiloso, dispersando-se em solos de vegetação aberta ou nos campos e frutificando no primeiro semestre do ano.

Os frutos apresentam polpa suculenta, aromática e quase sem fibras, com sabor doce e agradável. São consumidos in natura, acompanhados de farinha de mandioca, e muito apreciados em toda a Amazônia, sendo inclusive comercializados em feiras e mercado das cidades da região. A polpa é usada também no preparo de mingaus.

Na nossa região, muitos habitantes das áreas rurais usam a poupa da anajá para fazerem o “vinho” de anajá, na verdade o suco de anajá. O suco fica bem grosso, com um aroma forte e é, geralmente, consumido com a farinha d’água. Desse modo, o anajá torna-se uma boa alternativa de alimentação às populações rurais.

 

 

 

O Camapu, fruto exótico e apreciável

O camapuzeiro (Physalis angulata), pertencente à família Solanaceae, é um arbusto frutífero pouco cultivado e frequente na natureza. Planta pouco exigente para o seu cultivo, sendo vista ao redor das casas e roças, no período de julho a dezembro, em vários lugares do Brasil onde é naturalizada, ocorrendo como subespontânea em áreas agrícolas e rurais.

Os frutos são bagas globosas, escondidas pelo cálice envolvente com a forma de balão, com polpa suculenta e doce, de sabor ligeiramente ácido e de coloração bem amarela quando maduros. É consumido in natura ou na forma de conserva com vinagre. Por causa de sua beleza, o camapu, vendido como physalis, é muito usado como decoração na confeitaria. Essa planta era comum em solo arariense. Atualmente, raramente a encontramos.

 

 

 

MARAJÁ, palmeira e fruto caracteríscos da nossa pré-amazonia e amazonia

 

O Marajá é o nome e um fruto de uma palmeira amazônica, mas que é comum na nossa região, haja vista que o território arariense fica numa zona de transição entre o Nordeste e a Amazônia. Seu tamanho pode ser comparado ao de uma azeitona, além do formato de um pequeno coco, com cascas roxa e às vezes preta. Sua polpa é muito pouca na cor branca e às vezes rosa adocicada e azeda. São consumidos ao natural e muito apreciados nas regiões de ocorrência, sendo inclusive comercializados em feiras. Quando consumido em demazia ou se, acidentalmente o caroço por engolido, pode causar séria obstrução no intestino grosso, dificultando a defecação.

A palmeira da qual provém o fruto é uma árvore com altura de aproximadamente seis metros de altura. Também é conhecida como marajazeiro (Bactris SP). Seu caule é coberto de espinhos e as folhas também. É comumente encontrada em regiões alagadas como os igapós.

Com a polpa da fruta pode ser fabricado o licor de Marajá. As sementes podem ser usadas em adornos como brincos e colares. Sua madeira é usada no artesanato; na confecção de instrumentos de pescas como o choque e o munzuá pelos habitantes da zona rural; e também na confecção de utensílios domésticos.

 

 

 

 

EXTRATIVISMO VEGETAL. Babaçu, importância e utilidades

A extração vegetal no município de Arari não exerce forte impacto na economia local. O principal produto do extrativismo vegetal é o babaçu, muito abundante no município, apesar do crescente desmatamento das palmeiras, que chegam a ter 15 metros de altura. Em função da agricultura mecanizada e da pecuária.

O babaçu é extraído pelo pequeno produtor de forma rudimentar (manual com o uso do machado), principalmente pela população feminina rural, as chamadas quebradeiras de coco. As amêndoas obtidas são trocadas por gêneros de consumo nas quitandas. Segundo o IBGE a produção anual de amêndoas de babaçu é, em média, de 225 t/ano. Além da amêndoa (caroço), o fruto é utilizado na fabricação de azeite, carvão, leite, ração animal, chocolate (do mesocarpo), dentre outros.

Aproveitamento do fruto de babaçu em partes pela indústria.

O coco pode ter usos múltiplose e diferentes, entre os quais destacam-se:

  • Epicarpo ou Pericarpo – parte externa, da qual se obtém fibras têxteis;
  • Mesocarpo – constituído de amido, de amplo emprego na indústria alimentícia e na produção de álcool;
  • Endocarpo – maior, mais dura e mais pesada parte do fruto; usado para a fabricação de carvão, utilizado em revestimentos de paredes, pisos e como enfeites (botões, puxadores,etc.);
  • Amêndoa – produz um óleo rico em glicerina, láurico, utilizado na fabricação de gorduras alimentícias, saponáceas, cosméticos, etc.

As palhas são utilizadas na cobertura de casas (muito comuns na zona rural) e na confecção de objetos artesanais. O palmito serve para fazer tortas e alimentar os animais. Em fim, o babaçu fornece 68 subprodutos, além de fomentar a renda de boa parte da população regional.

 

MATA PASTO: planta emblemática nos campos inundáveis ararienses

 

 

Planta de folhas compostas que cresce entre 1 metro e 3 metros é originária do Brasil. Este arbusto semi-lenhoso de altura variável, floresce no início verão em nossa região, e em outras partes do país florescem no outono. Seus frutos são vagens pretas e achatadas com uma ala muito saliente.  Existem as espécies Cassia alata e a Senna alata. E pertencem à família das leguminosas. Nos campos baixos da Baixada Maranhense, a mais comum é a espécie Senna alata. Assim, o mata pasto torna-se uma planta emblemática e peculiar em nosso solo alagável. Outros nomes comuns que a planta recebe, variando de região para região, são Maria-preta, Mangerioba-grande, Dartrial, Candelabro, Fedegoso-de-folhas-largas e Carrapicho rateiro.

É considerada uma planta indicadora quando nasce espontaneamente, sem ser plantada ou semeada, em uma determinada região, solo ou clima, que por ser mais adaptada a esta determinada condição, ela apresenta vantagem no seu nascimento/crescimento e desenvolvimento em relação às outras plantas, inclusive às cultivadas. Neste caso ela pode ser caracterizada como uma erva daninha ou inço se aparecer em áreas de cultivos comerciais também podendo ser chamada de planta daninha. O tipo de solo que esta planta está adaptada é solo compactado e duro ou superficialmente erodido, como o solo baixadadeiro maranhense no verão. Em solo fértil fica viçosa; em solo pobre fica pequena.

O mata-pasto, apesar de não apreciada pelos ruminantes quando verde, é muito consumida quando naturalmente seca. Apresenta, portanto, a possibilidade de ser usada como feno, para diminuir a carência alimentar dos rebanhos de bovinos, equinos e caprinos na época de seca. Transformada em feno, o mata pasto apresenta-se rico em cálcio (Ca) e fósforo (P). O mata-pasto é uma planta nutricionalmente adequada, com seu corte para fenação por volta de 120 dias.

O mata pasto também possui propriedades curativas. Segundo a medicina alternativa suas folhas, raízes e sementes são Febrífugas, diaforéticas, tônicas, purgativas, depurativas e emolientes. A raiz é tônica e as sementes anti-helmínticas. Suas folhas são indicadas no combate a dermatoses e secas cura afecções da pele, do herpes e úlceras. Combate diarreias e leucorréias. O pó da casca é usado também como cicatrizante. Os habitantes da zona rural arariense usam os galhos secos do mata pasto como lenha para queimar nos fornos onde torram a farinha d’água e para fazer fumaça para afugentar as muriçocas.

 

MORADIA TÍPICA DOS POVOADOS RIBEIRINHOS DA "BOCA DO RIO" MEARIM


 

O baixo curso do rio Mearim passa por uma região, obviamente, muito baixa, propícia a alagamentos durante o período de cheias. Para se protegerem das inundações do período chuvoso, os moradores ribeirinhos constroem suas habitações de jirau, feito com toras de tucum, carnaúba, palmeira de babaçú ou de juçara. O jirau fica suspenso a uma altura que não seja atingido pelas águas das periódicas inundações. As hibitações são sustentadas por uma substrutura de esteios especiais, com trocos de palmeiras, e as escadinhas servem de ponto de desembarque, quando, durante a cheia, a curiosa moradia insulada, suspensa sobre as águas, só se torna acessível a canoas e igaratés. A imagem da moradia acima foi tirada no povoado Tabocal, um povoado arariense que fica localizado às margens do rio Mearim, próximo a "Boca do Rio". Essas habitações são cobertas de palha da palmeira do babaçu e têm as peredes tapadas de taipa ou também de palha.

 

ASPECTOS DESCRITIVOS DO RELEVO ARARIENSE

 

Relevo são as diferentes modificações existentes na superfície terrestre. Desse modo, o relevo poder ser constituido, originariamente, de planície, de planalto ,  chapadas, depressões, de montanhas e/ou de cordilheiras, escarpas, morros, vales, etc. O relevo se origina e se transforma sob a interferência de dois tipos de agentes: os agentes internos e externos. Os agentes internos que modificam o relevo são o tectonismo (abalos sísmicos) e o vulcanismo (atividade dos vulcões). Os agentes externos modificadores do relevo são: o intemperismo, a chuva, o vento e a ação antrópica (ação do homem).

Contudo, faremos a seguir uma descrição do tipo de relevo arariense. Tipicamente, o relevo arariense é plano em sua grande parte, com predominância de planícies herbáceas ou argilosas e arenosas. Constitui-se ainda de uma planície de campos inundáveis e tesos, com variação da paisagem natural devido às inundações periódicas.

O relevo do município apresenta algumas elevações pouco significantes a leste. Sua maior altitude registrada, era no povoado Morro Grande que é de 80 metros, que hoje pertence ao município de Matões do Norte. Uma vez que a altitude do município é de apenas 15 metros em relação ao nível do mar.

A Geologia classifica essas terras, certamente, bacia de sedimentos recentes, e na qual predominam, como de costume em terrenos dessa espécie, a areia e a argila. Em seu livro Uma Região Tropical, p. 21 e 22, o Dr. Raimundo Lopes, grande geógrafo maranhense, elucida:

São bem patentes os fenômenos de modelagem atual da terra.

Vê-se o trabalho de deposição; com o auxilio de uma exuberante vegetação aquática, agregaram-se as partículas de terras, formando balções flutuantes ou camadas mal consolidadas –aterrados – e produzindo colmatagem das baixas e dos lagos.

O aspecto do relevo reflete o processo geogênico; os rios percorrem calhas pouco acentuadas, entre tesos e matas cujo solo lhe sobrestá de alguns metros apenas. Não raro Formam-se fitas marginais, de arvoredo, de modo que essas formações reproduzem um tipo clássico, apresentando: o leito, as duas faixas marginais e as duas baixas de aluvium que por sua vez as flanqueiam.

O aspecto geral do terreno é levemente onduloso, exceto nos descampados livres, onde o trabalho das águas não encontrou diferença inicial de nível suficiente à ação corrosiva.

Os tesos são partes do campo sobrestantes à inundação; generalizando este sentido é que chamamos de tesos os campos levemente altos. Baixas e enseadas são entradas dos campos inundáveis.

Uma curiosa revivescência, a que se dá nas invernias longas, quando os lagos transbordam sobre as campinas e as águas invadem baixas e enseadas, insulando tesos e arvoredos, inundando ilhas e fitas de mato- onde depois, nos troncos, se há de ver, muito acima do solo, a marca do inverno, como atestado do fenômeno da inundação lenta, gradual e difusa”.

 

REFERÊNCIA

LOPES, Raimundo. Uma região tropical. Rio de Janeiro: editora Fon-Fon e Seleta, 1970, p. 21 e 22.

 

 

O MURURU, planta íntima dos nossos recursos hídricos

 

Nenhuma planta aquática do curso do Mearim é mais comum e mais íntima à sua paisagem ribeirinha do que o mururu (Eichhornia crassipes) – Também conhecido como aguapé, orelha-de-veado, baronesa, jacinto-da-água -, espécie nativa da América do Sul tida entre todos os vegetais como a que mais rapidamente se multiplica, o que se constata no ambiente aquático mearinense pela rapidez com que recobre extensas superfícies de água doce, parada ou de pouco movimento (SOARES, 2005, p.28).

Na superfície rasa dos lagos e lodoçais, o mururu toma a aparência  de jardins flutuantes, dos quais emergem as mais belas eflorescência violáceas. Levada pela corrente, e até mesmo pelo vento, parte desse vegetal termina por comprimir-se nos igarapés e nos rios, na forma de grandes tapetes verdejantes e herméticos, sobre os quais até se pode caminhar – embora desaconselhável, por causa dos insetos, cobras, jacarés, que se podem aí esconder (SOARES, 2005, p. 28).

Indubitavelmente, o mururu tem o aspecto de uma toiça de folhas coriáceas, de cuja forma lhe vem o nome de orelha-de-veado; as raízes são em feixes e erbosas, as flores, que são roxas, quase de cor lilás, aninham-se no centro da cordelha de folhas (LOPES, 1970, p. 128).

Em vários povoados de Arari é comum o cultivo de plantas (melancia e milho preferencialmente) em vazantes à beira dos lagos e igarapés, pois durante o período chuvoso as águas inundam as áreas adjacentes, então o mururu sobe e recobre grandes extensões de terras. Após o abaixamento das águas o mururu que ficou retido serve de excelente adubo natural, deixando o solo humoso, propício à agricultura de subsistência.

O mururu pode ser benéfico e ao mesmo tempo trazer algum prejuízo. Ele é benéfico quando um ambiente que está sendo contaminado, como se verifica no Rio Mearim, no Igarapé do Nema e no Igarapé do Arari, por exemplo, na qual algumas pessoas jogam diversos tipos de dejetos e matéria orgânica, a planta atua filtrando partículas orgânicas em suspensão da água.

O aumento da quantidade da população dessa espécie no ambiente aquático pode prejudicar os peixes e microrganismos da água, na medida em que o grande número dessa população pode consumir o oxigênio em demasia e impedir a passagem de luz no ambiente. Essa é a parte negativa que o mururu pode ocasionar, além de aumentar em oito vezes a perda de água do ambiente hídrico pela evapotranspiração através das folhas. A proliferação dessa espécie em demasia nos ambientes aquáticos tem relação íntima com o acúmulo de resíduos orgânicos e químicos na água, já que essa espécie é um bioindicador  de poluição.

 

REFERÊNCIAS

LOPES, Raimundo. Uma região tropical. Rio de Janeiro: Fon-Fon e Seleta, 1970, p.128.

SOARES, Éden do Carmo. Peixes do Mearim. São Luís: Geia, 2005, p. 28.

 

   Pescaria com o uso de tapagens

 

No período do abaixamento das águas, logo que nos troncos da flora marginal se imprime a marca da vazante, observa-se a colocação de tapagens – cerca de talos – em muitos dos igarapés piscosos do baixo Mearim, prática viciosa que bloqueia os cardumes migratórios oriundos dos lagos e campos baixos alagadiços. Tais cercas são condenáveis, porque seu uso não discrimina entre exemplares adultos e imaturos, represando, do mesmo modo, espécies minúsculas, mais apropriadas ao alimento de peixes carnívoros, mas que, em vez disso, sucumbem despescadas à margem lamacenta dos igarapés. (SOARES, 2005, p. 30).

As tapagens, por sua vez, consistem em fechar a passagem de peixes grandes e pequenos nos rios e igarapés, com a colocação de cerca feita artesanalmente de talos, cipós e palha, tornando fácil sua captura pelo homem. Em Arari essa prática era recorrente no igarapé do Nema. Por causa dos impactos ambientais deletérios a colocação de tapagens está proibida.

José Silvestre Fernandes, em sua obra “A Baixada Maranhense”, escreveu o seguinte sobre a pesca e a tapagem:

“Nos igarapés que funcionam como sangradouros, em certa altura do seu curso, levanta-se uma cerca com talos de pindoba ou varas comuns, estendidas de uma a outra margem. Junto a essa tapagem, à montante, fincam-se dois jiraus, que são os pesqueiros do ‘canto’, como vulgarmente chamam os pescadores. 

Uns peixes, que sentem as águas do campo diminuir, procuram os igarapés com o objetivo de ganhar os rios principais.

Reúnem-se em cardumes numerosos. Retidos afinal pela armadilha que previamente foi preparada, são pescados com facilidade. Em geral essas tapagens são públicas e muitos pescadores se servem delas. O primeiro a chegar toma lugar no ‘canto’ e tem a primazia da pesca.

No leito do igarapé costumam deixar cair uma pindoba aberta para, em contraste com o lado escuro, melhor serem destacados os cardumes.

O ‘canteiro’, pescador que se coloca no jirau já referido, assim que percebe a influência de peixe junto ao cercado,assobia, dando o sinal convencional. Lança preste sua tarrafa e os outros o acompanham. Por esse modo apanha-se todo peixe por ali existente.

Depois de duas ou três tarrafadas, voltam à calma.

Ninguém conversa para não espantar os peixes. Em posição atenta, aguardam-se novas oportunidades.

É notável a quantidade de pescado colhido nesse período do (maio a junho) em quase todos os igarapés da zona.

Tal gênero de pescaria é mais abundante à noite.

Há ocasiões em que somente chegam à tapagem curimatãs. Em outras já se pegam bagrinhos, também chamados de capadinhos ou anojados (Pydidium brasiliense), acarás, piaus, mandis e dourados saborosos. Não “raro, porém, o peixe falha um ou dois dias, atemorizado pela intensa perseguição dos pescadores.”

 

REFERÊNCIAS

  • FERNANDES, Silvestre. Baixada Maranhense. Revista Brasileira de Geografia. 1956.
  • SOARES, Éden do Carmo. Peixes do Mearim. São Luís: Geia, 2005, p.30.

 

 

                               

                           

 

                    A Comunicação em Arari

 

No que se refere à comunicação, Arari conta com vários vetores e serviços, destacando-se os Correios, serviço de telefonia fixa e móvel e os meios de comunicação de massa como rádio e televisão, além de jornais impressos e INTERNET.

Na sede do município conta-se com uma Agência dos Correios e Telégrafos, onde são feitos postagem, SEDEX e despacho e recebimento de encomendas. O Sistema de Telefonia Fixa é de responsabilidade da OI - Telecomunicações S/A. Já a Telefonia Móvel ainda é muito incipiente, recebe-se área de cobertura da CLARO e da TIM; a VIVO e a Oi também possuem coberturas para celular, porém, em Arari, o sinal de ambas é precariamente disponível.

 Conta-se no município com uma emissora de rádio comunitária, a Rádio Progresso FM, que possui uma potência de 87, 9 MHz. Recebem-se também as ondas radiofônicas de emissoras AM e FM da Capital do Estado e de cidades circunvizinhas. Contamos, ainda, com pequenos, porém importantes e prestimosos, estúdios de gravação, anúncios e de utilidade pública em geral, denominados STUDIO “A” e “MA estúdio”, de propriedade particular.

A programação televisiva chega a Arari através de antenas receptoras de TV, antenas parabólicas e antenas de TV a cabo, esta restrita apenas à população de maior poder aquisitivo. As imagens são capitadas da capital do Estado, do resto do país e do mundo, através dos canais de tevê aberta. A cidade recebe diariamente os jornais de circulação estadual de São Luís, o Jornal Pequeno, O Estado do Maranhão e o Imparcial.

Em relação a jornais impressos, Arari já teve, num passado recente, vários periódicos como: A LUZ, primeiro jornal a circular na cidade, manuscrito produzido por Silvestre Fernandes e Thiago Fernandes, quando jovens; A ORDEM, segundo jornal de Arari, já impresso tipograficamente, fundado por Thiago Fernandes, seu irmão Lucílio Fernandes, político influente em Arari, que patrocinava a editoração do Jornal; e pelo professor Cardoso, em 1919, mas que teve circulação meteórica. Segundo José Fernandes, em seu livro “Gente e Coisas da Minha Terra”, os equipamentos tipográficos do Jornal foram jogados no rio Mearim, após um ato de vandalismo cometido pelos adversários políticos dos editores do periódico; tivemos, ainda, o Boletim Paroquial, depois Jornal Notícias, ambos fundados pelo Padre Brandt; Gazeta Arariense, Vanguarda, Cidade de Arari, Ponto de Vista, Folha Democrática, Map Terra, dentre outros periódicos de circulação esporádica.

Contemporaneamente, circula na cidade de Arari outros periódicos, também de suma importância como os de outrora, os quais destacam-se: O Combate Arariense, O Amanhã, Folha do Mearim, estes há um bom tempo não circularam mais; Folha da AVL – Academia Arariense Vitoriense-Arariense de Letras – e o Tribuna Arariense, fundado pelo empreendedor e acadêmico, Cleilson Fernandes, hoje mantido e produzido pelo Instituto Perone (Tirbuna Arariense já não circula há vários anos em Arari, assim como o site ARARINET, que também não está mais no ar na internet).  Além destes existem também os Informativos Partidários e os Informativos de divulgação da Municipalidade. O mais novo jornal arariense é o “Jornal Academia”, veículo produzido e mantido pela Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências – ALAC.

Com o avanço tecnológico, a população arariense passou a contar com aparelhos de fax e computadores conectados à INTERNET, este serviço pode ser acessado na cidade com o auxilio de linha telefônica (OI velox) ou via rádio, através da Mearim Net, SivNet e da Loop Net. Na cidade, dispomos de LAN HOUSES e Vídeos-locadoras, que oferecem serviços de conexão a INTERNET e locação de DVDs, respectivamente.

Na internet temos uma blogosfera ativa. Vários ararienses publicam e mantêm blogs informáticos, políticos, científicos, pedagógicos e literários. Sobre estas iniciativas da difusão do pensamento através dos blogs, citamos: O blog Sociedade em Foco, de Ezequiel Neves; Interagindo com o Cafezinho, do vereador Cafezinho; De Olho, de Ailton Barros; Blog do José Maria Costa, blog literário e de conhecimento plural, escrito por José Maria Sousa Costa, arariense radicado em São Paulo. Nessa pluralidade, José Maria Costa sempre publica coisas de outros ararienses e textos ambientados em Arari; temos ainda o site pedagógico e contábil do professor Isidoro Filho; o blog do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA; temos o site geográfico, especificamente sobre Arari, iniciativa do professor Adenildo Bezerra. Nas redes sociais, existem inúmeros ararienses que publicam e comentam sobre tudo. Dentre as redes sociais, a mais acessada em Arari é o facebook.

Cita-se ainda, o serviço de alto-falante da Igreja Católica “VOZ DE ARARI” que vez por outra é ativado, mas devido o desenvolvimento da cidade, já não tem o mesmo alcance de anos atrás. Outros importantes meios de comunicação local são os “carros de sons”, que são muito utilizados para anúncios, avisos e para marketing comerciais e políticos.

 

 

Símbolos Municipais Ararienses

 

A simbologia arariense é compreendida pela Bandeira Municipal, pelo Brasão Municipal e pelo Hino Municipal, que são motivos de orgulho e amor por esta gleba alvissareira.

Bandeira

 

         

 

                                

A Bandeira Municipal Arariense foi idealizada por Rafael Silva Sousa com contribuição de Horácio da Graça de Sousa Filho, sendo aprovada pela Câmara de Vereadores, por força do Projeto de Lei nº 232 de 30 de abril de 1982. Suas cores em verde, amarelo e branco representam, respectivamente, as matas, representadas, sobretudo pelo babaçu, as riquezas naturais e a ordem, a paz e o progresso.

 

Brasão

 

                                    

Seu idealizador foi Horácio da Graça de Sousa Filho, na qual foi aprovado pela Câmara de Vereadores por força do Projeto de Lei nº 233, um ano após a bandeira, em 30 de abril de 1983. Também em verde, amarelo e Branco.  No centro do globo amarelo encontra-se um livro preto e branco. Na página esquerda há uma gravura de um cacho de arroz, representando a produção e na página direita uma pena, simbolizando a cultura e a instrução, grandes marcas ararienses. A chama simboliza a religiosidade do povo de Arari.

 

Hino ao Arari

No livro "Gente e Coisas da Minha Terra", página 111, na crônica intitulada "Um hino na madrugaa", Dr. José Fernandes conta como foi a composição da letra deste hino por ele escrito, em 1956, em São Luís, capital do MA, ainda na juventude. A música é do maestro maranhense Pedro Growell, cujo Padre João Mohana tece vários elogios em seu livro: "A grande música do Maranhão". O notável Josué Montello também faz referência ao eminente maestro no seu imortal romance "Tambores de São Luís". A orquestração é do maestro arariense José Gonçalves Martins, com arranjos do maestro João Carlos Nazaré.

O hino foi gravado pelo sargento Luís de Sousa Pereira, na administração do prefeito Domingos Aprígio Batalha. Por força de Lei é hoje o Hino Oficial de Arari. Recentemente, o maestro arariense Carlos Gonçalves Martins fez uma mudança em sua melodia, tornando-o apropriado ao canto. O prefeito Leão Santos Neto baixou um Decreto tornando sua execução obrigatória em todas as escolas da rede municipal de ensino, por entender que todo arariense precisa saber o hino de seu município, sem dúvida, uma louvável iniciativa.

                                                                                 

                                                                                             

 

Letra: José Fernandes

                                                                                   Música: Carlos Gonçalves Martins

 

Deus te salve, Deus proteja

Nobre terra do Arari

Ao que o Mearim bordeja

Chão feliz onde nasci.

                                  

                                                         

Salve os campos que te enfeitam,

Estribilho                               Que são teus grandes jardins,

                                              Abrindo aos que te visitam,

                                             As portas do Mearim.

             

            Glorificado o torrão,

            Altivos dessa baixada,

            Orgulho do Maranhão,

            Minha gleba muito amada.

           

                                                          

Salve os campos que te enfeitam,

Estribilho                               Que são teus grandes jardins,

                                              Abrindo aos que te visitam,

                                               As portas do Mearim.

 

            Jubiloso desta terra,

            Aos ventos grito, potente:

            Salve na paz ou na guerra,

            Este bom povo esta gente.

 

                                                Salve os campos que te enfeitam,

Estribilho                                 Que são teus grandes jardins

                                                Abrindo aos que te visitam,

                                               As portas do Mearim.

                       

 

    A malha de transportes em Arari

 

Arari se distancia a 156 km de São Luís, capital do Estado. Assim, as principais vias de ligação entre o município e a capital são as BRs 222 e, posteriormente, a 135. O território arariense liga-se ainda com a Baixada Maranhense pela MA 014, que se encontra com a BR 222 em Vitória do Mearim. A  BR 222 corta o território arariense de leste a oeste, é a maior rodovia, e, portanto, a única via de ligação entre o Arari com o restante do Maranhão e os demais estados brasileiros.

Arari é cortado de oeste a leste pela ferrovia Carajás-Porto do Itaquí, tendo esta ferrovia uma estação no povoado Bubasa. O transporte fluvial, que outrora era muito usado, hoje não existe mais. Apenas pequenas igarités navegam pelo Mearim atualmente, conduzindo pescadores e seu pescado. Inúmeras estradas vicinais ligam as zonas urbana e rural do município, sendo verdadeiras agrovias. Essas estradas são importantes para o município, pois é através delas que a produção agropecuária do interior é escoada para a sede do município de Arari e para ouros municípios.

Arari não dispõe de aeroporto, porém, conta com um campo de pouso para aeronaves de pequeno porte. Todavia, o "campo de aviação" arariense já está cercado por residências, não estando mais apto para receber pousos e decolagens de aviões. Os meios de transporte terrestres mais utilizados são: automóveis de pequeno, médio e grande porte, motocicletas, veículos de propulsão humana (bicicletas e bitas – bicicletas-táxi, que atualmente são utilizadas apenas para transportar pequenas cargas. Esse tipo de transporte  (as bitas) de propulsão humana alternativo foi implantado pelas freiras, Irmãs Franciscanas de Reute, em meados da década de 1990. Como era uma novidade à época, essa ideia das 'bitas" foi matéria do Fantástico, programa de reportagens semanal da tevê Globo); e há, também, meios de transporte de tração animal.

O transporte coletivo de passageiros tem frequência regular, contando com pequena e desaparelhada estação rodoviária, localizada no centro da cidade. Como a cidade de Arari se encontra numa localização que favorece saída para vários outros centros urbanos maranhenses e de fora do Estado do Maranhão, por aqui há uma intensa circulação de ônibus intermunicipais e interestaduais, vans e táxis que trafegam pela rodovia BR 222 com destino a vários pontos do Maranhão e do país.

 

                       

Dr. RAIMUNDO LOPES, notável geógrafo maranhense

Maranhense, nascido em Viana, em 1894. Foi um dos pioneiros na construção do conhecimento sobre o Maranhão, sua territorialidade, geografia, arqueologia, etnografia e outras áreas afins no âmbito natural e cultural. Bacharel em Letras produziu seu primeiro trabalho científico, O Torrão Maranhense, aos 17 anos, logo depois, Uma Região Tropical, através do qual delineou um panorama abrangente sobre os aspectos geográficos, econômicos, etnológicos, recursos arqueológicos e particularidades culturais regionais.

Raimundo Lopes localizou os primeiros sítios arqueológicos maranhenses, sambaquis e estearias, servindo sua obra de orientação a todas as pesquisas posteriormente realizadas no Estado. Sua produção científica, como pesquisador efetivo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, foi significativa e seus estudos voltados ao desenvolvimento de ações na defesa e salvaguarda de bens patrimoniais inovadores em sua época. Morreu no Rio de Janeiro, em 1941, pouco após o término do seu último trabalho acadêmico, Antropogeografia.

 

Retirado de Centro de Pesquisa de História Natural e Arquiologia do Maranhão. Disponível em: www.cultura.ma.gov.br/portal/cphna/index.php?page=arqueologia_extend&id=10. Acessado em 13 de maio de 2013.

 

 


 

 

LITERATURA CIENTÍFICA DO MARANHÃO

Resenha de livro raro: Uma Região Tropical, de Raimundo Lopes

16/05/2013 08:55
 Paul Avelino avelino@roadnet.com.br https://fla.matrix.com.br/pavelino ICQ# 53760772 LOPES, Raimundo. Uma região tropical. Rio de Janeiro: Cia. Editora Fon-fon e Seleta, 1970. 197p. Coleção São Luís, volume 2. As viagens de turismo talvez sejam a maior ilusão desses tempos de ilusões. Tem os...

                       

ASPECTOS DA VEGETAÇÃO PREDOMINANTE NO TERRITÓRIO ARARIENSE

 Por localizar-se numa área de transição, entre o Nordeste e a Amazônia, região esta conhecida como Meio Norte, a vegetação arariense sofre influência dos seguintes tipos de formações vegetais: campos, mata dos cocais e mata de transição (pré-amazônica), além dos mangues, um tipo de formação vegetal formada por árvores médias, com raízes em forma de escoras, solos pantanosos, onde predominam, sobretudo, caranguejos, siris, etc., predominando nas margens do Mearim, em seu baixo curso, junto à foz, ainda em território arariense.

 Os campos são formados por vegetação rasteira, gramíneas como o capim-açú (Panicum SP.) com touceiras altas, capim-de-marreca (paspalum SP.) uma relva miúda e de verde forte, capim tiririca (Ciperus cyperianal), algodão bravo (Ipomora fistulosa), a salsa brava, uma planta do tipo cipó de uma bela flor em forma de campânula.  Em épocas de cheias os campos inundam e aparecem vegetais como o mururu (Eichornia crassipes.), o junco (Cyperáceas), tripa de vaca, etc. Nos campos ararienses, após as cheias, são comuns também mimosáceas como o jiquirí (Giant Mimosa), sabiá (Mimosa caesalpiniaefoliac), angico (Anadenanthera peregninan), unha-de-gato (cacia polyphola) e algumas árvores de médio e pequeno porte como a jeniparana (Gustavia augusta) o mata-pasto (Senna alata), ingá (Ingá SP.), o crivirizeiro, que geralmente é encontrado próximo às margens dos lagos e igarapés, assim como a arariba, além de outras plantas arbustivas ou de médio porte muito comuns nos campos baixos, principalmente durante o período de estiagem. Os campos baixos são de uma extraordinária exuberância e riqueza vegetal e animal, sobretudo aves piscívoras, que, no período chuvoso migram para esse bioma para reproduzirem e encontrar alimentos. Seja no período de seca ou de cheia, os campos inundáveis são admiráveis e suntuosos. Os campos alagáveis da Baixada Maranhense são Áreas de Preservação Ambiental. Um patrimônio ambiental e turístico desse pedaço do Maranhão.

Os cocais são representados pela palmeira de babaçu (Orbignya phalerata tart), principal tipo vegetal e de maior abundância nesse bioma; tucunzeiro (Astrocaryum SP.), marajazeiro (Bactris SP.), titareira, macaúba (Acrocomia – p.), inajá (Maximiliana regia), bacabeira (Oenocarpus bacaba Mart.), juçareira (Euterpe edulis.), buritizeiro ( Mauritia flexuosa) e pela carnaubeira (Copernicia prunifera). Certamente as palmeiras de babaçu são as grandes vedetes da mata dos cocais. É uma planta 100% aproveitável. O babaçu é utilizado na culinária local, é matéria-prima para cosméticos, sabonetes, sabões, e na produção de carvão, com grande potencial colorífico. A carnaúba é outra planta desse bioma que merece destaque devido à sua importância econômica.

A mata de transição apresenta árvores de médio e grande porte como: pau d’arco, maçarandubeira, sumaumeira, mangueira, jatobá, jenipapo (Genipa americana), cajazeiro, embaúba (Cecropia SSP.) cedro, sapucaieira, tarumã (Vitex polygamai Chan), goiabeira (Psidium guajeval L.), ipê amarelo (Tabebuia umbellata), dentre outras. Devido o desenvolvimento da pecuária e da agricultura mecanizada em território arariense, a mata de transição e os campos perderam a sua cobertura vegetal original em larga escala e incontrolável intensidade. A mata de transição tem pouca predominância em nossa região, no entanto, apresenta-se com destaque por causa dos tipos arbóreos que constituem esse bioma, que são comumente encontrados em nosso território.

 

REFERÊNCIA

  • LOPES, Raimundo. Uma Região Tropical. Rio de Janeiro. Editora Fon-Fon e Seleta. 1970.

                   

 

        O ANINGAL E SUA IMPORTÂNCIA PARA OS CURSOS D'ÁGUA

 

Habitando, naturalmente, os terrenos aluviais inconsistentes, típicos de curso inferior e de estuário, a aninga (Montrichardia arborenscens) organiza-se em fileiras às bordas dos rios, igarapés, lagos e assemelhados mearinenses.

A expansão profusa da aninga, favorecida pela rápida multiplicação de seus rizomas, forma um aspecto ecopaisagístico muito peculiar – o aningal - que protege os barrancos lamacentos, impedindo a erosão das margens, abriga aves piscívoras, répteis (jacarés, cobras, cangaparas) e outras classes de indivíduos, tais como algumas espécies de peixes que ali se refugiam quando os cursos d’água ficam inundados.

Em tempos pouco distantes, o caule da aninga era muito requisitado para a fabricação de balsas, utilizadas no transporte de madeira destinada às marcenarias e carpintarias das comunidades ribeirinhas. Alem disso, as crianças e os adolescentes, sobretudo de Arari, nosso caso específico, utilizam o tronco da aninga como bóia, para atravessarem os rio e o igarapé ou até mesmo aprenderem a nadar. O ruim nisso é a coceira ("pico", na linguagem local) que a aninga deixa após o contato direto com a pele.

 

REFERÊNCIA

SOARES, Éden do Carmo. Peixes do Mearim. São Luís: Géia, 2005, p.27.

 

                       

   TIPO CLIMÁTICO DE ARARI

O clima predominante no município de Arari é o tropical quente e úmido. Esse tipo climático é predominante porque Arari está em baixa latitude, ou seja, próximo à linha do equador. Devido esta proximidade com o equador, existem apenas dois períodos bem definidos, o período chuvoso, que vai de janeiro a junho e o período de estiagem, que vai de julho a dezembro. As temperaturas variam de 26°C a 32°C e a média de 28°C, a pluviosidade do município é de 800 mm a 1600 mm/ano. No período de janeiro a junho a relatividade do ar ultrapassa 80% ficando o restante do ano com valores abaixo dos 80%, porém não inferiores a 50%.

Os ventos alísios do NE determinam a temporada de chuvas na região, enquanto os ventos alísios do SE determinam a temporada de estiagem. Os ventos na região alcançam velocidade média mensal 26 Km/h. E uma pressão de 1009 hPa.

O torrão arariense, por encontrar-se numa área de baixa latitude, sofre influência dos Regimes Equatorial Continental e Equatorial Marítimo, que surgem a partir dos deslocamentos das massas Equatorial continental (mEc) e Equatorial norte (mEn), caracterizando-se o regime chuvoso. No período de estiagem, face ao maior aquecimento do continente em relação ao oceano, as massas frias dão lugar às massas quentes como a massa Equatorial continental (mEc), que passa a dominar o clima.

 

REFERÊNCIAS

  • HIDRAELE – Projeto de Construção da Barragem no Igarapé do Nema – Relatório de Impacto Ambiental. Volume II. Arari – Ma. Agosto/1996.C
  • ClimaTempo, site oficial: www.climatempo.com.br. Acessado em 12 de abril de 2013.

PRODUÇÃO PECUÁRIA DE ARARI, EM 2012

Arari - MA

 

Pecuária 2012

 
 

Bovinos - efetivo dos rebanhos

  

43.339

  

cabeças

  

 

  

 
 

Equinos - efetivo dos rebanhos

  

955

  

cabeças

  

 

  

 
 

Bubalinos - efetivo dos rebanhos

  

4.062

  

cabeças

  

 

  

 
 

Asininos - efetivo dos rebanhos

  

186

  

cabeças

  

 

  

 
 

Muares - efetivo dos rebanhos

  

159

  

cabeças

  

 

  

 
 

Suínos - efetivo dos rebanhos

  

2.362

  

cabeças

  

 

  

 
 

Caprinos - efetivo dos rebanhos

  

807

  

cabeças

  

 

  

 
 

Ovinos - efetivo dos rebanhos

  

572

  

cabeças

  

 

  

 
 

Galos, frangas, frangos e pintos - efetivo dos rebanhos

  

23.683

  

cabeças

  

 

  

 
 

Galinhas - efetivo dos rebanhos

  

10.130

  

cabeças

  

 

  

 
 

Vacas ordenhadas - quantidade

  

1.393

  

cabeças

  

 

  

 
 

Leite de vaca - produção - quantidade

  

376

  

Mil litros

  

 

  

 
 

Ovos de galinha - produção - quantidade

  

27

  

Mil dúzias

  

 

  

 

FONTE: IBGE/AGED-MA

 

RIO MEARIM

MEARIM: o nosso rio

04/04/2013 17:02
Genuinamente maranhense, nasce nas encostas da Serra Menina numa altitude de 450 m, no município de Formosa da Serra Negra. Seu curso é de 930 km, sendo navegável somente em parte do alto Mearim e nos trechos médio e baixo do rio, compreendido entre a sua foz na Baia de São Marcos e a cidade de...

IGARAPÉ DO NEMA

IGARAPÉ DO NEMA, nosso pequeno-colosso e a ingratidão antrópica

24/03/2013 17:39
                                                A terminologia "Nema" é uma variante do termo árabe "NAIMA", e...

                   

 

    OS TIPOS DE SOLO ARARIENSE

Segundo estudos realizados pela Hidraele Serviços e Projetos Ltda, em Arari, no ano de 1996, o solo arariense apresenta dois tipos básicos: o Glei Pouco Húmico e o Aluvial.

O Glei Pouco Húmico é um solo de deposição recente relacionado ao Quaternário, nesse tipo de solo, normalmente há predomínio da redução do composto de ferro, em virtude dos lençóis freáticos permanecerem altos durante a maior parte do ano, em consequência esses compostos ferrosos se reduzem ou se oxidam, provocando o aparecimento de mosqueados amarelo-avermelhado, com camadas superficiais acinzentadas. Esse tipo de solo impossibilita a mecanização agrícola devido o excesso de água e textura argilosa.

O Aluvial é um solo mineral, também de deposição recente, de textura variável e de forma heterogênea, sendo originado a partir de deposição de sedimentos fluviais. É moderadamente drenado, não apresenta impossibilidade de ordem física ao uso de maquinário agrícola, e pode ser usado na agricultura em geral, uma vez corrigida suas deficiências nutricionais.

 

REFERÊNCIA

  • HIDRAELE – Projeto de Construção da Barragem no Igarapé do Nema – Relatório de Impacto Ambiental. Volume II. Arari – Ma. Agosto/1996.

                   

PONTE SOBRE O RIO MEARIM: ITAPOÃ

A grande ponte sobre o Rio Mearim, Itapoã, foi inaugurada em 12 de dezembro de 1973. Nesse dia, chega a Arari, para inaugurar a ponte, o ministro Mário Andreazza, titular do Ministério dos Transportes, no governo de Garrastazu Médici, acompanhado de grande comitiva de autoridades, entre as quais o governador do Maranhão, Pedro Neiva de Santana e o comandante Zeven Boghossian, diretor-geral do Departamento de Portos e Vias Navegáveis. Oito aviões aterrissaram em Arari nesse dia, conduzindo autoridades estaduais e federais.O prefeito de Arari, à época, era o Sr. Benedito de Jesus Abas, Biné Abas.

A ponte sobre o Rio Mearim, situada no Bairro da Coréia, da cidade de Arari, foi construída pela Construtora Itapoã, tendo como engenheiro responsável o Dr. Eduardo Torres Lopes e como ajudante e chefe-de-obra o Sr. Bita Tanaka. Sua dimensão é de 10 metros de largura e 240 m de extensão, com 100 metros de vão livre, constituindo-se, na época, a terceira maior ponte em vão livre no Brasil, depois da Rio-Niterói e de outra ponte no Rio Doce, na cidade mineira de Resplendor.

 

REFERÊNCIA

BATALHA, João Francisco. Um Passeio pela História do Arari. Lithograf. São Luís: 2011, p.181.

           

RUÍNAS DA CAPELA DE NOSSA SENHORA DO CARMO (DO SÉCULO XVIII)

O povoado Carmo, localizado no município de Arari-MA, outrora foi uma povoação com muitos moradores e onde existiu um grande Festejo Religioso em homenagem a Nossa Senhora do Carmo. Segundo informações fornecidas pelo historiador arariense, João Francisco Batalha, o local teria sido fazenda administrada pelos frades da Ordem de Nossa Senhora do Carmo, por volta da segunda metade do século XVIII, onde existiu, também uma Igreja (Capela, hoje em ruínas) erigida em nome da Santa Senhora, e de que lá existiu, também, um Engenho de Açúcar, além da sesmaria pertencente a Manoel Maciel Parente.
A comunidade pertencia inicialmente ao município de Vitória do Mearim,  mas foi anexada ao município de Arari a partir de 23 de maio de 1871, sete anos após a emancipação política do Arari, em 27 de junho de 1864. Hoje o povoado praticamente não existe mais. A Capela de Nossa Senhora do Carmo (foto acima) está em ruínas. Ao lado da Capela, há um ferro muito pesado, que segundo uma lenda local, ninguém consegui movê-lo. Alguns antigos moradores do local, ainda vivos, que hoje habitam em Arari ou em Vitória do Mearim, dizem que o ferro é místico.

LAGOS ARARIENSES

LAGO ARARI-AÇÚ

25/02/2013 10:31
Lago do Arari-Açú, um dos lagos mais piscosos do município de Arari. Localizado no povoado de mesmo nome, esse exuberante lago abastece a zona urbana do município com peixes típicos na nossa fauna ictiológica. Espécies típicas como o capadinho, traíra, bodó, branquinha, curimatá, aracú,...

Baixo Mearim, "Boca do Rio"

EROSÃO MARGINAL DO BAIXO MEARIM

25/02/2013 10:22
      Um problema grave que diagnosticou-se na "boca do rio" Mearim foi o acelerado processo de erosão das suas margens (direita e esquerda). A erosão é o desgaste do solo ocasionado pela água corrente contínua. Por encontrar-se em uma região propícia a ações erosivas, o...

Baixo Mearim, "Boca do Rio"

O PROBLEMA DAS QUEIMADAS NA "BOCA" DO RIO MEARIM.

25/02/2013 10:20
      O fogo foi uma descoberta incrível feita pelo homem no período Neolítico, mas, mal utilizado, causa catástrofes na agricultura, as matas, aos parques ambientais, aos biomas e demais ecossistemas. É um problema que ocorre de forma constante e muitas vezes irresponsável,...

"BOCA DO RIO" MEARIM

PESCARIA NA "BOCA DO RIO" MEARIM.

25/02/2013 10:17
        O curso inferior no rio Mearim é rico em pescado. Peixes de várias espécies e tamamhos podem, ainda, mesmo que minguando ano a ano, ser encontrados nesse trecho mearinense. Espécies como o surubim, bagre, gurijuba (peixe que o professor Adenildo está...

IGARAPÉS ARARIENSES

A IMPORTÂNCIA DOS IGARAPÉS PARA ARARI

21/02/2013 09:51
  Os igarapés são pequenos cursos d’água que correm em direção, geralmente, a um rio. Nosso município é cortado em várias partes do seu território por esses “braços” de rios, todos de cursos perenes que alimentam o volume de água do Mearim, e servem de vias migratórias para os peixes do...

                

 

POPULAÇÃO ARARIENSE EM NÚMEROS (PARTE II)

O município de Arari apresentou um crescimento demográfico contínuo nos últimos 20 anos. Segundo o censo do IBGE 2010, tivemos números crescentes em vários aspectos da nossa população.  Vejamos a seguir os números da população arariense no tocante à escolaridade, analfabetismo, rendimentos, trabalho, número de domicílios, religião, etc.

Religião – Arari possui 23127 católicos; 4304 evangélicos, divididos em diversas Igrejas; 908 pessoas que se declaram sem religião; e 16 pessoas que se dizem ateus.

Escolarização e Analfabetismo – A população de 15 anos ou mais alfabetizada (que sabe ler e escrever) é composta de 19772 pessoas; 4407 (15,4%) são consideradas analfabetas absolutas. Da população de 10 a 19 anos, 887 estão fora da escola.

Trabalho e Renda – 2838 ararienses vivem com um rendimento mensal de ¼ do salário mínimo, ou seja, sobrevivem com 170 reais mensais, aproximadamente.  Pessoas com mais de 10 anos que trabalham com carteira assinada somam 1931 trabalhadores. Há 2988 ararienses trabalhando na informalidade, ou seja, sem carteira assinada. Arari possui atualmente 7772 domicílios, distribuídos nas zonas urbana e rural.

Referência

IBGE - Censo demográfico de 2010. Disponível em www.ibge.gov.br. Acessado em 30 de janeiro de 2013.

 

                                                        

 

   A POPULAÇÃO ARARIENSE EM NÚMEROS (PARTE I)

 

A população arariense absoluta, segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - 2010, é de 28.488 habitantes. Sendo que 17.483 (61,37%) habitantes residem na zona urbana; e 11.005 (38, 63%) habitantes residem na zona rural. A densidade demográfica é de 25,90 hab./km2.

Na tabela abaxo, observa-se o aumento populacional de Arari, de acordo com os últimos censos demográficos (de 1996 a 2010) realizados pelo IBGE.

 

 

 ANO                    

 1.996

2.000

2.007

2.010

Nº HAB.            

25.125

26.366

27.753

28.488

Fonte: IBGE

 

Entre os anos de 1.996 a 2.000 o aumento demográfico arariense foi de 1.241 pessoas; de 2.000 a 2.007 houve um crescimento populacional de 1.387 pessoas; e de 2007 a 2010 houve um crescimento demográfico de 735 pessoas.

A tabela abaixo mostra-nos o número de habitantes, por faixa etária, do município de Arari, segundo o censo demográfico de 2010 realizado pelo IBGE.

 

 

FAIXA ETÁRIA (anos)

                                  MASCULINA

                                                   FEMININA

                                                 TOTAL

0 a 4

            1.315

                 1.279

             2.594

5 a 14

            3.049

                  2.830

             5.879

15 a 29

            4.237

                  4.254

             8.491

30 a 49

            3.286

                  3.393

             6.679

50 a 79

            2.246

                  2.194

             4.440

80 a 99

               179

                     219

                 398

100 anos ou mais

                   3

                          4

                     7

TOTAL

        14.315

               14.173

       28.488

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: IBGE – 2010

 

 

 

 

GEOGRAFIA ARARIENSE

SILVESTRE FERNANDES, nosso notável geógrafo

01/02/2013 19:24
Silvestre Fernandes, eminente geógrafo, nasceu em 1º de agosto de 1889, em Arari-MA. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM,  foi professor catedrático do Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro. Além de geógrafo conceituado, Silvestre Fernandes foi, também, professor e...

LAGO DA "MORTE"

LAGO DA "MORTE": toponímia, exuberância e degradação antrópica

22/01/2013 19:24
           POR DORILENE MARTINS**     Todos os lugares possuem uma história, no campo ou na cidade. São marcas de uma cultura que são acumuladas por tradição e herança, comum as todas as sociedades. Além de terem uma identidade são, portanto,...

                             

 

           IGARAPÉ DO JOÃO DE MATOS

 

O Igarapé do João de Matos fica localizado no povoado Carmo, banha os vastos campos daquele povoado arariense. Nasce nas proximidades do Arari-açu e deságua no rio Mearim. O nome "João de Matos" é em homenagem ao desbravador daquelas terras e provável primeiro morador dessa região, no século XVIII. Segundo relatos de vários pescadores e ex-moradores do Carmo, outrora o João de Matos era um igarapé largo, fundo e piscoso. Hoje, quem vai ao João de Matos depara-se com um cenário de degradação em um estágio avançado. O igarapé está raso, com uma profundidade média de 1,20 m e uma vazão de 0,086 metros cúbicos por segundo; estreito, a largura média é de 5,5 m. De onde se encontrava a antiga margem do igarapé, e onde está hoje, há uma distância de 4 metros. O assoreamento é intenso. Encontramos vários trechos onde a água estava cheia de óleo lubrificante, e, ainda por cima, muitas embalagens do produto boiando nas águas turvas e barretas de coloração alaranjada. Peixe? Não vimos nenhum. Até porque, com o estado em que se encontra o João de Matos, peixe algum conseguiria sobreviver naquelas águas. A vegetação marginal foi derrubada pelo agronegócio, haja vista que em suas margens há campos agrícolas de arroz mecanizado. A largura da mata cilar até os campos de arroz não chega a 5 metros. É cabível dizermos que o agronegócio implantado em Arari não respeita o meio ambiente. O ecocídio que ora encontramos no João de Matos é culpa da falta uma política e de um planejamento sustentável, para que progresso e meio ambiente avancem lado a lado. Arari é um município privilegiado no tocante aos recursos hídricos. Temos dezenas de iagarapés perenes, que, no entanto, atualmente, estão em situação de extrema degradação ambiental. Não há um plano de manejo e de zoneamento ambiental que possa viabilizar a proteção destes importantes "braços" do rio Mearim. O zoneamento e o plano de manejo como instrumento técnico, devem ser a base de qualquer política pública de preservação do meio ambiente, compatibilizando-se o uso dos recursos naturais e sua conservação. "Os igarapés servem de vias migratórias para grande número de espécies da ictiofauna mearinense, pois no período da piracema os peixes percorrem esses sangradouros naturais até os campos baixos onde desovam, perpetuando a espécie" (Soares, 2005).

REFERÊNCIA

SOARES, Éden do Carmo. Peixes de Mearim. São Luís: Instituto Geia, 2005, p. 25.

 

 

                          

 

   O igarité, embarcação símbolo do Baixo Mearim

 

O igararité é um tipo de embarcação típica desse trecho do Mearim, que estabelece uma bela relação com o rio. É versátil, sua fabricação é praticamente toda artesanal, com o uso de ferramentas simples. Em Arari existiam vários fabricantes de igarités. Atualmente essa arte primorosa praticamente não existe mais. Os grandes fabricantes ararienses de igarités já faleceram ou estão muito idosos e não dão mais conta do trabalho. Infelizmente não houve o repasse dessa arte. E os poucos que aprenderam a fabricá-lo não levaram a arte à diante. O odontólogo e icitiólogo arariense, Éden do Carmo Soares, no seu notável livro PEIXES DO MEARIM, define da seguinte forma o igarité, vejamos: "Um meio de transporte comumna região é o igarité, embarcação motorizada alongada, estreita e de pequeno calado. Nem mesmo quando estradas temporárias alcançam os povoados à beira do rio e dos lagos, o igarité deixa de ser o mais eficiente meio de transporte das comunidades ribeirinhas. É o "pau-para-toda-obras", no dizer comum, transportando produtos da mata e da lavoura, pescadores na sua faina, ou passageiros e mercadorias do pequeno comércio da região". Desse modo, o igarité é um símbolo mearinense que está a serviço das comunidades ribeirinhas.

REFERÊNCIAS

SOARES, Éden do Carmo. Peixes de Mearim. São Luís: Instituto Geia, 2005, p. 31.

 

 

HISTÓRIA DE ARARI

ARARI, segundo o notável historiador maranhense, César Augusto Marques

15/01/2013 19:40
Arari-1 (Freguesia de Nª Srª da Graça do) – O curato do Arari, que está em 3° 14' de lat. merid. e 46° 51' de long. oc., foi fundado em 1723, por José da Cunda d'Eça184 ou de Sá, fidalgo da Casa Real e capitão-mor que foi da Capitania do Maranhão. / Está situado em posição encantadora, e é cortado...

MUSICALIDADE ARARIENSE

JOSÉ MARTINS, o nosso eminente maestro

14/01/2013 19:03
José Gonçalves Martins, grande e saudoso maestro arariense, compôs, executou e  ensinou a sua arte musical aos ararienses por longos anos. Inúmersos conterrâneos receberam o incentivo e o aprendizado musical de José Gonçalves Martins. A musicalidade do nosso eminente maestro ainda é notória em...

GEOGRAFIA ARARIENSE - "BOCA DO RIO" MEARIM

A FOZ DO RIO MEARIM - "BOCA DO RIO"

23/12/2012 18:56
PESCARIA NA "BOCA DO RIO" MEARIM. O curso inferior no rio Mearim é rico em pescado, peixes de várias espécies e tamamhos podem, ainda, mesmo que minguando ano a ano, ser encontrados nesse trecho do Mearim. Espécies como o surubim, bagre, gurijuba (peixe que o professor Adenildo...

Academia do Saber Arariense

A RATIFICAÇÃO DO SABER ARARIENSE

23/12/2012 18:50
Partindo de uma motivação ousada, arrojada, reflexiva e independente, foi criada a Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências - ALAC . Esta nova instituição pretende resguardar e manter o brilho das Letras, que jamais se poderá apagar; a verdade das Ciências, que identifica soluções – sempre...

Geologia Arariense

ARARI: descrição da estrutura geológica

26/11/2012 18:00
Chama-se estrutura geológica de um local às rochas que o compõem, suas diversas camadas, diferentes tipos e idade geológica e aos processos geológicos que deram origem a essas diversas camadas rochosas. Área resultante de um intenso trabalho de erosão fluvial do Quaternário antigo,...

Lagos de Arari

ARARI, limnologia lacustre

26/11/2012 10:55
César Augusto Marques, notável historiador e pesquisador maranhense, no Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão, fez a seguinte inferência sobre o conjunto lacustre de Arari:   “Distante da povoação meia légua está o Lago da Morte, que é mui piscoso, tendo no verão meia...

GEOGRAFIA DE ARARI

"LAGO DA MORTE", UM LAGO QUE NÃO É LAGO

28/10/2012 18:17
O “Lago” da Morte, na verdade, é uma extensa planície que se localiza numa área baixa do município de Arari. Essa planície durante o período chuvoso fica inundada por um exato período de seis meses, ou seja, de dezembro a julho. Quando chega o período seco, de estiagem, logo nos primeiros meses...

Arari

ARARI: ASPECTOS GEOGRÁFICOS GERAIS E LIMITES

26/10/2012 17:24
  Arari apresenta, segundo o IBGE (2010), uma extensão territorial de 1.079,4 km2. E uma população estimada em 28.477 habitantes, sendo 17.484 na zona urbana (61,39%) e 10.993 na zona rural (38,61%), dos quais 14.308 são homens e 14.169 são mulheres, possui 21.489 eleitores (em 2012) e IDH...

                                           

 

 

ARARI: um breve histórico

       Em 1723, José da Cunha D’Eça, fidalgo da Casa Real e Capitão-Mor da Ribeira do Mearim, fazendo vir gado de Cabo Verde, na África, instalou junto à Vila uma fazenda, tendo mandado levantar nessa localidade uma Igreja com a evocação de Nossa Senhora de Nazaré, dotando-a de um curral de gado, meia légua de terras, quatro escravos e ainda de abegoarias e paramentas, nativa, turíbulo, cadeirinha e sino, doação essa confirmada pela Carta Régia de 19 de maio de 1760, dirigida ao Provedor-Mor da Fazenda Real da Fazenda do Maranhão.

       Em 1728, o proprietário José da Cunha D’Eça transferiu essa freguesia para o Sítio Velho, que passou a ter denominação de Vila do Mearim, sendo considerada a principal povoação da Ribeira do Mearim.

       Com a morte de José da Cunha D’Eça e acessão de Manoel Parente à patente de Capitão-Mor da Ribeira do Mearim, em 1747, Joaquim de Melo, visitando a localidade alarmou-se com as freqüentes quedas de barreiras do rio Mearim e resolveu transferi-la para terras mais altas, na mesma margem do rio, ficando a vila denominada simplesmente de Sítio. Ainda neste mesmo ano, João Brandão e José Monteiro Guimarães assentaram seu arraial a algumas léguas rio acima, dando origem ao povoado de Arraial.

       Em 13 de maio de 1836, o Juiz de paz José Antonio Fernandes, dirigia um abaixo assinado a Dom Marcos Antonio de Sousa, bispo nomeado para o Maranhão pelo Decreto de 12 de outubro de 1826, pedindo que elevasse à categoria de Curato, o povoado de Nossa Senhora da Graça do Arari.

       Registro do historiador e geógrafo César Augusto Marques, em seu secular Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão, dão conta de que o Curato de Arari possuía no ano de 1856 quarenta casas de telha e 90 de palha, 10.086 habitantes, sendo 313 escravos e 5 lojas ou quitandas.

       Em 1858, por Lei Provincial nº 465 de 24 de maio, Arari era elevada à categoria de Vila, como Distrito Administrativo da Vila do Mearim. Arari passava a ser uma nova Freguesia com a invocação de Nossa Senhora das Graças.

       Em 1864, Arari foi elevada à categoria de município por lei provincial, continuando sua sede com o título de Vila, porém, passando a ter autonomia político-administrativa por Lei Provincial nº 690, de 27 de junho de 1864. Pela Lei Provincial nº 692 da mesma data, foi desmembrada de Vitória do Mearim, adquirindo novas delimitações.

       Contudo, somente em 29 de março de 1938, setenta e quatro anos após e emancipação política, Arari adquiriu foros de cidade por força do Decreto Lei nº 45.

Quem foi o fundador de Arari? E qual a origem do nome Arari?

       Em resposta à primeira pergunta, afirmo, assim como afirmou o Dr. José Fernandes, em sua crônica - Quem fundou o Arari? – que se encontra no livro Gente e Coisas da Minha Terra -, que o fundador de Arari foi o Padre José da Cunha D’Eça. Uma vez que há registros seguros de que, nos idos de 1723 foi ele (José da Cunha D’Eça) quem fundou o curato do Arari. (Outros historiadores ararienses não concordam que  o Pe. José da Cunha D'Eça foi fundador de Arari).

       Renomados historiadores maranhenses, em obras bem elaboradas, como César Augusto Marques com o Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão; O Professor Jerônimo de Viveiros; Eloy Coelho Neto em seu livro Geo-História do Maranhão, fazem a mesma afirmação. Além do intelectual arariense, Dr. José de Ribamar Fernandes.

       Em relação à pergunta a respeito da origem do nome Arari, depois de conhecer várias hipóteses (ou meras especulações e ilações), acredito que a terminologia Arari que, etimologicamente, vem do tupi ara’ri, que quer dizer arara, foi importada do Pará pelos portugueses que vieram morar nessas terras mearinenses. Assim como foi importada de Belém, capital do Pará, a devoção a Nossa Senhora da Graça.

       Sabe-se da existência de uma região paraense com características geográficas, fisiográficas e toponímicas iguais às nossas, denominada Arari.

       Provavelmente, quando os portugueses chegaram aqui no nosso Arari, após passagem por regiões paraenses como Cachoeira do Arari, Lago Arari, por exemplo, perceberam as semelhanças entre ambas as regiões e deram o nome Arari a estas terras, uma vez que não havia um nome específico confirmado a esse auspicioso lugar àquela época.

PS. Sabe-se que há muita coisa relacionada à História de Arari que precisa ser esclarecida e cabalmente confirmada. Aqui coloquei apenas as minhas ideias. No esntanto, é válido que outros estudiosos ararienses se dediquem a uma investigação histórica mais apurada sobre a nossa Gleba.

Geografia Arariense

Arari e sua reserva de gás natural

20/12/2011 20:18
(Poço de gás natural, no povoado Curral da Igreja. Foto de Adenildo e Isidoro) Extrativismo mineral - A formação geológica não conferiu a Arari um potencial mineral, no que se refere a minérios e metais preciosos. Entretanto, a PETROBRÁS – Petróleo Brasileiro S/A -, empresa estatal...

Mearim

LAMENTO MEARINENSE

15/07/2015 18:06
Eu venho de longe, do sul do Maranhão, Trazendo vida e fartura para toda região; Fertilizo campos, abasteço várias cidades, Amenizo a sede e a fome, supro necessidades.   Sou fonte de alimento, de lazer e diversão, Oferto o sustento de toda população; Sirvo de integração entre povos...

Arari

LETRAS ARARIENSES

03/07/2015 18:24
A literatura aqui é pulsante. A poesia, a crônica, o conto, O romance, tudo é tocante. Para uma cidade pequena, Apresentamos muito mais Do que festas e carnavais. Respira-se a cultura sublime A escrita ritmada, que imprime Em cada coração arariense O orgulho latente desta gente. Lançamos...

ARARI

VERSOS AO ARARI

03/07/2015 18:21
  Meu lugar sesquicentenário, Regado pelas águas mearinenses, És um aprazível e belo cenário, Eldorado dos ararienses.   Terra do querido Bom Jesus, Chão fértil e sagrado, Torrão que irradia amor e luz, Pelo qual sou apaixonado.   Encontro nas tuas veredas, Sentimentos perenes como o...

Poesia e Matemática

Matematização do Eu

06/01/2014 15:44
No cotidiano do meu Ser, sinto a potenciação do amor; Racionalizo os denominadores da minha razão, Subtraio os infortúnios e a miserabilidade da dor Multiplico por dez, cem, mil, as alegrias do meu coração.   Adiciono mais cor, sabor e aroma ao meu viver; Soluciono meus problemas, almejando...

Poesia Telúrica

Lembranças...

06/01/2014 15:47
Lembro-me, com saudosismo, De minha infância pobre De uma vida sem pompas Mas de uma vivência nobre. De um tempo em que eu vendia Bananas em uma bacia Lá no antigo mercado, Tia Luca arrumava-me a freguesia. Dos talos que carregava nos ombros, Do Cafezal até a nossa casa, Ao chegar não tinha fim Os...

Homenagem a Bill de Jesus

O inefável Bill, de Jesus

06/01/2014 15:49
Nascido em Buriti de Inácia Vaz; De personalidade fugaz e inefável; Dentre tantos lugares, Arari foi preferível, Bill de Jesus, memória indelével, que falta nos faz.   Um biênio da sua partida, sofrida e eterna; Nesse ínterim, nossa cultura perdeu seu fulcro; Tradições e inovações, tudo isso...

Imortalidade

Podemos ser imortais

06/01/2014 15:51
Decerto, que um dia iremos partir... Mas, para sempre existiremos, Porque a nossa história nos perpetuará, Nossa contribuição será importante para o nosso povo, Nossa obra ficará, para lembrai-vos de quem somos nós. Estamos sobre a Terra para sermos úteis, Para realizarmos ações condignas com a...

Menor

Menor Abandonado

06/01/2014 15:53
Ei, você aí! Dê-me um trocado, Tenho fome E meu corpo está cansado. Minh ’alma está ferida, Minha vida é sofrida Sou um ser banalizado, Sou um menor abandonado. O meu futuro é incerto Não sei, decerto, Para onde seguir. Minha família esfacelou-se Minha Nação me esqueceu, De mim, todos fogem, Virei...

Amigo

Amigo...

06/01/2014 17:03
Aquele que transmite confiança, Que faz brotar a esperança No coração de quem a perdeu. Que afaga, protege, defende, Que não se rende às adversidades, Que é solícito, transparente, proativo, E está na hora certa, de prontidão, Apto a servir, sem preocupar-se Com o reconhecimento ou a...

Mearim

Pescador Mearinense

06/01/2014 17:05
Singrando o Mearim, Em canoas e igarités, No sobe e desce dos banzeiros, Ou na força das marés, Lá vai o pescador, Remando, confiante, Atrás de mandis, surubins, bagres e mandubés. Um cotidiano de labor, Entre tarrafas, anzóis e caniços, Redes, sororós e espinhéis. Raia o dia, e cai a noite, Não...

Mearim

Mearim

A terminologia Mearim originou-se do tupi-guarani e significa "Rio do Povo". O local exato da sua nascente ainda gera controvérsias. Pois os livros de geografia do Maranhão dizem que o rio Mearim nasce entre as serras Negra e Canela, informação contestada. Eu, em particular, prefiro utilizar-me da...

Poema

Imperatriz do Mearim

06/01/2014 17:31
E do outro lado de um rio, nasceu uma cidade Entre igarapés, ingás, piados d' Ararinhas enfim. Que seduzem poetas, em cantata de felicidade Inspirados, no desaguarío do Imperador Mearim. Do outro lado de um rio, contemplava-se aningais Expostos em portos, que deslizaram com a idade De um tempo, em...

Mearim

O rio da minha cidade

03/04/2014 17:33
O rio da minha cidade é... Mais formoso do que o Danúbio, Mais caudaloso do que o Volga, Mais cheiroso do que o Tietê, Meu rio, não é o Nilo, Mas é uma dádiva, Pode crer! O rio da minha cidade, É maior do que o Tâmisa, Mais belo do que o Sena, Porque é o rio que mata a minha a sede, Ah! O meu rio,...

Poesia

MEU "MAR" DE AMOR

03/04/2014 17:36
No vai e vem das suas águas barrentas Trás consigo o pão que alimenta. Fazendo a alegria de um povo, De atitudes insanas e ingratas, Indiferentes, que te destrói te mata! És o Nema, "Trabalhador incansável", Que labuta o ano inteiro Para saciar a fome Do homem desordeiro. Ponho-me a observar...

Homenagem à Mulher

... MULHER... MULHERES

03/04/2014 17:37
No que se compromete a fazer, és uma guerreira Quando diz: "eu te amo", és um suave veneno, Habilidosa, de atitudes ardorosas... Tem um sexto sentido, infalível, uma verdadeira magia; Com um turbilhão de beleza que irradia, simpatia Sabe o que quer e aonde quer chegar... Não é sexo frágil,...

Poesia

POESIA

03/04/2014 17:39
Sobre isso não tenho uma concepção, O que escrevo sai do coração, Porque não sou um telespectador, Não olho de longe, não. Procuro enxergar o que está próximo de mim Com sensibilidade, Talvez utopia, Sou um homem sonhador. Poesia, Para mim, tu és apenas uma terapia Que renova-me E leva para longe...

POESIA ARARIENSE

A ARARI QUE ESTÁ EM MIM

06/10/2014 17:16
Meu estro, fonte límpida, que purifica a minh’alma; Emoldurada pelos campos de ventos mansos; Que cintila uma luz divina que abranda e acalma; E convida-me a relaxar, em benévolos descansos. No mundo, és tu, própria, torrão santo, e singular; Mesmo fatigada por desatinos, és o fruto mais doce; Meu...

Arari

MEARIM

06/10/2014 17:18
Pela terra onde nasci passa um rio de fartura, que lava o meu chão transformando-o em formosura. Um rio de águas pardacentas onde a natureza ostenta beleza, encantamento e magia e traz o pão que me alimenta. Sinônimo de magnificência e vida, és o meu flúmen belo e formoso, Mearim: meu elo, minha...

ARARI

ARARI, DE SETEMBRO

06/10/2014 17:20
Setembro é agitado, Um mês diferenciado, De alegria e diversão, De festas e tradição. Nestas searas do Mearim O brilho é sem fim, O Arari é mais alegre, Um encanto, um querubim. Desfiles cívicos e temáticos, O povo sai às ruas, a espiar Vendo a pompa das escolas, Com os alunos a desfilar. O Festejo...